* Ana Barros e Olívia Machado
A tomada de decisão é sempre problemática, ainda mais quando falamos de lideranças que não podem vacilar. O mesmo vale para os profissionais do campo jurídico, onde a falta de liderança se faz presente. Isso acontece porque liderar, nos dias de hoje, é completamente diferente do conceito de alguns anos atrás.
A complexidade dos cenários atuais e a velocidade que as escolhas precisam ser realizadas transformou o perfil do líder. Por isso, muitos profissionais se sentem perdidos na hora de desempenhar a função. No passado não tão distante a liderança era feita com base em fortes hierarquias autoritárias para a condução das equipes. Atualmente, a defesa pela implementação de planos horizontais de hierarquia tem crescido cada vez mais.
O que temos agora, portanto, são gestores de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos necessitados de um apoio para melhor exercerem o papel de líder. Para a função o profissional precisa desenvolver habilidades específicas que o ajude a enfrentar os desafios das empresas modernas e não se prender a padrões antigos de apenas dar ordens.
Há etapas que contribuem para o líder avaliar sua situação, diante da tomada de decisões importantes. Entre elas estão: ter certeza sobre o que será objeto da escolha; reunir todos os fatos; definir os critérios de decisão; criar e explorar todas as opções; avaliar os riscos e benefícios de cada escolha; decidir e seguir em frente.
Outras formas bastante utilizadas para a tomada de decisões são através do uso de ferramentas como ‘Perdas & Ganhos’ e ‘Análise de SWOT’. Contudo, no emprego de qualquer uma delas é importante não se prender a preconceitos, falsas conclusões, visão limitada, entre outros aspectos superficiais que nos desviam do foco principal durante o processo dessas escolhas.
Um ponto importante que também precisa ser desmistificado é que só os finais e começos de ano são bons momentos para tomadas de decisões. Os problemas e as dificuldades não têm datas para aparecer. Podem acontecer em qualquer época do ano, por isso, é importante saber fazer boas escolhas. O final do ano ajuda nesta questão por ser um período em que as pessoas costumam fazer um balanço do que conseguiram ou não conseguiram concretizar.
Nesta época, é muito importante que o profissional faça um planejamento estratégico com relação ao ano seguinte, observando o que acredita ser importante, aonde quer chegar, quais metas quer atingir e o que não funcionou no ano que passou. A partir daí, poderá olhar com mais clareza sobre os pontos que são realmente importantes e necessários de serem analisados. E quais decisões terão impacto se tomadas para o ano que irá começar.
De modo geral, é benéfica a tomada de decisão conjunta, desde que seja possível, já que há decisões que não podem e não devem ser compartilhadas com a equipe. Entretanto, fora dessas situações é recomendável envolver todo mundo. Tal atitude não é sinal de indecisão e nem de falta de segurança por parte do líder. Muito pelo contrário, isso mostra maturidade na sua posição. Além do mais, abrir a possibilidade de uma decisão ser olhada sob diferentes perspectivas enriquece o momento da sua tomada e a torna mais consistente e clara para todos.
Como fazer escolhas?
Nós não somos ensinados a tomar decisões. Não há cursos ou instruções na faculdade que ensinam fundamentos para tal. Aprendemos isto ao longo da vida apenas pela observação e pela tentativa e erro.
Além disso, os nossos cérebros não são fisicamente capazes de analisar grandes quantidades de dados e muitas vezes, uma decisão envolve milhares deles. E é neste momento que entra o coach, um parceiro que não está envolvido na situação e que possui técnicas e ferramentas para contribuir com aquele que precisa tomar a decisão. Desta forma, o profissional poderá analisar melhor os prós e os contras dos cenários e fazer a sua escolha de uma forma mais tranquila e consciente, obtendo melhores resultados em toda e qualquer ocasião.
A exemplo disso, recentemente, fizemos um processo coaching com um jovem advogado, sócio de um escritório de advocacia de pequeno porte, que não sabia qual caminho seguir. Após três sessões, nas quais se analisou o problema, avaliou o contexto, pontos fortes e dificuldades do cliente, e usou a ferramenta ‘Perdas&Ganhos’, ele conseguiu escolher com clareza e segurança o caminho que considera ser o melhor para o seu crescimento profissional e de evolução na carreira.
* Ana Barros é coach pessoal e profissional e palestrante da Thelema Coaching para Advogados. Formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), tem especialização em Contratos e Direito do Consumidor pela PUC-SP e MBA em Direito Empresarial pela FGV-SP. www.thelemacoaching.com.br
* Olívia Machado é coach pessoal e profissional e palestrante da Thelema Coaching para Advogados. Mestre em Direito Internacional publicou em 2008 o livro “Homologação de Sentença Estrangeira”. Presta serviços de coaching para escritórios de Advocacia. www.thelemacoaching.com.br