A Televisão tem sido um dos inventos que mais tem provocado elogios; ao mesmo tempo em que desperta um grande número de críticas. São muitos os seus defensores; mas, cresce o número dos que a condenam por condicionar a mente dos seus telespectadores, notadamente dos mais novos.
Ela fez a sua estréia no mundo, quando o escocês John Logie Baird exibiu, publicamente, no vídeo, a imagem de um rosto humano. O cenário foi Londres e o ano, o de 1926. Daquela época até os nossos dias, a televisão tem passado por muitos aperfeiçoamentos e o seu desenvolvimento tecnológico é testemunhado por todos, assim como os seus subprodutos, como o videocassete, o videofone, o videotexto, o videogame e muitos outros. Com o advento dos satélites artificiais, nos anos sessenta, a retransmissão imediata de acontecimentos, em qualquer local do Mundo, tornou-se um fato rotineiro. Com a Internet, mais uma de suas “crias”,centuplicou a possibilidade de divulgar-se diversos outros modos de comunicação; e, o que é pior, mais negativa que positiva.
Em todo lugar do Planeta (e, mesmo em outros), as imagens de ocorrências nocivas ou construtivas são levadas, instantaneamente, a todos, desde as tribos indígenas do Xingu, aos habitantes das Megalópoles; atingindo as famílias mais abastadas, bem como, os miseráveis das favelas e os trancafiados nas prisões e penitenciárias do mundo inteiro. Tornamo-nos todos, neste século, telespectadores habituais de nossa própria conduta. A influência que o invento de Baird tem exercido nas pessoas, especialmente nas crianças e adolescentes, vem provocando polêmicas acirradas, desde o seu aparecimento, décadas atrás. Em seu aspecto tecnológico, trata-se de um objeto eletrônico fantástico, cujo impacto nos meios de comunicação não pode ter sido imaginado por seus idealizadores. A sua utilidade como veículo de som e imagens, extrapolou as perspectivas dos seus pioneiros mais otimistas; tornando-se,rapidamente, em poderoso instrumento de modificação da conduta humana e de condicionador implacável das mentes, influenciando os hábitos,costumes e cultura dos povos.
Não há qualquer área da vida que a TV não exerça a sua forte interferência. Não resta dúvida que a “telinha” transformou a vida dos seres humanos, incorporando-se ao cotidiano de todos nós. Nos países desenvolvidos existe um aparelho de TV em toda residência. Já em 1972, calculava-se que existiam no mundo, cerca de 270 milhões deles. Somente nos Estados Unidos, naquele mesmo ano, mais de 55 milhões de famílias possuíam televisão, sendo que em cada residência, alguém da família permanecia por 5 horas diárias defronte a TV, absorvendo a sua programação. Pesquisas americanas, ainda naquela época, mostraram que existiam 653 estações de TV, naquele país, transmitindo 24 horas por dia, as suas programações. Ficou evidenciado que um estudante ao concluir o curso secundário, gastou 15.000 horas diante do aparelho de TV e 10.000 horas dentro de uma sala de aula. Há 38 anos atrás (este trabalho foi produzido por CARLEIAL, em 1990 e publicado em Minas gerais neste mesmo ano), já se prenunciava o poder nocivo da Televisão nas mentes das pessoas, principalmente nas mais imaturas como as crianças,adolescentes,ignorantes e débeis mentais. Um adolescente médio americano consumia 625 dias assistindo TV e 417 dias estudando.
Assim, como muitos inventos, a televisão não é boa e nem é má; ela apenas reflete o nível e o perfil mental da sociedade que lhe é contemporânea. As pessoas que a programam são as responsáveis pela deturpação da sua finalidade original: cultura, entretenimento saudável e utilidade pública. Imensos interesses comerciais, egoísticos e narcisistas se escondem por trás da televisão. Comerciantes, publicitários, os “donos” das Emissoras e suas famílias usurpam essa “nossa” concessão pública. Atores, diretores, etc.; que a usam para seus fins, quase sempre estão divorciados da saúde e do bem-estar da população que lhes deu a permissão (ou, permissividade) para nos “entreter”, nos dar Cultura e ser-nos úteis. Para essas pessoas (todos os que fazem a Televisão), pouco importa os resultados do condicionamento que impõem à Sociedade. A Televisão, a faca, a energia nuclear, as drogas e tantos outros inventos e descobertas, foram idealizadas para fins positivos e úteis para a Humanidade. Entretanto, sabemos do que são capazes tais criações, nas mãos de indivíduos inescrupulosos e insanos. No Nordeste, por exemplo, a faca é tão utilizada na cozinha; como também é usada como arma, nos muitos assassinatos que ali ocorrem.
A energia nuclear tornou-se um pesadelo para todos (que a conhecem, é claro!), quando do seu uso bélico-destrutivo. E as drogas? Quem desconhece os seus efeitos terríveis na geração festiva, descontraída e irresponsável de nossos dias! A Televisão foi, realmente, um dos maiores inventos de todos os tempos; o mais rápido e perfeito veículo de comunicação, gerando a oportunidade de fornecer ao mundo o mais potente meio de confraternizar os Povos do Mundo. Infelizmente, tornou-se uma catástrofe, com a sua ação condicionante negativa, no mesmo século que a viu nascer. As suas maiores vítimas, como já frisamos tantas vezes, são as crianças e adolescentes que, ainda, não têm a capacidade psicobiológica para analisar e discernir as mensagens desestruturantes projetadas nas suas mentes imaturas.
Ela trouxe para a intimidade dos nossos lares a escória do comportamento do homem; o submundo da torpeza humana; o lixo de uma sociedade decadente que está concretizando passo-a-passo, as previsões bíblicas de que irmãos se voltariam contra irmãos…. Etc.; e notem, que este trabalho foi feito e divulgado há mais de 20 anos atrás! Quase sempre a programação televisionada está impregnada de sexo vulgar, horror, violência, prostituição, traições conjugais e de toda ordem de crimes e pecados. A qualquer momento que se liga a TV, ela está nos oferecendo os seus múltipços ensinamentos de crime, corrupção e de erotismo compulsivo. Basta que se ligue o aparelho de TV ( e qualquer criança pode fazer isso), para que se tenha dentro de casa o mais aperfeiçoado método; os mais avançados métodos pedagógicos de desestruturação, alienação e perversão da personalidade.
Como terapeuta, costumamos perguntar às famílias que nos procuram, sobre ouso da televisão em suas casas. Quase sempre respondem que a TV fica ligada por grande parte do dia e que seus filhos são dependentes ( e os próprios pais)das novelas, filmes e programas “infantis”. As novelas merecem até um estudo à parte, por seu alto poder de condicionamento mental, físico e moral das Sociedades. Em qualquer lugar onde se instalar um canal de televisão, logo os costumes desse lugar serão deteriorados pelos maus exemplos por ela propagados. Desonestidade, imoralidade, amoralidade, perversão, prostituição, desvios sexuais e até a alimentação das pessoas será deturpada pelas maciças propagandas dos comerciantes e fabricantes de enlatados, engarrafados e de todos produtos nocivos à saúde, contaminados por agrotóxicos e conservantes de toda espécie. Enfim, tudo que é natural, torna-se artificial, superficial e deletério à vida das pessoas e do meio ambiente.
Muitos programas televisivos são fartos em cenas de violência, sexo vulgar, vadiagem, corrupção, drogas e desvios sexuais. Tudo isso, acondicionado em um enredo medíocre que é projetado de forma condicionante aos telespectadores de toda idade. As pessoas mentalmente evoluídas não conseguem digerir a maior parte dos programas que a televisão nos mostra. Embora não se possa afirmar quer não existem programas de grande utilidade social! É claro que ainda se vê bons programas; todavia, isso não é a tônica da televisão. Em recente pesquisa na França (lembrar que este Artigo foi escrito em 1999), sobre os programas de televisão, o resultado foi considerado alarmante, pelas autoridades daquele País (que sempre foi considerado muito “liberal”).
Verificaram-nos que no espaço de uma semana foram anotados 670 assassinatos, 848 agressões físicas, 15 estupros, 419 tiroteios, 11 assaltos, 32 tomadas de reféns, 27 cenas de tortura, 18 pessoas se drogando, 8 suicídios e muitas outras cenas de sexo e de violência, consideradas “leves”. Tudo isso, apenas em uma semana, num país sério, amadurecido e competente. E no nosso País, onde impera a imaturidade, a ignorância, a corrupção, a ausência de um histórico cultural e a falta de seriedade? Antes, quando havia censura, a orgia carnavalesca no vídeo era um fato corriqueiro. Imagine-se agora com o “liberô” total! Já estamos vendo nas novelas das sete, cenas de promiscuidade e desvios sexuais; não tardarão a focalizar pais, filhos e irmãos na intimidade incestuosa. Aí, o incesto, como qualquer desvio sexual, de tanto ser visto, será considerado normal e aceito por todos. Em seguida, os legisladores, juristas e aplicadores do Direito, também condicionados pela televisão, tratarão de expurgar todos esses crimes da nossa ordem jurídica. É através da repetição de palavras e cenas que se condicionam aos comportamentos positivos ou negativos.
Esse é o método mais utilizado pelos publicitários, comerciantes e patrocinadores dos programas televisionados. Lá na França, o resultado daquela pesquisa acarretou enérgicos protestos de representantes da sociedade e a cólera do governo, exigindo mudanças nas programações da televisão francesa. Isso, em 1998, porque agora, em 2010, nem o Governo e nem a população de lá (assim como os daqui), devem estar mais protestando ou se indignando com coisa alguma; pois, também já foram todos condicionados pelos exemplos permissivos das suas emissoras de TV.
De vez em quando surgem os seus defensores, argumentando que a televisão é inofensiva e, até, faz muito bem à saúde e a moral dos povos. Dizem eles que ela mostra, apenas, a nossa realidade. Dizem eles, ainda, que a violência e a amoralidade mostradas representam, tão somente, o que já existe no nosso cotidiano; que a “maldade” está é na cabeça das pessoas (como na minha que os condeno) e outras desculpas mais esfarrapadas. Tais afirmativas são tanto quanto acanhadas em sua retórica, como por seus conteúdos ingênuos e marotos. Todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que a violência e a iniqüidade tornaram-se comuns no relacionamento do homem com o seu semelhante.
Todavia, não é por isso que devemos incutir, precocemente, nas mentes infantis, a discórdia e a torpeza, através das cenas repugnantes de violência, corrupção e de erotismo vulgar e degradante, principalmente da mulher. Afirmar-se que as crianças devem tomar conhecimento da perversidade e promiscuidade do homem, a fim de acostumarem-se cedo a tais irracionalidades e bestialidades; demonstra uma perigosa irresponsabilidade social. O Ser Humano, assim como todos os seres vivos, nasce com uma dose natural de agressividade; a fim de preservar a Espécie. O homem, assim como os demais mamíferos, possui circuitos neuronais que encerram a capacidade de agredir e de praticar o sexo, especificamente para a defesa e procriação, respectivamente. A violência e o erotismo desvairados são formas anormais e exageradas desses mecanismos naturais, provocados pelo bombardeio de estímulos perversos e doentios que incidem sobre o seu cérebro, através dos órgãos dos sentidos.
Aquelas estruturas cerebrais se ativam desde cedo e, precocemente, provocam nas pessoas, principalmente entre os imaturos, a compulsão ao crime, à violência e à promiscuidade sexual. Não é só por coincidência que o número de gravidez entre menores de 17 anos, vem aumentando consideravelmente, em nosso País e em todo o mundo. Em um Seminário sobre o adolescente, o médico e pesquisador João Tavares Leite Reis, declarou que 70% das jovens iniciam suas vidas sexuais na faixa etária de 16 a 17 anos e os rapazes, nessa mesma idade. Sabemos que é nesse período que a alienação e a irresponsabilidade pessoal, familiar e social, são mais comuns entre eles (isto em 1990; agora, em 2010, essa irresponsabilidade é mil vezes maior).
Neles, a alienação é patente nos estudos, no trabalho e no saber cultural. Na pratica, poucos estão preocupados com a Nação ou com quem quer que seja; a não ser com eles mesmos. O pior, é que agora, nem os adultos e velhos se encantam mais com “Pátria” e “Nação”; tal é o desengano e desencanto causado pelos péssimos exemplos dos governantes,políticos e autoridades reinantes! A turma “jovem” (entre aspas, porque considero jovem aquele que eleva o conceito de dignidade humana; tal como fez os jovens Madre Tereza de Calcutá; João Paulo II, Irmã Dulce, Martin Luter King, Ghandi, Rui Barbosa,Caxias,Tamandaré e muitos outros jovens que souberam honrar e dignificar a espécie dos Humanos); a turma “jovem”, repetindo, em sua maioria, quer mesmo é diversão desastrada, carros, motos, sexo promíscuo, bebidas, drogas, ociosidade e irresponsabilidade pessoal e social. Um fato que passa despercebido pela maioria das pessoas, é a idade precoce dos marginais de toda espécie, como os assaltantes, criminosos, seqüestradores e outros, que aparecem nos noticiários jornalísticos, cada vez mais novos em idade e atacando-nos com requintes de perversidade. O curioso é que os bandidos mais idosos são menos sanguinários e mais benevolentes com as suas vítimas (devemos até torcer para, quando formos atacados, sejamos pelo menos, por bandidos mais velhos!).
A televisão, como escola de graduação do crime e da desestruturação social, é bastante convincente e promissora. Com muita propriedade a Logosofia conhece os estímulos negativos que ela impõe sobre as crianças e adolescentes. Através do seu mestre e criador, o notável humanista argentino Gonzalez Pecotche, o pensamento logosófico é enfático quanto à “tremenda avalancha de estímulos negativos da hora presente, que arrasta consigo os germens da decomposição moral e espiritual, que propaga a corrupção dos costumes e o desprezo pela dignidade humana”. É claro que tal avalancha desagregadora se origina da televisão, sem nos esquecermos da contribuição nociva do Cinema, do teatro,, da Literatura chula e de baixo nível que atulham as casas de projeção, os palcos, as vidiotecas, as livrarias, etc. Quem também analisa , também, o assunto com preocupação e clareza é o Professor e escritor mineiro, João Luiz de Freitas que em seu livro “Despertar de um Senso Crítico”(Ed. Lutador,1988), focaliza com profundidade os conflitos originados da televisão,relacionados com a educação,sexualidade e personalidade das pessoas mais novas.
Inúmeros são os exemplos de desagregação individual e social, provocados pela programação nociva da televisão e do cinema. Há tempos, numa pequena cidade da Alemanha, passou um seriado na TV, em que um adolescente psicopata violou e matou algumas meninas de sua idade. Na semana seguinte à exposição da referida Série televisiva, três mocinhas foram estupradas e estranguladas por um maníaco de 16 anos. Após a sua captura, confessou que praticou os crimes estimulado e seguindo o modelo do psicopata do filme. Nos Estados Unidos, há poucos anos, outro “vidiota” (termo usado por João Luiz de Freitas para designar o telespectador idiota) de 13 anos, arrebentou a cabeças de próprio pai com um tiro de escopeta porque este desligara o aparelho de TV, quando o filho assistia a um filme de violência. Exemplos como estes, de estimulação cerebral negativa veiculada pela TV e suas congêneres, são cada vez mais freqüentes e conhecidas.
Em 1973 (atentem que foi há 37 anos!), tribunais ingleses julgaram crimes semelhantes, induzidos pela programação televisiva. Três deles se sobressaíram nos noticiários da época pela violência e idade dos criminosos. Um indivíduo de 15 anos fabricou uma bomba (que aprendeu a fazer em um filme) e a atirou nos professores que o haviam reprovado na escola. Outro menino de 6 anos se atirou pela janela de um prédio, com uma capa amarrada nas costas, após ver na televisão o “Super-Homem” cruzar, livremente, os céus de “Metrópoles”. Um terceiro “vidiota” colocou vidro moído na refeição dos seus familiares, alegando depois, que queria ver se acontecia o mesmo que viu em um filme que vira na TV. Estes fatos não são isolados! As conseqüências negativas e funestas decorrentes do impacto e influência da televisão no comportamento individual e social; são, verdadeiramente, catastróficas.
Muitas vezes visitamos alguém, e lá, encontramos a família “hipnotizada” pelas novelas; esses dramalhões repletos de violência, perversão sexual, drogas, adultério, vadiagem, futilidades e tantos outros fatores de deformação do caráter. A violência e o erotismo têm sido as mais desastrosas conseqüências da televisão e do cinema. O comportamento agressivo anti-social tem atingido níveis alarmantes no mundo inteiro (note que estamos no ano de 1999!) e a violência tornou-se a marca registrada do nosso tempo. O número de abortos no Brasil (estimativa de 1999), segundo se tem noticiado é de mais de 5.000.000; sendo que a metade deles é praticada por adolescentes jovens, que pouco ou nada sabem sobre a sua própria sexualidade. Conforme alertavam alguns especialistas em 1999, calcula-se que 4 mulheres morrem diariamente, em decorrência desse volumoso índice abortivo. Mesmo que se saiam bem, fisicamente, do aborto, um grande número delas padece e padecerá de enorme sentimento de culpa que lhes acompanhará pelo resto de suas vidas, pela conscientização da destruição de seu filho indefeso, fruto de um prazer momentâneo e fugaz. Quantas vezes atendemos pacientes dessa natureza, deprimidas e com desejos de autodestruição!
Quando uma criança se acostuma com o linguajar, trajes e trejeitos eróticos de apresentadores de programas “infantis”, ela certamente irá imitá-los. O próprio modo de vestir-se e comportar-se dos pequenos telespectadores se assemelham aos padrões modeladores desses apresentadores. O pior é sabermos que a trajetória “artística” de alguns desses atores e atrizes de televisão e cinema, inclui passagens por filmes e revistas pornográficos (chamados por eles de “eróticos” e nus “artísticos”), ocasião em mostram o íntimo de seus corpos, sem qualquer pudor ou vergonha. Nas bancas de jornais, suas imagens e fotos são mostradas e expostas para o mundo inteiro e vendidas para quem oferecer as “trintas moedas”. Muitos pais irresponsáveis e levianos levam para casa tais revistas, dando oportunidade para seus filhos menores verem seus modelos vistos na TV, ali bem perto deles, ”possuídos” e manuseados por eles, incutindo-lhes na prática, os prazeres precoces de um corpo e de uma mente imaturas.
Uma coisa é certa; sem sombra de dúvida; essas crianças irão, também, exibirem seus corpos, desnudados e com a permissão dos seus pais, também condicionados e entorpecidos pelas mensagens liminares ou subliminares da TV. Elas irão querer sentir os prazeres da estimulação erótica, precocemente estimuladas pelos exemplos desses modelos negativos de conduta. Basta se observar os trajes, a linguagem, a postura lasciva, erótica e provocante da grande maioria de meninas, que mal saíram da puberdade. Tal conduta é vista, facilmente, em frente aos colégios, festinhas, cursinhos, barzinhos e outros locais barulhentos e cervejizados. Temos visto, há bastante tempo e vezes, nas imediações de muitos colégios, meninas seminuas, trocando carícias, publicamente, em intimidade erótica com rapazolas que mal saíram das fraldas; algumas vezes em pleno horário das aulas. Sem falarmos nas conseqüências da fuga do estudo que tais prazeres precoces invocam, temos o aumento alarmante do número de abortos (já comentado acima) e de transmissão das doenças sexuais que ameaçam a todos.
Tem também outro ponto muito nocivo na TV: é o costume de apresentarem filmes feitos originalmente para o Cinema, onde a sua apresentação se dá em ambiente fechado, para uma platéia que escolheu assisti-los. Ocorre que tais filmes são apresentados pela TV, ao alcance de todos, sem qualquer impedimento para as crianças, expondo a elas cenas que agridem a religiosidade, a moral e os bons costumes. Aliás, a religião tem sido alvo dos interesses mercenários e políticos do Cinema e de muitos meios de comunicação. Eles minam o espírito da Fé Cristã, justamente porque ela sempre foi o freio da licenciosidade, do pecado e do crime (Crime é o “pecado” do homem contra o homem; Pecado é o crime do homem contra Deus). Torna-se difícil avaliar-se as conseqüências patológicas da TV sobre as mentes, quando não se conhece todos os mecanismos neuropsicológicos e tampouco, quando não se tem contato com as vítimas desse processo de decadência, patrocinado pela TV e seus subprodutos (vídeos,Internet e outros).Os psicoterapeutas mais responsáveis, que estudam com profundidade o cérebro e a mente, bem como os que atendem, diariamente, pessoas mentalmente prejudicadas pelas aberrações televisionadas, sabem muito bem porque se deve condenar, com veemência muitos programas, filmes e publicidades veiculados pela televisão. Temos vistos alguns debates e ouvido opiniões sobre este assunto na Imprensa e na TV, quando muitas pessoas defendem com entusiasmo qualquer tipo de programação das emissoras.
Afirmam essas pessoas que não vêem nenhuma inconveniência ou interferência negativa no desenvolvimento emocional e na personalidade dos telespectadores; mesmo em infanto-juvenis! Outros desses defensores, com candura e ingenuidade angelicais, afirmam que “não tem nada a ver” que criancinhas assistam as cenas de nudismo,erotismo e violência que lhes são, habitualmente, apresentadas no vídeo. Resta tecer alguns comentários e análise sobre essas pessoas tão “liberais” para com os nossos filhos. Quase sempre esse polêmico e grave problema é discutido e manipulado entre aqueles que dependem da Televisão para os seus sustentos ou dela necessitam para a sua autopromoção, como os donos de Emissoras de TV e Rádio, diretores e funcionários delas; bem como os apresentadores de programas, autores de novelas, artistas, comerciantes, publicitários, fabricantes de aparelhos de TV; enfim, todos aqueles que estão ligados e dependem dos meios condicionadores de hábitos e costumes.
De modo geral, tais pessoas não têm competência para opinarem sobre patologias mentais ( e, quando têm, são vítimas omissas do poder da Mídia ou interessados em promover suas auto-imagens). Assim sendo, é natural que defendam e se identifiquem com a TV e seus associados. É o mesmo que promover-se um amplo debate sobre a utilidade da fabricação de armas e convidando para a discussão os representantes da indústria bélica e os usuários de armas. Ultimamente (em, 1990), as emissoras descobriram um filão de ouro, que são os programas intitulados de “infantis”.
Eles superlotam os horários das crianças, aproveitando-se da facilidade em condicionar as suas frágeis mentes, a fim de vender os mais variados produtos de alimentos artificiais, até os mais falsos artifícios da Moda. Deterioram a alimentação das crianças e afetam a qualidade de vida delas e de toda a família. Discos, fitas, brinquedos; quase sempre simbolizando violência alienígena; revistinhas, hábitos nocivos importados de países moralmente decadentes, etc. Toda essa quinquilharia inútil e nociva é vendida na esteira do sucesso de tais programas infanto-comerciais, cujos apresentadores não raro, foram, são ou vão ser modelos eróticos de revistas que vão deleitar os irresponsáveis pais dessas crianças que serão precocemente erotizadas por esses modelos de permissividade. Será muito promissora a safra de “ninfetas” que futuramente estarão se prostituíndo e se exibindo nuas, nessas Revistas, Jornais, Vídeos, Filmes e em tantos outros veículos de prostituição e promiscuidade. E os Pais, continuarão a chorar por seus filhos!!!
Muitos outros ainda defendem a TV, por desconhecerem os efeitos, no cérebro, produzidos pela estimulação negativa que recai sobre as pessoas, cujas personalidades encontram-se em formação e,naquelas, que a tem deteriorada. De todos os defensores da Televisão, o que mais surpreende são as opiniões de certos profissionais da área da saúde mental e da educação. Eles deveriam conhecer a trajetória dos estímulos veiculados pelo Vídeo, no cérebro do telespectador. Deveriam conhecer as conseqüências negativas provocadas pelas cenas de violência e erotismo no sistema límbico e hipotálamo-hipofisário, para a produção da mente (mentalidade) infantil. Deveriam saber sobre os famosos experimentos de Albert Bandura e colaboradores, na Universidade de Stanford. Bandura expôs uma turma de crianças do pré-escolar à cenas de agressividade no vídeo, por 30 minutos; ao mesmo tempo que mostrava a outro grupo de crianças, da mesma idade, cenas neutras, sem agressividade.
Após as exposições dos filmes, as crianças que haviam visto as imagens de cenas agressivas, apresentaram comportamentos agressivos e violentos. As outras crianças que tinham visto o filme neutro e sem cenas de agressão; não apresentaram nenhum sinal de agressividade, após o experimento. Albert Bandura tornou-se conhecido no meio acadêmico e educacional, por essa clara e científica demonstração de que grande parte do que uma criança aprende é resultado da observação e imitação do comportamento de outros, de quem toma por modelo, de forma inconsciente. Posteriormente, outros pesquisadores validaram os resultados de Bandura, em demais experimentos similares. Tenho duas explicações para as afirmativas tão ingênuas (e permissivas) que a programação televisiva “não tem nada a ver” com a formação da personalidade: tais pessoas nada sabem de Biologia cerebral (o que é inconcebível na formação do Psicoterapeuta; já que o cérebro é o substrato material da conduta animal) ou elas buscam a autopromoção, desempenhando o papel de “bonzinhos”, ”legais”, ”liberais” e de “não-caretas”, para uma imensa platéia de imaturos e permissivos que esperam ouvir isso mesmo delas.
Seria bom para toda a Sociedade que esses “especialistas liberais” revejam os seus estudos de Neuro e Psicobiologia, a fim de recordarem os ensinamentos ministrados nos seus cursos, sobre a estimulação neuro-sensoriais. As primeiras experiências sensoriais na infância são tão importantes e marcantes que tais impressões são as últimas a sobreviverem quando o cérebro se deteriora na senilidade, nos traumatismos físicos, mentais e quando ocorre a morte. São elas, também, as primeiras a voltarem à recordação, após períodos de amnésia. Comprovam-se, assim, quão fortes e persistentes são as imagens e impressões vivenciadas, presenciadas e gravadas na infância. Finalmente, desejamos alertar os Pais e todos aqueles envolvidos na educação e formação da personalidade humana, sobre os graves problemas psicossomáticos, sociais e econômicos que irão enfrentar, cedo ou tarde, caso continuem permitindo que os seus filhos e educandos continuem se desestruturando com os péssimos exemplos mostrados pela Televisão, Filmes, Vídeos, Revistas, Internet (esta, a pior de todos) e outros veículos que veicularem e divulgarem cenas e ensinamentos desestruturadores da personalidade.
Os pais, educadores, governantes, autoridades e políticos, não devem se deixar levar pelas opiniões de quem não tem competência para discutirem, seriamente, tão grave problema; ou de comerciantes, empresários, industriais e funcionários da Mídia ou que dela dependem para venderem seus produtos ou imagens. Melhor seria que os aparelhos de televisão fossem desligados na maioria de seus programas, dando lugar a um intercâmbio mais salutar entre os membros da Família. Melhor seria que esses meios de comunicação estimulassem os bons costumes, como a honestidade, a moral, a dignidade, o amor entre as pessoas; divulgando novelas e programas educativos com os bons exemplos dos Homens que dignificaram a nossa Espécie, como os heróis, mártires e benfeitores da humanidade; ao invés de exemplificarem e imporem os péssimos exemplos do lixo do comportamento humano que diariamente vemos e que nos faz vítimas indefesas , desses produtores, em massa, de imaturos que martirizam e destroem.
Finalmente, compare o que aqui foi dito e publicado há mais de duas décadas, com o que hoje vivenciamos ! Imagine como será o comportamento da maioria das pessoas, nas próximas décadas, com o acesso ilimitado de todos às mensagens,imagens e modelos expostos na Internet ! Procure, em qualquer Site de “procura”, o que quiser saber sobre: como se prostituir, como se deve matar, como se deve roubar, como se deve corromper,etc. etc.! Neles, encontrará toda espécie de ensinamentos, desde os mais úteis à Sociedade; até os mais aprimorados instrumentos pedagógicos para a prática da promiscuidade física e mental. Pais e Educadores! Querem continuar sofrendo, chorando e se empobrecendo com as mazelas e pragas que os seus filhos estão provocando em si mesmos e nos filhos dos outros pais e na sociedade; continuem a deixá-los expostos ao condicionamento perverso e nocivo dos meios de comunicação; não supervisionando a conduta das suas crianças, não lhes dando bons exemplos de decência, honestidade e cidadania; bem como, permitindo que eles façam o que quiserem, com receios de lhes causarem “traumas”!
* Bernardino Mendonça Carleial, Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais; Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá; Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.
Este Texto foi escrito e divulgado em Jornais do Estado de Minas Gerais, principalmente pelo “O Estado de Minas”, no Editorial da Jornalista e editora Anna Marina Siqueira, em agosto de 1990. Também foi divulgado em livro, Anais e citações diversas, inclusive no Exterior.