PINTEC
2008: Proporção de empresas industriais inovadoras sobe de 31,5% para 38,1% em
oito anos
A
taxa de inovação da indústria, dos serviços selecionados (edição,
telecomunicações e informática) e do setor de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) cresceu de 34,4% no período 2003-2005 para 38,6% entre 2006 e 2008,
segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) 2008. Foram investigadas,
ao todo, 106,8 mil empresas, das quais cerca de 41,3 mil implementaram produto
e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado entre 2006 e 2008. Isso
significa que, das 100,5 mil empresas industriais, 38,1% foram inovadoras,
percentual inferior ao observado no setor de P&D, cuja taxa de inovação foi
de 97,5%, e nos serviços selecionados, 46,2%. Esta é a maior taxa de inovação
do setor industrial desde que a pesquisa começou a ser realizada em 2000,
quando o percentual foi de 31,5%, subindo para 33,3% em 2003 e 33,4% em 2005.
A
parcela do faturamento das empresas gasto em atividades inovativas mostrou
estabilidade em relação à pesquisa anterior, passando de 3,0% em 2005 para 2,9%
em 2008. Na indústria, este percentual foi de 2,5%, abaixo dos serviços
selecionados (4,2%) e de P&D (71,1%).
O
destaque, entre 2006 e 2008, ficou por conta do uso da internet como fonte do
processo inovativo. Nos serviços selecionados, ela foi utilizada por 78,7% das
empresas, caracterizando-se como importante propulsor da inovação. No setor
industrial, o percentual foi menor (68,8%), porém é a primeira vez em todas as
edições da pesquisa que essa fonte é apontada como a mais relevante.
Houve,
ainda, crescimento do percentual de empresas inovadoras que utilizaram ao menos
um instrumento de apoio governamental, passando de 18,8% entre 2003 e 2005 para
22,3% no período 2006-2008. Isso equivale a um total de 9,2 mil empresas, das
quais 8,7 mil eram industriais.
A
PINTEC 2008 fornece dados para a construção de indicadores das atividades de
inovação tecnológica das empresas brasileiras, adotando a nova Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), o que limita a comparação com
dados anteriores a 2008. A primeira pesquisa foi realizada em 2000. A edição
2008 ampliou o conceito de inovação, ao incorporar o levantamento de novidades
organizacionais e de marketing ao âmbito da pesquisa.
Tabela
1 – Taxa de Inovação nas empresas industriais brasileiras
Indústria
automobilística tem taxa de inovação superior a 80%
As
empresas industriais com maior contingente de pessoal ocupado têm taxas de inovações
superiores: naquelas com 500 ou mais empregados, 71,9% inovaram em produto ou
processo (frente a uma média de 38,1%), sendo que 26,9% direcionaram produtos
novos ou aperfeiçoados para o mercado nacional e 18,1% implementaram processo
inovador para o seu setor no Brasil. Nas empresas de serviços selecionados de
grande porte, 67,2% foram inovadoras (frente a uma média de 46,2%), 24,3%
voltaram suas inovações para o mercado brasileiro e 22,5% inovaram em processo.
Nas empresas de P&D, as taxas de inovação são altas em todos os portes, uma
vez que promover inovações é sua principal função.
Em
4,1% das empresas industriais, foram lançados produtos novos ou
substancialmente aprimorados para o mercado nacional, enquanto nos serviços
selecionados, esse percentual foi de 9,1%, resultados inferiores aos do setor
de P&D: 72,5%. Em relação aos processos novos ou substancialmente
aprimorados para o setor, no Brasil, as taxas são menores: 2,3% na indústria,
2,8% nos serviços selecionados e 60% em P&D.
As
oito atividades que apresentaram maiores taxas de inovação foram de alta e
média-alta intensidade tecnológica, segundo classificação elaborada pela
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), adaptada
pelo Eurostat para a CNAE 2.0: automóveis, camionetas, utilitários, caminhões e
ônibus (83,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (63,7%), outros produtos
eletrônicos e ópticos (63,5%), produtos químicos (58,1%), equipamentos de
comunicação (54,6%), equipamentos de informática e periféricos (53,8%),
máquinas e equipamentos (51,0%) e componentes eletrônicos (49,0%). Abaixo da
média da indústria, encontra-se apenas um setor de média-alta intensidade:
outros equipamentos de transporte – 36,1%. Os demais setores são de menor
conteúdo tecnológico, despontando com taxas mais baixas as indústrias
extrativas (23,7%) e os produtos de madeira (23,6%).
As
taxas de inovação alcançadas pelos serviços entre 2006 e 2008 estão entre as
mais elevadas: desenvolvimento e licenciamento de programas de computador
(58,2%), telecomunicações (46,6%), outros serviços de tecnologia da informação
(46,1%), edição e gravação e edição de música (40,3%) e tratamento de dados,
hospedagem na internet e outras atividades relacionadas (40,3%).
Percentual
do faturamento da indústria investido em P&D sobe de 0,57% para 0,62%
A
aquisição de máquinas e equipamentos apareceu, em 2008, como a atividade mais
relevante tanto para a indústria (78,1%) quanto para os serviços selecionados
(72,3%), seguida, na primeira, por duas atividades complementares à compra de
bens de capital: treinamento (59,4%) e projeto industrial (37,0%). Nos serviços
selecionados foram o treinamento (66,6%) e a aquisição de software (54,8%).
Em
2008, enquanto a indústria investiu 2,5% do seu faturamento no total das
atividades inovativas, as empresas de serviço selecionados gastaram 4,2% e as
de P&D, 71,1% do total de recursos efetivamente disponíveis. Entre os dez
setores que se destacam com as maiores proporções de gasto em atividades
inovativas sobre faturamento, três compõem os serviços selecionados: tratamento
de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas (6,5%),
telecomunicações (4,6%), desenvolvimento e licenciamento de programas de
computador (3,8%).
Já
as atividades industriais que se destacaram foram fabricação de outros equipamentos
de transporte (5,1%), fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(4,9%), impressão e reprodução de gravações (4,4%), fabricação de automóveis,
camionetas e utilitários, caminhões e ônibus (4,2%), fabricação de produtos
diversos (4,1%), fabricação de equipamentos de comunicação (3,8%), e fabricação
de outros produtos eletrônicos e ópticos (3,6%).
O
setor industrial investiu 0,62% de seu faturamento em P&D, 0,5 ponto
percentual a mais que em 2005 (0,57%), mesmo não contemplando mais as atividades
de reciclagem e edição. Entretanto, o gasto total dos setores industrial, de
serviços selecionados e de P&D manteve-se estável em 0,8%.
72,5%
das empresas investiram em pesquisa e desenvolvimento contínua
Entre
2006 e 2008, 4,8 mil empresas inovadoras investiram em atividades internas de
P&D, distribuídos da seguinte forma: 70,3% na indústria, 19,1% no setor de
P&D e 10,5% nos serviços selecionados. A maioria delas (72,5%) o fez de
forma contínua, o que significa que 3,4 mil empresas foram responsáveis por
97,5% dos gastos. Os serviços selecionados tiveram percentual superior ao da
indústria no que se refere à participação de empresas com atividades contínuas
de P&D: 86,4%, responsáveis por 98,0% dos gastos, contra 70,7% das empresas
industriais, representando 96,8% do dispêndio.
No
tocante aos recursos humanos envolvidos com as atividades internas de P&D,
havia aproximadamente 73,3 mil pessoas ocupadas nesta área, sendo 48,1 mil nas
empresas industriais, 18,2 mil nas de P&D e 7 mil nos serviços selecionados.
Na análise por nível de qualificação, pouco mais de 60,0% das pessoas que
trabalhavam com as atividades de P&D possuíam nível superior, 47,8% eram
graduadas e 14,0% tinham pós-graduação.
Internet
é decisiva no processo de inovação
Na
indústria, as cinco principais fontes de informação utilizadas para realizar o
processo de inovação foram internet (68,8%), clientes (68,2%), fornecedores
(65,7%), áreas internas à empresa (61,5%) e feiras e exposições (55,6%). Nos
serviços selecionados, as fontes de informação mais expressivas foram
semelhantes às da indústria: a internet foi utilizada por 78,7% das empresas,
aquelas obtidas junto às áreas internas da empresa, por 73,5%, os clientes por
69,3% e os fornecedores por 55,0%.
O
setor de P&D teve resultado diferente dos demais. Todas as empresas usaram
de forma relevante as idéias provenientes do seu próprio departamento de
P&D. Em seguida, aparecem com importância alta ou média: conferências,
encontros e publicações especializadas (92,3%), universidades ou outros centros
de ensino superior (87,2%) e redes de informação informatizadas (84,6%).
Do
total de 41,3 mil empresas inovadoras, 10,4% estabeleceram algum tipo de
prática cooperativa com outras organizações para inovar em produto e/ou
processo entre 2006 e 2008, o que indica crescimento em relação à PINTEC 2005,
quando o percentual foi de 8,5%.
Quanto
maior a empresa, maior o percentual de atividades de cooperação. Nas
indústrias, 10,1% das inovadoras estabeleceram atividades de cooperação, mas,
considerando aquelas com 500 ou mais pessoas ocupadas, esse percentual é
superior, 35,3%. O mesmo ocorreu nos serviços selecionados, 13,1% das
inovadoras realizaram atividades de cooperação e esse percentual cresceu com o
tamanho das empresas, atingindo 33,8% das com 500 ou mais pessoas ocupadas. Nas
empresas de P&D, o cenário é diferenciado, com a quase totalidade
estabelecendo arranjos cooperativos (92,3%).
Comparando
o percentual de empresas inovadoras que utilizaram ao menos um instrumento de
apoio governamental entre 2003 e 2005 com o resultado observado no período
2006-2008, houve aumento de 18,8% para 22,3%. Cerca de 9,2 mil empresas
utilizaram algum incentivo público federal para inovar. Entre as empresas
industriais inovadoras, 22,8% (8,7 mil empresas) obtiveram ao menos um
benefício do governo para desenvolver suas inovações de produto e/ou processo
entre 2006 e 2008. Esta proporção cresce com o tamanho da empresa: é de 22,2%
das que ocupam entre 10 e 99 pessoas, 23,7% daquelas que possuem entre 100 e
499 pessoas ocupadas e atinge 36,8% nas empresas com 500 ou mais pessoas
ocupadas, portanto as grandes empresas foram relativamente mais beneficiadas
nos programas governamentais.
Nas
empresas de serviços selecionados, 15,3% das inovadoras usaram algum mecanismo
de apoio do governo, percentual abaixo do observado na indústria, e quase a
totalidade das empresas de P&D recebeu algum tipo de apoio governamental
entre 2006 e 2008 (37 das 39 inovadoras).
Falta
de pessoal qualificado é destacado como importante obstáculo à inovação
A
pesquisa mostra que o percentual de empresas inovadoras com problemas ou
obstáculos à inovação aumentou de 35,2% na Pintec 2005 para 49,8%. Essa
proporção foi estruturada da seguinte forma: 49% das industriais, 54% das dos
serviços selecionados e 79% das de P&D.
Na
indústria, aparece em primeiro lugar os elevados custos da inovação (73,2%),
seguido pelos riscos econômicos excessivos (65,9%), falta de pessoal
qualificado (57,8%) e escassez de fontes de financiamento (51,6%). Se tais
dados forem comparados com a tendência observada nesse setor na PINTEC 2005,
observa-se mudança devido ao aumento relativo em importância da falta de
pessoal qualificado em contraposição à queda na relevância da escassez de
fontes de financiamento como obstáculos à inovação.
Nas
empresas de P&D sobressaem os elevados custos da inovação (73,3%) e a
escassez de fontes de financiamento (70,0%). Nos serviços selecionados, o
principal problema foi a falta de pessoal qualificado (70,4%), seguido pelos
problemas de ordem econômica: os elevados custos da inovação (72,1%), os riscos
econômicos excessivos (62,6%) e a escassez de fontes de financiamento (48,7%).
No
período 2006-2008, 62,9 mil empresas não realizaram inovação de produto e/ou
processo nem desenvolveram projetos, o que representa 58,8% do total de
empresas pesquisadas nos setores industrial, dos serviços selecionados e de
P&D. Houve queda, se comparada à pesquisa anterior, quando 63,3% das
empresas desse universo não eram inovadoras.
No
período 2006-2008, 55,8% das empresas que não inovaram apontaram as condições
de mercado como principal entrave. Entre 2003 e 2005, quase 70% das empresas
tinham apontado este como problema principal. Comparando com 2003-2005, tiveram
aumento na importância o fato de as empresas já terem realizado inovações
prévias (de 11,4% para 15,8%) e outros fatores impeditivos (de 18,9% para
28,4%).
Inovações
não-tecnológicas integram a PINTEC a partir de 2008
A
partir da PINTEC 2008, a inovação é analisada segundo um conceito mais amplo,
que incorpora inovações não-tecnológicas: a implementação de novidades
organizacionais e inovações de marketing.
Entre
as 41,3 mil empresas inovadoras em produto e processo no período 2006-2008,
69,0% realizaram ao menos uma inovação organizacional e 59,5%, alguma inovação
de marketing. Nas empresas industriais esses percentuais foram de 68,7% e
59,3%, respectivamente, taxas inferiores àquelas observadas nos serviços
selecionados (72,5% e 61,0%, respectivamente).
Em
relação às inovações de marketing, as estratégias diferenciadas da indústria e
dos serviços selecionados sobressaem: na indústria prevalecem novidades na
estética, desenho ou outras mudanças (45,8%) e nos serviços selecionados é
primordial a adoção de novos conceitos e estratégias de marketing (43,6%). Já
em relação à inovação organizacional, nos dois setores sobressaíram novas
técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho (47,1% na
indústria e 60,9% nos serviços selecionados) e novos métodos de organização do
trabalho (45,2% e 54,3%, respectivamente)
No
setor de P&D, nove em cada dez empresas inovadoras em produto e processo
também implementaram inovações organizacionais, já em relação ao marketing, a
taxa foi menor (51,3%), devido ao fato da grande parte dessas empresas não
adotarem estratégias de diferencial de mercado.
Nas
empresas não inovadoras as taxas de inovação de marketing (45,0%) e
organizacionais (39,3%) são menores. Na indústria, a taxa de inovação de
marketing (39,5%) é maior que a taxa de inovação organizacional (36,1%), nos
serviços, sobressai a taxa de inovação organizacional (55,1%) e a taxa de
inovação de marketing é 44,5%.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974
pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em
Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em
Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do
Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu
diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua –
Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua
como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul..
Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini* Ricardo Bergamini,
Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro,
com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de
1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989.
Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova
York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira
em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside
em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante,
assessorando empresas da região sul.
(48) 4105-0832
(48) 9976-6974
ricardobergamini@ricardobergamini.com.br
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