Política

Irreponsabilidade Obâmica


31/10/2010

A revelação trazida pela imprensa de que a revolta na Líbia foi fomentada
pela CIA, que armou os revoltosos e, assim, criou artificialmente uma guerra
civil, lançou luz sobre esses incompreensíveis acontecimentos no mundo
árabe-muçulmano, até então vivendo em paz, ainda que de forma precária. Na
Tunísia e no Egito, países em que as Forças Armadas têm o controle do Estado e
ficaram unidas, as arruaças não tiveram maiores conseqüências que não a troca
do governante. Claro que a instabilidade está no ar, mas as mudanças saíram
baratas em termos de vidas e de destruição. Na Líbia a coisa fui muito mais
trágica.

Quem nos EUA calculou que Muamar Gaddafi sairia correndo ao primeiro tiro
ignorou a personalidade guerreira do velho guerrilheiro. Mais: ignorou que ele
é um governante legítimo e que integra a tribo mais numerosa que compõe a
confederação que forma o Estado líbio. Armar a minoria e esperar que a maioria
a ela se renda é uma tolice sem par. Obviamente que, ao serem iniciadas as
atividades beligerantes, foram criadas também as condições para massacres em
larga escala, de parte a parte. Será que Obama achava que os revoltosos, se
tiverem força para tomar Trípoli, farão o que? Matarão muita gente. Foi assim
no Iraque. A minoria sunita foi destroçada pela maioria xiita até então trazida
no cabresto por Saddam Hussein.

O discurso de Barak Obama de que a intervenção estrangeira é para impedir
um massacre é de um cinismo insultuoso. A aviação ocidental ela mesma está
perpetrando um massacre de inocentes, está desorganizando a produção, e
está provocando o caos. Fome, sede,
miséria é tudo o produto instantâneo gerado pelo gesto obãmicoalucinado. Quem
ganha com a desordem?

A minha impressão pessoal é de que os governantes ocidentais, empenhados
na formação da nova ordem mundial, estão fazendo um teste de engenharia social
no mundo muçulmano. Claro que deu errado, felizmente. Gaddafi resistindo é um
sinal de que nem em um país fraco, isolado e dividido a alucinação dos
globalistas pode dar certo.

Se a experiência fosse bem sucedida naquela parte do mundo não duvido que
em brevepoderíamos ter algo do gênero até mesmo na América Latina. Talvez até
tenhamos, mesmo diante do fracasso. Não há nenhuma racionalidade política
nesses movimentos militares exceto o experimento desastrado dos macrocéfalos
que querem unificar os governos do mundo. Todos perderam, inclusive e sobretudo
os EUA. A políticaobâmica e hilária, além de genocida, está degradando o que
resta da respeitabilidade internacional daquele país.

* José Nivaldo Cordeiro,
Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente
liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais
relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para
diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de
Livrarias.

http://www.nivaldocordeiro.net/

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, José Nivaldo. Irreponsabilidade Obâmica. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/irreponsabilidade-obamica/ Acesso em: 28 jul. 2025
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