A entrevista de Dilma Rousseff estampada por Veja na sua última edição é um exemplo de anti-jornalismo. O que poderia ser a oportunidade para aquele veículo de comunicação mostrar as entranhas da candidata do PT tornou-se um exercício de levantamento de bolas para ela cortar, em favor de sua campanha. Uma vergonha jornalística, uma propaganda política disfarçada. Quero sublinhar aqui alguns trechos, pois as páginas amarelas de Veja serviram mais para ocultar do que para revelar o essencial da candidata.
A primeira pergunta de Veja foi menos uma interrogação do que uma afirmação: “A senhora tem uma vantagem clara sobre o candidato Lula na eleição de 2002. Ninguém fala agora de um “Risco Dilma”. Por quê?”Ora, o certo teria sido colocar que não apenas a candidata, mas toda a política do Brasil de Lula, tem colocado o Brasil em graves riscos geopolíticos, bem como internos também. Nada foi peguntado sobre o papel do PT no Foro de São Paulo, a interferência no governo de Honduras, o obtuso voto na ONU a favor da bomba atômica do Irã, a leniência do governo Lula com a Bolívia (ver o excelente artigo de Sérgio Fausto no Estadão de hoje sobre a expansão acentuada de produção de cocaína para o mercado brasileiro na Bolívia), o que quer dizer, com as FARC, a hostilidade para com a Colômbia, o alinhamento com a China (lembrar de que Lula reconheceu a China omo economia de mercado, a piada do milênio).
O risco do Brasil jamais foi tão grande, mas para os próprios brasileiros, não para os investidores internacionais. A eleição da candidata não é apenas o continuísmo, é o mergulho do Brasil na associação com os revolucionários, os ditadores, os Estado delinqüentes, os narcotraficantes travestidos de estadistas na Venezuela, Equador e Bolívia. Veja omitiu-se vergonhosamente sobre o assunto, permitindo à candidata dar declarações soporíferas e mentirosas, enganando os leitores (eleitores).
As perguntas seguintes giraram em torno dos alicerces da política econômica, obviamente aproveitadas para mais uma rodada de tranqüilizantes soporíferos. Nenhuma pergunta sobre o gritante desequilíbrio de nossa balança comercial, o sintoma mais evidente de que algo de muito errado está acontecendo na economia brasileira. Nada sobre o abandono do mercado norte-americano, deprimindo as exportações. E qual é esse erro? O imenso gasto público, puxado pela expansão do funcionalismo e dos clientes da Previdência Social, os portadores de bolsa-ditadura e bolsa-esmola. Calar sobre isso é deixar a candidata fazer proselitismo solto, como se tudo estivesse em ótimas condições. Uma grande mentira jornalística.
A pergunta específica sobre a política de juros serviu para mais propaganda do governo Lula, perdendo-se a oportunidade de apontar o íntimo conluio entre o PT e os banqueiros e os rentistas, em prejuízo dos brasileiros. Toda gente sabe que os pagadores do mensalão foram os banqueiros, mas a imprensa, conivente e omissa, não diz uma palavra sobre o assunto. Enquanto o mundo inteiro pratica juros negativos ou ligeiramente positivos, o Brasil tem a espantosa cifra de dois dígitos, agravando a despesa pública de forma cavalar e desnecessária, em detrimento da produção. Bem sabemos que alguém paga a conta da milionária campanha governista.
A pior pergunta, todavia, veio na parte final: “A sua opção pela luta armada na juventude vai ser um assunto da campanha eleitoral. As pessoas querem saber se a senhora deu tiros, explodiu bombas ou seqüestrou”. Além de negar que tenha tido responsabilidade direta nas atrocidades cometidas pela esquerda que pegou em armas, a candidata ainda mentiu miseravelmente ao dizer que “O objetivo prioritário era nos livrar da ditadura, e lutamos embalados por um sentimento de justiça, de querer melhorar a vida dos brasileiros”. O repórter da Veja ignorou a fato histórico de que a guerrilha comunista queria implantar aqui a ditadura do proletariado e que o movimento militar aconteceu exatamente para evitar que isso acontecesse. Tudo ao contrário das declarações da candidata.
Dilma Rousseff jamais lutou pela democracia e pela justiça, mas sim, pela ditadura nos moldes de Cuba e da China (e da antiga URSS, que mandava então fundos milionários para fazer a revolução armada entre nós). Essa gente era militante do comunismo internacional, então em forte expansão. Todos têm as mãos sujas do sangue dos brasileiros inocentes que mataram.
* José Nivaldo Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.