Com o fim de 2010, ano de
eleições brasileiras emblemáticas e de uma Copa do Mundo que surpreendeu a
todos, fica a experiência da década com os mais enigmáticos questionamentos aos
governantes eleitos: o que mudará no país até 2014?
O assunto toma as ruas das
grandes capitais de forma diferente das eleições passadas, uma vez que 2014
será o ano em que o Brasil, o único país a participar de todas as edições e com
o maior número de vitórias, estará sediando o maior espetáculo futebolístico: a
Copa do Mundo FIFA 2014.
Política e futebol mais uma
vez se interligam no que se parece provável e importante ser discutido por um
país em contínuo e espetacular desenvolvimento: amor a pátria, vontade de
crescer e globalização. Mesmos motivos que fez com que os britânicos na Copa de
1920 se retirassem da competição pela recusa em jogar contra países que haviam
guerreado recentemente. A Copa do Mundo envolve muito mais do que a paixão pelo
futebol, envolve o amor à pátria.
Devem ser observadas,
contudo, as principais condições para o Brasil sediar a Copa 2014, desde a
reforma dos aeroportos ao calçamento público para abrigar um grande espetáculo.
E é pelo amor e pela ânsia de demonstrar as belezas, riquezas e hospitalidade
de um povo tropical, que outrora eleitores e, “amanhã”, torcedores, devem
atentar para as mais diversas e evidentes necessidades de mudanças.
A África do Sul, país mais
desenvolvido do continente africano, teve neste ano mais de 1 milhão de
visitantes a fim vibrar com um dos maiores espetáculos mundiais. O Brasil,
assombrado com os diversos problemas aéreos da última década, deve começar hoje
a se preocupar em encontrar uma forma de resolver overbooking, atrasos,
extravio de bagagens e os demais problemas cotidianos que assombram o tráfego
aéreo, diariamente. De forma contrária, não evitará um possível caos aéreo em
2014.
Já é possível antever a
realidade do quadro neste ano. Para se ter uma ideia, na semana passada, a
ANAC, assombrada com as festividades de final de ano, em medida de extrema
urgência, reuniu os representantes das principais companhias aéreas, além da
Infraero, da Polícia Federal, da Receita Federal e do Departamento de Controle
do Espaço Aéreo (Decea) para pedir cautela às empresas, uma vez que foram
detectadas vendas de passagens em excesso para o final de ano. Vários vôos da
TAM, inclusive, já foram cancelados.
O desenvolvimento do país nos
últimos anos e a elevação do número de cidadãos para a classe média demonstra
que, com a maior procura por bilhetes aéreos, também há a necessidade de maior
organização e, não menos importante, maior comprometimento dos fornecedores de
bilhetes. Se com o iminente final de ano já se projetam problemas, quiçá
ocorrerá com o número de visitantes interessados em passagens aéreas em 2014.
Não há dúvida de que cresce,
com a vinda da Copa, ainda mais a necessidade de Juizados Especiais Cíveis nos
aeroportos, de preferência com atendentes que falem uma língua universal – o
inglês. As dúvidas passam a ser constantes acerca disso: os aeroportos estarão
preparados para o número de passageiros que atrai uma Copa do Mundo?; Qual será
o projeto para que não exista extravio de bagagens? Como ficarão os atrasos?
Qual o número de bilhetes que serão disponibilizados? Todos terão acesso? . As
dúvidas, assim como os problemas, são intermináveis.
A chegada e a saída de
estrangeiros é o cartão de visitas que vai na mala do retorno de cada visitante
ao seu país. Isso faz com que os problemas aéreos sejam prioridade na lista dos
100 maiores a serem resolvidos até 2014. Há tempo e, paradoxalmente, pressa,
felizmente.
Eduardo Barbosa,
eduardo@eduardobarbosaadv.com.br
Advogado, Conselheiro da
OAB/RS, Diretor da ESCOLA DA OAB/RS, Professor da AASP/SP, Professor da
ESADE/RS, Professor da ESA/RS. Atua no Brasil e em Portugal