A polícia está dentre todas as
instituições públicas como a mais exigida, a mais observada pela população. A
questão de ser o policial o real protetor do povo e da ordem pública, o
guardião das leis penais, faz com que a comunidade acompanhe todos os seus
passos e lhe cobre sempre e efetivamente, além do destemor, ações condignas e
leais provindas dos seus atos.
É bom frisar que quando os agentes
encarregados de manter a lei e a ordem descambam para a arbitrariedade e para o
comportamento desregrado, instalam inconscientemente o risco de instabilidade
do Estado, periclitando suas instituições.
Assim, se alguma margem de desvio no
universo formal compromete a normalidade da rotina de
funcionamento do Estado, os contextos de
grave disparidade entre desempenho ideal e real das polícias podem alcançar
efeitos devastadores de controle na dinâmica de legitimação da ordem pública.
Todos podem observar que o trabalho do
policial é árduo, perigoso, estressante e ineficiente financeiramente, por
isso, exige prudência, perseverança, amor a profissão e capacidade de
concentração aguçada com equilíbrio e razoabilidade nos seus atos para que não ocorram
os irreparáveis deslizes.
As ações e os atos vergonhosos e
criminosos praticados por aquele cidadão que se acha e se diz policia, mas que
na verdade é falso policial, bandido disfarçado de polícia, travestido de polícia,
além de abrir chagas no seio da instituição policial é, sem sombras de dúvidas,
o mais sério e grave problema existente no âmbito interno da nossa segurança pública.
Em verdade o travestido de polícia está
na força pública para extorquir, roubar, matar, prevaricar e sempre se proteger
atrás do seu distintivo, fazendo dos bons o seu escudo e dividindo com os
honestos as críticas pelos seus atos insanos.
Antes de ferir o patrimônio público ou particular, a corrupção policial
degrada os seus valores íntimos, desvirtua a sua nobre missão, relativiza o
costume e a cultura da sua própria moral e o pior, torna negativo o conceito
público da nossa instituição que sempre generaliza e põe todos os policiais na
mesma vala até mesmo como se fossemos componentes do submundo da sociedade.
Assim, o bom policial, o digno e leal policial,
aquele que veste a camisa da polícia, aquele que verdadeiramente se veste
completo de polícia e disso tem orgulho, paga perante o conceito depreciativo do
nosso povo, pelos atos insanos do falso policial, pelos atos criminosos do
travestido de polícia.
É preciso pois, acabar com essa situação para
expurgar constantemente e sempre o
incomodo falso policial do nosso meio, entretanto, para
que a depuração e a autodepuração sejam trilhadas fortemente, é necessário
principalmente, que se reformem as leis administrativas e penais em desfavor
desses infratores, transformando os seus respectivos procedimentos em atos mais
ágeis e menos burocráticos, aplicando-se punições rápidas e justas quando das
suas culpabilidades, sem esquecer que os bons policiais também devem mirar as
suas próprias fileiras, expondo e ajudando a purgar as feridas causadas pelo
travestido de polícia.
Noutro ponto crucial que atinge em cheio o
verdadeiro policial, assistimos de uma maneira ampla os nossos salários sendo
sucateados e achatados em quase todos os Estados da nação, enquanto a corrupção
dos travestidos de polícia continua tendo esta razão como causa principal dos
seus insanos atos.
Assistimos igualmente ao longo dos tempos os nossos
leais e bravos policiais sempre desvalorizados e humilhados pelo poder público,
até mesmo tendo que residir com as suas famílias no mesmo ambiente dos fortes
traficantes de drogas ou bandidos outros que comandam as diversas áreas
periféricas das cidades.
A PEC 300 que
busca dentre outros o piso salarial nacional, um salário digno para a polícia
se arrasta a passos de bicho-preguiça, sempre procrastinada, sem solução
adequada ou aprovação no Congresso e até
com proposta de inviabilização ou mesmo implosão de vez pelos mesmos deputados
federais que recentemente, mesmo a contragosto da população, em velocidade de guepardo aumentaram estupidamente os seus
próprios salários, é o exemplo vivo de que o poder público parece pretender
continuar com uma polícia fraca, desvalorizada, desmotivada, desacreditada,
submissa, esvaziada, humilhada, falida e até corrupta.
Repensar esses conceitos é dever do Estado para
resgatar a real razão do que vem a ser polícia na pura expressão da palavra
para propor o verdadeiro bem estar da coletividade que clama por uma melhor
segurança pública, uma segurança pública de excelência que só pode ser
alcançada com uma forte e decente polícia.
Caso contrário, mobilizações nacionais serão
inevitáveis trazendo o próprio mal estar para a nação brasileira que já está
saturada de tanta violência e aumento de criminalidade em todo canto do país.
Autor: Archimedes
Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão
Estratégica de Segurança Pública pela UFS) – archimedesmarques@infonet.com.br – archimedes-marques@bol.com.br – archimedesmelo@bol.com.br