Ética

O Lobo da Estepe – Hesse

Edição nº 4 – Ano I

 

 

Referência Bibliográfica

Hesse, Hermann; 1877 – 1962. O Lobo da Estepe; romance; tradução de Ivo Barroso. – Rio de Janeiro: Editora Record. 1973. 224 p

 

Biografia do Autor

 

HESSE, Hermann, nasceu na Alemanha, na pequena cidade de Calw, em 02 de julho de 1877 e morreu em Tessino, na Suíça em 09 de agosto de 1962. Era filho de pais missionários protestantes, os quais almejavam que se tornasse pastor e, por não concordar foge para a Suíça, onde começa sua vida de escritor. Após conhecer a Índia, adota o budismo como religião. Opõe-se vigorosamente contra o militarismo alemão e, em 1946, ganha o Prêmio Nobel, com o Jogo das Contas de Vidro.

 

 

Síntese do Conteúdo

 

O livro narra a história do protagonista Harry Haller, sujeito de quarenta e poucos anos, ansioso, arredio, alcoólatra, intelectualizado, que se proclamava o Lobo da Estepe. Era ao mesmo tempo homem e lobo. Vestia-se como homem, mas tinha seu lado lobo. Havia aprendido tudo o que convém para as pessoas exercerem o bom convívio em sociedade. Mas não conseguia captar as profundezas da vida. Era uma pessoa descontente, infeliz. Havia um vazio dentro de si, constituindo-se em lacuna a ser preenchida. Homem e lobo eram espectadores e críticos um do outro, não paralelamente, cada qual no seu caminho, mas simultaneamente. Era como se existisse uma coabitação de dois seres em seu interior: um ser divino com um ser demoníaco, um lado materno e um lado paterno, o bem e o mal, o branco e o preto.

 

Harry apresentava como principais características o notívago, a independência, o suicídio.  Aos quarenta e seis anos determinou-se que ao fazer cinqüenta anos suicidar-se-ia. E essa idéia de uma certa forma o acalentava de suas angústias existenciais, pois significava por a termo as frustrações, desgostos e inquietações. Esse sim seria seu dia de glória.

 

A fixação que Harry tem da sua dualidade é marcante. O lado agradável, espiritual encontra-se no homem enquanto que o negativo encontra-se representado pelo lobo. Toda sua vida transcorre na luta em vencer um ou outro dentro de si mesmo.

 

 

Apreciação da Obra

 

A obra se destaca pelo fato de ser uma viagem ao recôndito da alma. Na verdade o Lobo da Estepe está mais para uma autobiografia do próprio Hesse. Pessoa de grande nível intelectual e crítico intenso da burguesia, a essa não conseguia se adaptar e tampouco aceitar. Sua independência encontrava-se acima de tudo e preferia viver à noite, na solidão, em uma busca frenética das profundezas de seu verdadeiro eu, de auto-conhecimento e auto-aceitação. Queria ser aceito com um todo, queria que o aceitassem por seu lado humano como pelo lado de homem mau, de instintos perversos.

 

O que se extrai de mais importante dessa obra são as reflexões quer sejam políticas quer sejam filosóficas, com grande influência da experiência vivida ma índia e pela adoção do budismo. Todas as amarguras, angústias e desconfortos vividos por Harry, no fundo decorriam da própria maneira de viver. Ele não tinha aprendido a apreciar as pequenas coisas da vida, os mínimos detalhes, a desfrutar dos momentos mais fugazes, que são realmente aqueles que preenchem o vazio de nossas vidas que pouco a pouco comporão o todo da obra.

 

 

* Regina Maria de Paula, Estudante do Curso de Direito da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, atualmente na 8ª etapa

 

Como citar e referenciar este artigo:
PAULA, Regina Maria de. O Lobo da Estepe – Hesse. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/resenhas/etica-resenhas/o-lobo-da-estepe-hesse/ Acesso em: 26 jul. 2024
Sair da versão mobile