O contato ficou intenso e na escola do abrigo as crianças deixaram claro para os professores o carinho que sentiam pelo “Tio Nilson” e pela “Tia Marisa”. Nos desenhos que faziam, sempre pintavam o casal junto aos cinco irmãos. A equipe técnica do Juizado da Infância e Juventude comunicou o fato ao casal. A decisão de adotar o grupo não foi fácil. Nilson e Marisa já tinham outros cinco filhos biológicos – a caçula tem 14 anos e ainda reside com eles. Outra questão que teve de ser enfrentada era a renda. A idade já avançada também foi considerada. “Pensamos umas 10 vezes no assunto até decidirmos e dizer ‘agora é pra valer’”, conta.
O casal deu então início ao processo de adoção. Durante o percurso, não lhes faltaram ajuda. A igreja da qual fazem parte comprou camas beliches para as crianças e tem colaborado todo mês com meio salário mínimo. A família do casal e os profissionais do Juizado da Infância e Juventude também contribuem sempre que possível. “Hoje nossas crianças têm tudo em abundância: roupa, calçado, brinquedos”, afirma. “Foi realmente algo de Deus. Nenhum juiz, ao nos avaliar, diria ‘eles podem’. Primeiro, porque nossa renda era incompatível”, diz Nilson, que hoje trabalha como porteiro. Marisa deixou o emprego no abrigo e agora se dedica à criação dos filhos Naiana (4 anos), Vagner (7), Vanderson (8), Valeska (9) e Suelen (11) em tempo integral.
Nilson não nega que a adaptação foi difícil. “Não somos anjinhos. Erramos como todos os seres humanos. Já peguei uma vara. Bati”, desabafa. De acordo com ele, as dificuldades foram e são superadas a cada dia por meio do imenso amor que se construiu na família. “Minhas crianças são criadas em um ambiente de muita educação e respeito. Adotamos com ele a conversa, aquela coisa de colocar os pingos nos ‘is’. Quando decidimos assumi-los, decidimos lhes dar amor, carinho e educação. Também não fizemos diferenciação com nossos filhos biológicos. Todos são iguais”, afirmou.
Giselle Souza
Agência CNJ de Notícias
Fonte: CNJ