Pedra de toque de uma nova antropologia, as obras de Afonso de Luca têm raízes tanto no histórico quanto no contemporâneo. O artista não escapou da vontade de realizar obras de arte através de colagens. Encontrou seu caminho, um caminho próprio nessa técnica, inovando tranquilamente com o uso de recortes de tecidos e de papéis, cubistas ou surrealistas como, aliás, fazia Max Ernst.
A abstração que se exprime através dessas colagens permite ao artista escolher com grande liberdade tanto formas quanto cores, quase como uma improvisação musical. Mesmo nos formatos mais restritos, a pesquisa encontra-se cada vez mais depurada, mas sempre com uma dimensão que ultrapassa os limites do próprio quadro.
Apesar das colagens, de Luca não rompeu com o uso do pincel e do crayon. Misturando técnicas as mais diversas sobre tecidos ou telas, inclui tanto o preto quanto o branco e muitas cores, discretas ou fortes.
Sobrepondo desenhos às combinações múltiplas de figuras emblemáticas e simbólicas, encontramos a constante presença de Marilyn Monroe – quase uma fixação -, de Batman, esboços de caças e de teco-tecos, arranha-céus, acrescidos aqui e acolá de velocímetros, lábios, sandálias e toda sorte de objetos. Tudo isso recoberto de texturas florais salientes que conseguem formar, ao olhar do espectador, um verdadeiro “puzzle”.
Com a decomposição dos elementos, Afonso de Luca interroga o homem e a arte na sua ilusória continuidade e demonstra que domina bem a sua expressão. Por outro lado, a principal fonte de inspiração visual do artista parece ser nitidamente ligada a fatos do quotidiano paralelamente a lembranças de um passado cuidadosamente reconstituído no emaranhado de seu subconsciente.
Exemplo pertinente a estas considerações, as obras “Batman e Marilyn” e “O homem invisível”, doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, são imagens que nascem de uma reflexão sobre os personagens e sobre os termos chaves da chamada “pop art”.
O artista
Afonso de Luca, que adotou o nome artístico de Fonthor, nasceu em São Paulo em 1954 onde faleceu em 2011. Formou-se em Engenharia pela FAAP e começou a pintar a partir de 1967. Por volta de 1971, viajou para Europa, onde passou alguns anos.
Participou de muitas exposições coletivas e particulares, destacando-se entre elas: Salão de Artes Plásticas Estudantil de Americana (1968); Salão de Artes Plásticas de Campinas (1969); Salão de Artes Plásticas Estudantil de Hemel Hempstead, Inglaterra (1971); IAMSPE, São Paulo (1982); Galeria Licci, Milão, Itália (1988); Vila Zoraide, São Paulo (1996); Galeria de Arte Centrinho – Granja Viana – São Paulo (2001 e 2002); 4º Salão de Arte do SESC Amapá (2002); XXIX Salão de Arte Jovem – Centro Cultural Brasil-Estados Unidos – Santos (2002); XXIX Salão de Arte Jovem – Casa Cultural Brasil-Estados Unidos – São Vicente (2002); Museé d´Art de Mont-Saint Hilaire “L´Art Pour Tous, Tous Pour L´Art.”, Quebec, Canadá (2002).
Possui obras em inúmeras coleções particulares e oficiais na Itália, Grã-Bretanha, Canadá, Brasil e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.
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Fonte: AL/SP