Participantes do Ciclo de Debates Siga Vivo – pelo fim da violência no trânsito em Montes Claros (Norte de Minas) apresentaram algumas sugestões para melhorar os indicadores que colocam o Brasil como um dos países que registra o maior número de vítimas do trânsito. O encontro foi realizado durante toda sexta-feira (15/6/12) e reuniu autoridades e políticos preocupados com o problema. De acordo com o presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado João Leite (PSDB), as propostas serão condensadas e farão parte de um livro com o resultado do ciclo.
Muitas das propostas coincidiram com o tema abordado pelos palestrantes da parte da tarde do ciclo: a necessidade de educar o cidadão para formar melhores condutores, melhores profissionais e pedestres. Foi unânime entre os participantes de que a mudança de comportamento pode reduzir a violência e o número de acidentes.
O professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Chan Kou Wha, lembrou que a educação no trânsito ultrapassa a obrigatoriedade de cumprir as leis de trânsito. Em sua opinião, o cidadão educado internaliza conceitos e chega a um ponto que tem um comportamento mais adequado naturalmente como, por exemplo, usar o cinto de segurança sem nem ao menos ponderar que é para aumentar a segurança, ou não mais associar o uso do álcool com o volante. “É comum nossos estudantes irem sem carro para uma comemoração na qual haverá bebida, porque já nem imaginam o contrário”, exemplificou.
Um dos participantes, Fábio Antônio Rodrigues Nascimento, presidente da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), sugeriu melhorar a capacitação dos instrutores de autoescolas e exigir cursos de reciclagem para os condutores a cada renovação da carteira de habilitação. Um outro, o subsecretário Municipal de Planejamento de Montes Claros, Rafael Silva Gontijo, sugere aulas especiais para habilitar o condutor a dirigir em estradas fora do eixo urbano. Ele lembrou que os motoristas aprendem a dirigir apenas em locais confinados e vão para as rodovias sem conhecer os cuidados especiais que elas exigem na condução do veículo.
Reinilton Amaral, da empresa Transmoc Transporte e Turismo, propõe a inclusão da educação no trânsito em todas as séries do ensino fundamental. Semelhante sugestão foi defendida pela policial rodoviária federal da Delegacia de Montes Claros, Heloísa Cristina Menezes. “O processo de educação tem que atingir todo cidadão que é um potencial motorista. E só a mudança de comportamento pode reduzir atitudes de risco mais tarde”, justificou. Ela falou sobre campanhas e blitze educativas que a corporação realiza permanentemente com vistas à educação dos motoristas.
O evento – O ciclo de debates é fruto da parceria da ALMG com mais de 50 instituições públicas e da sociedade civil envolvidas com a questão do trânsito e mobiliza cinco comissões permanentes em sua realização: de Segurança Pública, de Saúde, de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, de Educação, Ciência e Tecnologia e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas.
O Ciclo de Debates Siga Vivo tem cinco objetivos principais: difundir a realidade da violência no trânsito; apresentar o impacto dos acidentes de trânsito nas vidas das famílias e nos sistemas públicos de saúde e previdência; debater as causas e possíveis soluções para o problema; articular agentes públicos para a adoção de medidas visando à redução das mortes e do número de vítimas; e sensibilizar a sociedade, por meio da educação e da mobilização, para um comportamento mais seguro no trânsito.
Além de Montes Claros, a programação prevê encontros em Uberlândia (Triângulo Mineiro), em 22/6; Juiz de Fora (Zona da Mata), em 25/6; Ibiá (Alto Paranaíba), em 26/6; Divinópolis (Centro-Oeste), em 28/6; e Belo Horizonte, na Assembleia, em 5/7. Até agora, já foram realizados três encontros regionais: em Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Governador Valadares (Rio Doce) e Poços de Caldas (Sul de Minas).
Fonte: AL/MG