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Especialista expõe formas de reduzir acidentes no trânsito

Investir em outras modalidades de transporte no Brasil, onde predominam as rodovias em detrimento de ferrovias, e cobrar dos responsáveis os gastos com o tratamento das vítimas, tal como feito no caso dos acidentes de trabalho. Propostas como essas, para reduzir a violência no trânsito, foram defendidas na tarde desta quarta-feira (13/6/12) pelo conselheiro da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança (Sobes), Santelmo Xavier Filho. Ele participou, em Poços de Caldas (Sul de Minas), de mesa redonda sobre o tema, durante o Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o apoio de mais de 50 entidades.

Também integrante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) e professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Santelmo Xavier acrescentou que os acidentes de trânsito estão entre as maiores causas de mortes na adolescência, merecendo ações preventivas nas escolas.

Ele também defendeu outras propostas para conter os acidentes, como instalação de semáforos com contagem regressiva de tempo, reciclagem de condutores e maior conhecimento, por parte de motoristas profissionais, de estabilidade de cargas e resistência de materiais.

Prejuízos – O professor do Cefet-MG apresentou ainda diversos dados, mostrando, por exemplo, que o escoamento de mais de 60% da produção agropecuária brasileira se dá pelo transporte rodoviário, contribuindo para os acidentes nas estradas, enquanto a ferrovia responde por apenas 20% do transporte.

Segundo ele, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que os acidentes de trânsito causam ao Brasil um prejuízo anual de R$ 22 bilhões só em danos materiais, e outros R$ 22 bilhões em danos sociais. O levantamento indica, ainda, que 41% das vítimas têm entre 15 e 34 anos de idade. Santelmo disse, ainda, que, somente em Minas, o SUS gastou R$ 29 milhões no atendimento a acidentados no trânsito em 2011.

O policial Reinaldo Márcio Costa, membro da Comissão Regional de Educação de Trânsito da Polícia Rodoviária Federal, frisou que as 40 mil mortes ocorridas no Brasil por ano, em função de acidentes de trânsito, equivalem a 110 mortes por dia. “É como se um avião caísse todos os dias no País. É uma vergonha para uma nação que vai receber as Olimpíadas e a Copa do Mundo”, lamentou.

Para o diretor superintendente da Autopista Fernão Dias, Omar de Castro Ribeiro Júnior, um dos grandes problemas está na formação dos condutores. “Não existem mais motoristas como antigamente”, disse ele, que há 15 anos atua no ramo. Rodando dois mil quilômetros por semana por conta de função, Omar Ribeiro disse que tem se impressionado com atitudes de caminhoneiros, que, segundo ele, saem da pista e retornam à faixa sem olhar pelo retrovisor e até mesmo sem acionar a seta do veículo. Medidas de engenharia conseguem reduzir a gravidade dos acidentes, disse ele, mas não solucionam o despreparo do motorista.

Escolas de condutores querem responsabilização de autoridades
Já o vice-presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (SiproCFC-MG), Sérgio Augusto de Carvalho, creditou grande parte dos problemas da área à falta de profissionalização dos gestores de trânsito, segundo ele, em função de interferências político-partidárias.

O representante das escolas de condutores defendeu, entre outros, que as autoridades competentes sejam responsabilizadas criminalmente por situações como as existentes no Sul de Minas na curva da Conceição, em Campos Gerais, onde o traçado, a ausência de pista dupla e as condições das margens (brejo de um lado e uma lagoa de outro) tornam o trecho um dos campeões de acidentes com vítimas na região. O Código de Trânsito Brasileiro, justificou, prevê o dolo eventual, configurando crimes também a omissão, o retardamento de solução e o erro de execução. “Nesses casos as autoridades competentes têm que ser responsabilizadas”, defendeu.

Sérgio Carlos dos Santos, diretor da empresa Dirigindo Bem, especializada em capacitação de motoristas com dificuldades e traumas relacionados à direção, lembrou que estatísticas e leis são importantes, mas que são as mudanças de comportamento dos condutores que devem estar no centro do debate.

Fonte: AL/MG

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Especialista expõe formas de reduzir acidentes no trânsito. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/almg/especialista-expoe-formas-de-reduzir-acidentes-no-transito/ Acesso em: 05 jul. 2025
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