TRF4

TRF4, 00017 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.72.02.004298-6/SC, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/28/2008

—————————————————————-

00017 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.72.02.004298-6/SC

RELATOR : Juiz JAIRO GILBERTO SCHAFER

APELANTE : LORENA FORTUNATA MARTINELLI RIBACKI

ADVOGADO : Otacilio Vanzin e outro

APELANTE : CAIXA ECONOMICA FEDERAL – CEF

ADVOGADO : Roberto Mazzonetto e outros

APELADO : (Os mesmos)

EMENTA

CONTRATOS BANCÁRIOS. CRÉDITO ROTATIVO. CRÉDITO DIRETO CAIXA. REVISIONAL. LIMITAÇÃO DOS JUROS

EM 12% AO ANO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. SENTENÇA ULTRA PETITA.

REGISTRO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.

PREQUESTIONAMENTO.

1. Descabe limitar juros remuneratórios em 12% a.a. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de

Inconstitucionalidade n.º 4, entendeu, que a norma inscrita no § 3.º do art. 192 da Constituição Federal, revogada pela EC n.º 40/03,

não era de eficácia plena e estava condicionada à edição de lei complementar que regularia o sistema financeiro nacional e, com ele,

a disciplina dos juros. Ademais, a matéria foi pacificada pela Súmula n.° 648 do STF.

2. A comissão de permanência incide a partir da impontualidade do devedor, sem cumulação com juros remuneratórios (Súmula n.°

296 do STJ), correção monetária (Súmula n.º 30 do STJ), ta de rentabilidade e multa contratual.

3. Cogita-se de repetição na hipótese de os valores cobrados indevidamente superarem o montante da dívida existente perante a

instituição financeira. Há compensação quando o valor da dívida é superior ao montante devido ao mutuário.

4. Acolhida a alegação para restringir o conteúdo da decisão de primeiro grau, afastando a parte que analisa a exigência dos juros

contratuais superveniente ao encerramento do contrato .

5. Uma vez revisado o contrato e até que os débitos e créditos sejam calculados, não cabe a inscrição do devedor nos cadastros de

inadimplentes, dado que sequer sabe o que realmente pagar.

6. Em contratos de financiamento bancário, a capitalização mensal de juros se faz presente sob a forma de numerus clausus, ou seja,

apenas com permissivo legal específico, notadamente na concessão de créditos rurais, créditos industriais e comerciais. Etuadas

tais hipóteses, resta a regra geral, presente na súmula 121 do pretório elso: “é vedada a capitalização mensal de juros, ainda que

expressamente convencionada”. Permitida a capitalização anual.

7. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os

honorários e as despesas.

8. Prequestionamento delineado pelo eme das disposições legais pertinentes ao deslinde da causa. Precedentes do STJ e do STF.

9. Apelação da parte autora parcialmente provida e apelação da CEF improvida.

ACÓRDÃO

___________________

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação da parte autora e negar provimento à apelação da CEF, nos termos do
relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 31 de outubro de 2007.

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. TRF4, 00017 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.72.02.004298-6/SC, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/28/2008. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/trf4/trf4-00017-apelacao-civel-no-2003-72-02-004298-6-sc-relator-juiz-jairo-gilberto-schafer-julgado-em-01-28-2008/ Acesso em: 01 jul. 2025
Sair da versão mobile