TRF4

TRF4, 00009 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.70.03.002991-3/PR, Relator Des. Federal Luís Alberto D Azevedo Aurvalle , Julgado em 11/29/2007

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00009 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.70.03.002991-3/PR

RELATOR : Des. Federal LUÍS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

ADVOGADO : Milton Drumond Carvalho

APELADO : ARY LEME DE BRITO

ADVOGADO : Monica Maria Pereira Bichara

REMETENTE : JUIZO SUBSTITUTO DA 3A VARA FEDERAL DE MARINGA/PR

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. PROVA MATERIAL EM

NOME PRÓPRIO E DE TERCEIRO. PROVA MATERIAL CORROBORADA COM PROVA TESTEMUNHAL.

COMPROVAÇÃO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. DISPENSA. POSSIBILIDADE. CARÊNCIA. EC 20/98.

CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS.

1. Havendo início de prova documental, corroborada por prova testemunhal, é de se considerar plenamente comprovado o ercício

da atividade rural.

2. O tempo de labor na atividade rural ercido em regime de economia familiar, em período anterior à Lei n.º 8.213/91, pode ser

adicionado ao tempo de serviço urbano para fins de aposentadoria por tempo de serviço independentemente do recolhimento das

contribuições previdenciárias, salvo na hipótese da contagem recíproca noutro regime previdenciário, a teor do disposto nos artigos

55, parágrafos 1º e 2º, 94 e 96, inciso IV, todos da Lei n.º 8.213/91, e 201, parágrafo 9º, da Constituição Federal de 1988.

3. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de ser possível a utilização de documentos em nome

de terceiros (como marido e genitores) para efeito de comprovação da atividade rural (Precedente: EREsp n.º 155.300-SP, Rel. Min.

José Dantas, DJU, Seção I, de 21-09-1998, p. 52).

4. Verifica-se que a parte autora implementou os requisitos para: a aposentadoria por tempo de serviço integral pelas regras antigas

(até a data da EC 20/98), aposentadoria por tempo de contribuição pelas regras permanentes, sem a incidência do fator

previdenciário e com PBC dos últimos 36 salários-de-contribuição computados até 28-11-99 e a aposentadoria por tempo de

contribuição pelas regras permanentes, mas já com a incidência do fator previdenciário e com PBC de todo o período contributivo

desde 07-94 até a data da DER (16-11-00). Desse modo, possui direito adquirido à aposentadoria na forma de cálculo que lhe for

mais vantajosa, devendo, desse modo, a Autarquia previdenciária apurar e conceder o benefício mais benéfico ao demandante, desde

a data do segundo requerimento administrativo (16-11-00).

5. A sentença determinou que sobre as parcelas incidiria correção monetária desde o vencimento, sem ter, no entanto, especificado o

índice a ser utilizado. Supro, assim, a omissão da sentença, explicitando que o índice devido é o IGP-DI, o qual será aplicando desde

a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação, em consonância com os Enunciados nº

43 e 148 da Súmula do STJ.

6. A decisão a quo determinou a incidência de juros de mora de 6% ao ano, até o início da vigência do Código Civil de 2002,

quando então os juros incidiriam conforme o determinado no art. 406 do referido código. Uma vez que ausente apelo no sentido de

majoração ou minoração dos juros fios, mantenho seu patamar em 6% até a entrada em vigor da codificação civil, sendo que,

após tal termo, os juros estarão de acordo com o artigo supra mencionado, tratando-se, conforme explicito, de juros de 12% ao ano.

7. Quanto aos honorários advocatícios, a serem suportandos pela Autarquia, restam fios em 10% e devem incidir tão-somente

sobre as parcelas vincendas até a data da prolação da sentença, consoante a Súmula nº 76 deste TRF, na forma da Súmula n.º 111 do

STJ, conforme entendimento pacificado na Seção Previdenciária deste Tribunal (Embargos infringentes em AC n.º

2000.70.08.000414-5, Relatora Des. Federal Virgínia Scheibe, DJU de 17-05-2002, pp. 478-498) e no Superior Tribunal de Justiça (ERESP n.º 202291/SP, 3ª Seção, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, DJU de 11-09-2000, Seção I, p. 220).

8. No Foro Federal, é a Autarquia isenta do pagamento de custas processuais, a teor do disposto no art. 4º da Lei nº 9.289, de

04-07-1996.

ACÓRDÃO

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Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Turma Suplementar do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao apelo, negar provimento à remessa oficial e suprir omissão da
sentença no tocante aos juros moratórios e ao índice de correção monetária, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas
que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 07 de novembro de 2007.

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. TRF4, 00009 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.70.03.002991-3/PR, Relator Des. Federal Luís Alberto D Azevedo Aurvalle , Julgado em 11/29/2007. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/trf4/trf4-00009-apelacao-civel-no-2003-70-03-002991-3-pr-relator-des-federal-luis-alberto-d-azevedo-aurvalle-julgado-em-11-29-2007/ Acesso em: 04 jul. 2025
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