TRF4

TRF4, 00008 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.71.11.001347-2/RS, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/21/2008

—————————————————————-

00008 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.71.11.001347-2/RS

RELATOR : Juiz JAIRO GILBERTO SCHAFER

APELANTE : FLORA MARIA FERREIRA WUNDERLICH BORGES

ADVOGADO : Mario Frederico Ferreira Wunderlich

APELADO : CAIXA ECONOMICA FEDERAL – CEF

ADVOGADO : Fernando Antonio Sa de Azambuja e outros

EMENTA

CONTRATOS BANCÁRIOS. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO A PESSOA FÍSICA PARA FINANCIAMENTO DE

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO. REVISIONAL. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MORA. COMPENSAÇÃO/REPETIÇÃO DE

INDÉBITO. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. REGISTRO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES.

1. A aplicação do CDC para os contratos bancários foi matéria de muita controvérsia na jurisprudência pátria até ser editada a

recente Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça que pacificou a questão, entendendo pela aplicabilidade às instituições

financeiras.

2. Em contratos de financiamento bancário, a capitalização mensal de juros se faz presente sob a forma de numerus clausus, ou seja,

apenas com permissivo legal específico, notadamente na concessão de créditos rurais, créditos industriais e comerciais. Etuadas

tais hipóteses, resta a regra geral, presente na súmula 121 do pretório elso: “é vedada a capitalização mensal de juros, ainda que

expressamente convencionada”. Permitida a capitalização anual.

3. A comissão de permanência incide a partir da impontualidade do devedor, sem cumulação com juros remuneratórios (Súmula n.°

296 do STJ), correção monetária (Súmula n.º 30 do STJ), ta de rentabilidade e multa contratual.

4. Quando não verificado o pagamento caracteriza-se a mora ex re, de pleno direito.

5. Cogita-se de repetição na hipótese de os valores cobrados indevidamente superarem o montante da dívida existente perante a

instituição financeira. Há compensação quando o valor da dívida é superior ao montante devido ao mutuário.

6. Sentença parcialmente reformada e invertido os ônus sucumbenciais.

7. Uma vez revisado o contrato e até que os débitos e créditos sejam calculados, não cabe a inscrição do devedor nos cadastros de

inadimplentes, dado que sequer sabe o que realmente pagar.

8. Apelação parcialmente provida.

ACÓRDÃO

___________________

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 05 de dezembro de 2007.

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. TRF4, 00008 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.71.11.001347-2/RS, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/21/2008. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/trf4/trf4-00008-apelacao-civel-no-2001-71-11-001347-2-rs-relator-juiz-jairo-gilberto-schafer-julgado-em-01-21-2008/ Acesso em: 29 jun. 2025
Sair da versão mobile