Trânsito

Abertura das portas

Um tipo de acidente que infelizmente ainda ocorre é aquele decorrente da abertura das portas sem que as devidas
cautelas sejam tomadas.  As áreas destinadas ao estacionamento dos veículos já são naturalmente restritas em sua largura e há uma tendência natural na
abertura da porta para desembarque.    As portas dos veículos são tradicionalmente construídas de forma a aumentar a largura do veículo invadindo a
área que o circunda, excetuando alguns modelos esportivos que a abertura é para cima em “Asa de Gaivota”, ou corrediça como é o caso das vans.

O Código anterior não dispunha de nenhum dispositivo legal que estabelecesse regras a respeito da abertura das
portas, porém, isso era encontrado na Convenção de Viena no Art. 24, o qual citava e cita que é proibido abrir a porta de um veículo, deixá-la aberta
ou descer do veículo sem antes certificar-se de que é seguro.  O atual Código de Trânsito Brasileiro, em vigor desde 22/01/98, praticamente transcreve
essa regra no Art. 49,  estabelecendo, porém, de  forma específica aos condutores e passageiros essa obrigação de cautela na abertura das portas.

Nota-se, portanto, que essa cautela é um obrigação tanto daquele que é habilitado (condutor) e em tese tem
conhecimento das regras de circulação e segurança, quanto daquele única e exclusivamente na condição de passageiro, que até analfabeto pode ser. 
Típico caso da pessoa que, na condição de passageiro,  inicia o desembarque do táxi de forma impulsiva.  A abertura da porta gera uma situação de risco
tanto para outros veículos quanto para pedestres, pois, conforme quem desembarcará, poderá ser aberta a porta em direção à calçada (comprometendo a
passagem dos pedestres) , quanto para a via,  o que compromete desde ciclistas até veículos automotores de grande porte.

O mesmo Art. 49 do CTB, em seu parágrafo único, estabelece que o desembarque deve ser feito pela calçada, exceto
pelo condutor, porém, não devemos esquecer também que não há proibição de que o estacionamento dos veículos se dê do lado esquerdo da via, o que não
tornaria por si só impraticável a regra, devendo nesse caso o passageiro do assento dianteiro transpor o console do veículo e sair pela porta do
motorista, e os ocupantes do assento traseiro, em carros de duas ou quatro portas, desembarcarem pelo lado da calçada, causando porém um problema para
as ‘Vans’ (microônibus) que possuem porta corrediça apenas do lado direito.

Marcelo José Araújo – Secretário Municipal de Trânsito de Curitiba, Advogado e Professor de Direito de Trânsito

Como citar e referenciar este artigo:
ARAÚJO, Marcelo José. Abertura das portas. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/transito-colunas/abertura-das-portas/ Acesso em: 28 jun. 2025
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