Gestão, Tecnologia e Qualidade para o Direito

Gentileza? Posso sim. Mas, quero gestão e tecnologia também!

Na semana passada o Judiciário Gaúcho lançou uma campanha em prol da
gentileza, afirmando que a gentileza é necessária num ambiente onde acontecem
embates.

A imagem ao lado é a imagem da campanha. Para ler a notícia de
lançamento, clique aqui.

Saliento dois pontos da própria campanha (conforme sua descrição na
notícia mencionada) e mais os aspectos de gestão e tecnologia.

Um dos pontos fortes da campanha vem com a frase:

“salientando que nada se
justifica, nada acontece, nada existe sem o servidor.”

Interessante esta afirmativa do juiz diretor do foro central de Porto
Alegre. O servidor é importante? Lógico, óbvio que é. Tão importante é o
trabalho dele quanto o é dos advogados, juízes e representantes do Ministério
Público. Tão importante que não há porque dizer isto aos advogados, mas sim aos
próprios servidores.

Não é uma crítica aos servidores em geral, mas alguns simplesmente são
péssimos – assim como temos na advocacia, judiciario e MP – com um diferencial:
Eles tem o poder do processo.

Como assim?

O poder de “esquecer” um processo na pilha, o poder de fazer ou não o
alvará, o poder de intimar ou deixar para depois. Os advogados (que não são santos
nem coitados) também aprontam, xingam, são desrespeitosos. Neste quesito, a
campanha merece ser aplaudida, afinal todos precisamos de gentileza para um
melhor ambiente de convivência.

Neste sentido, as palavras do Desembargador Ricardo Ruschel são importantes:

“Vamos deixar o embate apenas
no campo jurídico”

Ou seja, vamos focar no resultado da justiça, na sua real missão que é
prestar a tutela jurisdicional aos cidadãos.

Tudo muito lindo, mas se pensarmos um pouco, todo este investimento (já
que todo Estado receberá material impresso para aderir a campanha!) poderia ser
direcionado a um trabalho de base dos servidores, regras claras juntos aos
juízes e advogados, enfim, uma busca de paz social através dos meios legais.

Como assim?

Se os juízes fossem receptivos a receberem os advogados (pode ser com
hora marcada, pode ser com um horário decente estabelecido e não apenas duas
horas na semana), poderiamos começar um bom diálogo. Todos sabemos que o
judiciário está lotado de ações e conversar sobre ações pode levar tempo.
Agora, a culpa não é das partes que o judiciário como um todo precisa de
investimento. O judiciário deve buscar a qualidade, deve primar pela verdade,
deve ser o primeiro a se interessar em prestar uma boa jurisdição, o que
significa literalmente em atender bem os representantes legítimos e legais dos
cidadãos: Os advogados.

Se tivermos treinamentos efetivos, fortes e sistemáticos junto aos
servidores em dois ambitos: Atendimento e gestão interna, temos um início de organização.
Não basta uma campanha de sensibilização. Precisamos treinar, dar técnica de
atendimento e gestão aos servidores (obrigando os cartórios privados a fazerem
o mesmo), ou seja, dar elementos para que a campanha seja efetiva e eficiente.

Se fosse investido mais em tecnologia (já temos noção de investimentos
bons em tecnologia no judiciário gaúcho), focando questões práticas e mais
objetivas para liberar os cartórios do massivo e maçante atendimento
presencial, aliados a qualidade mais direta de atendimento, gentileza de todas
as partes envolvidas, teríamos mais resultados eficientes.

Enfim,

Podemos e devemos ser mais gentis uns com os outros, pois todos somos
partícipes da justiça e paz social. Agora, sem investimentos claros e objetivos
de gestão e tecnologia as campanhas de sensibilização ficam sem efetividade.

Fica para reflexão e atitude de todas as partes o presente artigo.

*Gustavo Rocha –
Diretor da Consultoria GestaoAdvBr

www.gestao.adv.br |
gustavo@gestao.adv.br

Como citar e referenciar este artigo:
ROCHA, Gustavo. Gentileza? Posso sim. Mas, quero gestão e tecnologia também!. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/gestao-tecnologia-e-qualidade-para-o-direito/gentileza-posso-sim-mas-quero-gestao-e-tecnologia-tambem/ Acesso em: 18 out. 2025
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