Foram-se os dias de mobilização. A categoria, em uma demonstração de força, união e coragem, em face a uma indignação impressionante, realizou um importante movimento, congregando todos os servidores. Fomos à praça, às ruas, gritamos, protestamos, exteriorizamos nosso pensamento. Tivemos dias de glória, outros de tristeza profunda, ante ao descaso que as autoridades davam ao nosso pleito. Não desanimamos. Reconstruímos nossa mobilização todos os dias, ouvimos as lamúrias e os clamores de nossos colegas, demos o ombro amigo e, não poucas vezes, choramos.
Mas mantivemos nosso capital moral, nossa dignidade. O Governo, com ouvidos de mercador, cedeu e nos ouviu. A instituição, em sua maioria, compreendeu que nossa luta é pela sobrevivência: nosso vencimento sustenta nossos filhos, alimenta nossa família, paga nossos remédios e nossos sonhos. Somos somente seres humanos lutando por mais dignidade.
Percebemos durante a luta que, embora estejamos em um país democrático, essa democracia não abraça os pequenos, pelo contrário, os oprime, os inibe, tenta calar a voz de quem classificam ter “menor valor”. Inclusive, nesse sentido, fomos valorosos: enfrentamos a Justiça e seu corporativismo; o MP e sua insensibilidade; o Executivo e sua intransigência.
Na política, tivemos várias decepções e algumas gratas e impressionantes demonstrações de dignidade. A nossa própria luta demonstrou: nem tudo está perdido. Perdemos, isso sim, a nossa ingenuidade, nosso amadorismo e, até certo ponto, nosso romantismo. Mas o período que se avizinha não é de mágoas. Pelo contrário, é de reconstrução.
Nosso recado já foi dado e nossa luta teve apenas a primeira batalha. Neste tempo de paz, nos cabe a vigília e a construção de um diálogo que evite o confronto. Confronto este que não teremos pudor em retomar na ameaça a nossos direitos, a nossa dignidade, ao nosso sustento. Várias batalhas virão. E aí precisaremos de nossa maior arma: a união.
Cláudio Eduardo Moraes de Oliveira
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