Escrever fielmente o que se sente é uma arte. Escrever o que outros sentem é arte da empatia. Portanto, é uma arte dupla.
Uma senhora humilde procurou-me, pois, gostaria que eu escrevesse um texto aos jornalistas para agradecer e exaltá-los por denunciar, criticar, dar visibilidade, trazer informações, questionar, incomodar e principalmente dar voz ao cidadão.
A história da senhora foi que se encontrava há muito tempo esquecida por um órgão público, até quando fora entrevistada por um jornalista que fora educado e solícito. Fez muitas perguntas e, finalmente, entendeu que a pobre senhora estava encoberta pelo manto cruel da invisibilidade.
Tinha direitos, todos comprovados, porém, ninguém a atendia. Mas, com a entrevista, foram procurá-la em casa, correram com todos os procedimentos e, enfim, ela recebeu o benefício que tanto precisava.
Uma brasileira como tantas outras e que não esqueceu dos demais. Lembrou-se que na fila havia outras pessoas em idêntica situação, mas a sorte lhe sorriu que colocou o jornalista ali para fazer a matéria.
A senhora era tímida e receava muito a exposição. Porém, armou-se de coragem e disse tudo. Vomitou a alma literalmente e, depois, chorou copiosamente. Não tinha hábito de fazer exposições públicas e muito menos de lavar a alma assim tão sinceramente. Depois, tentou em vão procurar o jornalista.
Só lembrava do prenome e da emissora. Chegou a ligar para emissora, deixou o nome, o telefone no afã de novamente falar com o jornalista e, penhoradamente agradecer-lhe. Mas, que nada, não logrou êxito em reencontrá-lo.
Mesmo assim, a gratidão permanece principalmente porque sabe o que os jornalistas passam. São maltratados, xingados e até ameaçados por altas autoridades. E, ainda tem os capangas eventuais que os ameaçam. Mesmo assim, munidos com uma câmera, microfone e coragem reforçam a tão combalida cidadania brasileira.
Muito obrigada, a vocês, jornalistas que a despeito de tudo continuam com a missão de informar e cobrar direitos dos mais humildes e invisíveis seres desse país ainda em construção.
Cumprida minha missão de expressar o que bondoso coração da senhora desejava. Resta a gratidão de ter a oportunidade de se orgulhar de outros brasileiros que sem palanque e quase anônimos trabalham todos os dias, assim como os jornalistas lutando contra adversidades, mas não desistem nunca.