O Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) publicou em 10/06/2008, uma reportagem de MARIA FERNANDA ERDELYI intitulada Moral das instituições – Poder Judiciário está em sexto lugar na confiança do povo:
O Poder Judiciário está em sexto lugar entre 17 instituições no ranking nacional de confiança popular. A colocação não vale um troféu, mas tem uma atenuante: entre os três poderes, o Judiciário é o que mais merece a confiança do povo, à frente de Executivo e Legislativo. A posição foi divulgada nesta terça-feira (10/6) no “Barômetro de Confiança nas Instituições Brasileiras”, estudo apresentado pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Os campeões de confiança são: Forças Armadas, Igreja Católica, Polícia Federal, Ministério Público e Imprensa.
O estudo também revela que o Poder Judiciário é pouco conhecido pela população. Apenas 8% dos entrevistados afirmam conhecer bem o Judiciário. Algumas áreas específicas do Poder Judiciário, como a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e os Juizados Especiais são mais conhecidas. […] Segundo o estudo, a confiança no Judiciário não está associada ao grau de conhecimento da população.
Ou seja, confia, mas não conhece. Os dados mostram que, apesar das tentativas de aproximar a Justiça da população, a grande maioria das pessoas desconhece sua estrutura. “Esse é o nosso grande desafio, levar ao conhecimento da opinião pública o que é o Poder Judiciário e qual sua missão constitucional”, declarou Mozart Valadares Pires.
As Forças Armadas ficaram com o primeiro lugar do ranking e 79% da confiança do povo. O Judiciário obteve 56% — dois pontos percentuais abaixo da imprensa e um ponto acima dos sindicatos de trabalhadores. […]
Lendo o texto, pude chegar às seguintes conclusões:
1) A jornalista MARIA FERNANDA ERDELYI (correspondente da Revista Consultor Jurídico em Brasília) realmente não gosta do Judiciário (o que, aliás, parece ser a tônica da referida Revista). Senão, vejamos. No texto ressalta: ” O Poder Judiciário está em sexto lugar entre 17 instituições no ranking nacional de confiança popular. A colocação não vale um troféu, mas tem uma atenuante: entre os três poderes, o Judiciário é o que mais merece a confiança do povo, à frente de Executivo e Legislativo.”
2) O prestígio das Forças Armadas corre por conta, talvez, da falta de segurança principalmente nas grandes cidades, onde campeiam o crime organizado e a violência. Tomara, todavia, que esse prestígio não redunde em novo regime de exceção, como aqueles que vivemos mais de uma vez no país…
3) A confiança na Igreja Católica pode ser traduzida (acredito) como a confiança na Religião em geral, uma vez que, talvez, na pesquisa, não tenham sido bem diferenciados os católicos dos evangélicos, espíritas etc. Somos um povo religioso, sem sombra de dúvida, o que é um bom sinal.
4) O destaque dado à Polícia Federal pode ser debitado à sua forma de atuação, bem mais divulgada pela Mídia (sobretudo televisiva) do que as das Polícias Civis e Militares Estaduais e Distritais. Hoje em dia quem aparece na Mídia tem mais condições de mostrar suas boas realizações, ficando mais valorizado.
5) O Ministério Público realiza, realmente, um nobre trabalho na promoção da cidadania, sobretudo como autor de ações em Juízo tratando dos direitos dessa natureza. Há muitos jovens membros do “Parquet” que são verdadeiros exemplos de homens e mulheres do melhor nível ético.
6) A Imprensa, depois das dificuldades vividas há poucos anos atrás, mostrou que pretende continuar trabalhando pelo progresso do nosso país bem informando a coletividade. É importante que as pessoas em geral acreditem na Imprensa, pois muito devemos a ela. Sem a Imprensa livre, estaríamos condenados ao obscurantismo.
7) O ilustre presidente da AMB pretende informar a comunidade sobre o que seja realmente o Judiciário, como uma forma de fazê-lo mais prestigiado junto a todos. Sinceramente, não sei se esse trabalho será fácil, pois temos parte da Imprensa contra nós. Na verdade, a Imprensa (por várias razões) não ataca nenhum dos melhor colocados que nós (Forças Armadas, Igreja Católica, Polícia Federal, Ministério Público e ela própria): concentra seu poder de fogo contra nós, o Executivo e o Legislativo. Mas, como não temos os recursos da televisão, sobretudo, ficamos ilhados. Só nos resta a Internet, assim mesmo, se soubermos utilizá-la maciçamente.
Depois de chegar às conclusões acima, fico pensando: – Por que, mesmo confiando apenas razoavelmente no Judiciário, as pessoas o procuram cada vez mais, pedindo-lhe solução para seus problemas, que vão do mais razoável ao mais absurdo, atulhando os fóruns de processos, a ponto de quase inviabilizarem a Justiça?
Quem sabe essa venha a ser uma outra indagação para as futuras enquetes da AMB…
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).