Economia

Você Sabia? Parte V (Base Setembro de 2002)

Você Sabia? Parte V (Base Setembro de 2002)

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

1) Que no período de janeiro de 1995 até setembro de 2002 o governo FHC obteve uma Receita Total de 25,79% do PIB (tributárias, contribuições e capitais), tendo aplicado 29,55% do PIB como segue: 13,13% (Administração Financeira); 6,84% (Previdência Social); 1,97% (Saúde); 1,85% (Defesa); 1,40% (Educação); 0,93% (Empregos) e 3,43% com as demais atividades da União, gerando déficit fiscal nominal de 3,76% do PIB.

 

2) Que no período de janeiro de 1995 até setembro de 2002 apenas com Administração Financeira (R$ 973,0 bilhões) e Previdência Social (R$ 506,9 bilhões) foram comprometidos 77,42% das Receitas Totais (contribuições, tributárias e de capitais) do período no valor de R$ 1.911,4 bilhões. Tendo restado apenas 22,58% (R$ 431,59 bilhões) para as demais 25 atividades de União: Saúde, Educação, Defesa, etc.

 

3) Que as Receitas Totais da União (contribuições, tributárias e de capitais) migraram da média mês de R$ 19,1 bilhões, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2001, para R$ 34,2 bilhões na média de janeiro de 2002 até setembro de 2002. Incremento de 79,06%.

 

4) Que de janeiro de 2002 até setembro de 2002 houve superávit fiscal nominal de R$ 31,7 bilhões (3,28% do PIB) e que a dívida pública líquida da União (interna e externa) de janeiro de 2002 até setembro de 2002 aumentou em R$ 288,7 bilhões (que nada mais é do que déficit diferido). Com isso o déficit real de janeiro de 2002 até setembro de 2002 foi de R$ 257,0 bilhões (26,63% do PIB).

 

5) Que a dívida externa líquida, pública e privada, no ano de 1994 era de US$ 107,4 bilhões (19,78% do PIB). Em setembro de 2002 estava em US$ 197,1 bilhões (40,91% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 106,82%.

 

6) Que no conceito de liquidez internacional (inclui empréstimos ponte com FMI) as reservas em dezembro de 1996 eram de US$ 60,1 bilhões (não havia dívidas com o FMI). Em setembro de 2002 estavam em US$ 38,4 bilhões (com US$ 19,4 bilhões de dívidas com o FMI), ou seja: as reservas ajustadas eram de apenas US$ 19,0 bilhões. Redução de 216,31% em relação ao ano de 1996.

 

7) Que a dívida total líquida da União (interna e externa) saltou de R$ 87,8 bilhões em dezembro de 1994 (25,13% do PIB), para R$ 1.145,1 bilhões em setembro de 2002 (88,98% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 254,08%.

 

8) Que do total da dívida da União citada no item (7) acima, existe um montante de R$ 287,8 bilhões sendo carregada ilegalmente pelo Banco Central do Brasil, por falta de tomadores em mercado.

 

9) Que se considerarmos também a dívida externa do setor privado de US$ 111,0 bilhões, ou R$ 296,5 bilhões (23,04% do PIB), a dívida total: interna, externa, pública e privada é da ordem de R$ 1.441,6 bilhões (112,02% do PIB).

 

10) Que o custo de carregamento da dívida pública interna de mercado considerando somente títulos competitivos, inclusive indexados ao câmbio, ficou em 317,61% a.a. em setembro/02, e a total em 337,95% a.a.  .

 

11) Que nossa séria histórica da balança comercial foi como segue: Superávit 79/84 (US$ 15,9 bilhões); Superávit 85/89 (US$ 67,3 bilhões); Superávit 90/94 (US$ 60,3 bilhões). E no período de janeiro de 1995 a setembro de 2002, pela primeira vez, geramos déficit comercial atingindo (US$ 13,8 bilhões). Avança Brasil!!! (para o Abismo).

 

12) Que a nossa séria histórica de necessidade de financiamento do Balanço de Pagamentos foi como segue: 79/84 (US$ 96,3 bilhões); 85/89 (US$ 67,2 bilhões); 90/94 (US$ 86,9 bilhões). E no período de janeiro de 1995 até setembro de 2002 migramos para (US$ 398,4 bilhões). Ou seja: no período de 1979/94 administramos um buraco médio em torno de U$S 15,5 bilhões ao ano. No período de janeiro de 1995 até setembro de 2002 um rombo médio em torno US$ 51,4 bilhões ao ano.

 

13) Que no período de janeiro de 1995 até setembro de 2002 recebemos um montante de US$ 192,3 bilhões (bilhões de dólares americanos) em investimentos externos (diretos e indiretos).

 

14) Que o gasto total com pessoal da União (diretos, indiretos, civis, militares, ativos e inativos) migrou de R$ 35,8 bilhões em 1994 para R$ 65,4 bilhões em 2001. Incremento de 82,68% em relação ao ano de 1994, cuja inflação medida pelo IPCA (IBGE) foi de 78,31% no período. E que com base nos gastos de janeiro de 2002 até setembro de 2002 podemos projetar um custo total de R$ 72,2 bilhões para o ano de 2002. Apesar de manter o mesmo efetivo em torno de dois milhões de pessoas. Avança Brasil!!! (para o abismo).  

 

15) Que considerando os três poderes da República, civis e militares, com base nos gastos de janeiro de 2002 até setembro de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal ativo do governo federal foi de R$ 3.322,92, sendo a média nacional dos trabalhadores formais nas atividades privadas de R$ 778,37, ou seja: 326,90% menor.

 

16) Que considerando os três poderes da República, civis e militares, com base nos gastos de janeiro de 2002 até setembro de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal inativo (aposentadorias e pensões) foi de R$ 2.589,47, sendo a média per capita dos inativos das atividades privadas de R$ 360,00 mensais, ou seja: 619,29% menor.

 

17) Que de janeiro de 2002 até setembro de 2002, não considerando receita da Cofins de R$ 36,3 bilhões desviada para atender o serviço da dívida, o déficit do setor privado (INSS) foi de R$ 6,4 bilhões e o público federal de R$ 21,4 bilhões, totalizando até o mês de setembro de 2002 um déficit de R$ 27,8 bilhões.

 

18) Que de janeiro de 2002 até setembro de 2002 o sistema de previdência do INSS arrecadou um montante de R$ 52,5 bilhões (sendo R$ 3,8 bilhões via CPMF) em contribuições de patrões, empregados e autônomos ativos da iniciativa privada, contingente em torno de 50 milhões, pagando benefícios da ordem R$ 58,9 bilhões para um contingente em torno de 20 milhões de aposentados e pensionistas, gerando um déficit de apenas R$ 6,4 bilhões.

 

19) Que de janeiro de 2002 até setembro de 2002 o governo federal arrecadou um montante R$ 3,9 bilhões de um contingente de funcionários ativos da ordem de 970.720, pagando benefícios de R$ 25,3 bilhões para um contingente da ordem de 986.205 aposentados e pensionistas, gerando um déficit de R$ 21,4 bilhões.

 

20) Que o Brasil é um país virgem, com vocação natural para o crescimento: 6,99% ao ano (1952/63); 6,22% ao ano (1964/84). E que somente governos perdulários e corruptos poderiam inviabilizar nossa vocação natural para o crescimento. Fato ocorrido a partir de 1985, com a instalação da “Democracia Meia-Sola”, com quedas sucessivas do crescimento: 4,39% ao ano (1985/89); 1,18% ao ano (1990/94) e de 2,43% ao ano (1995/01), gerando uma média medíocre de crescimento econômico real no período (1985/2001) de 2,66% ao ano, indicador responsável por todos os desequilíbrios atuais, principalmente previdência.

 

21) Que o PIB per capita no ano de 1994 foi de US$ 3.488,00. E que com base nos números conhecidos até setembro de 2002 podemos projetar um PIB per capita de US$ 2.768,00 para o ano corrente. Redução de 26,01% em relação ao ano de 1994. Avança Brasil!!!!! (para o Abismo).

 

22) Que o PIB em 1994 foi de US$ 543,1 bilhões. E que com base nos números conhecidos até setembro de 2002 podemos projetar um PIB de míseros US$ 481,7 bilhões para o ano corrente. Redução de 12,75% em comparação com o ano de 1994.

 

23) Que em 1994 a taxa média de desemprego aberto, medida pelo IBGE, foi de 5,1%. E em setembro de 2002 ficou em 7,5%, sendo a média do ano de 2002 de 7,3%. Houve um crescimento do desemprego de 43,14% em comparação ao ano de 1994

 

24) Que a amostragem do item (23) acima analisada tem o perfil como segue: a) empregados com carteira assinada (41,8%); b) sem carteira assinada (25,9%); c) trabalho por conta própria (21,0%); d) patrões (3,8%) e desocupados (7,5%). Portanto um contingente de 33,4% dos economicamente ativos, compostos dos sem carteira assinada e desocupados são excluídos do Brasil Oficial.

 

05 de novembro de 2002

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.

 

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. Você Sabia? Parte V (Base Setembro de 2002). Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/economia/voce-sabia-parte-v-base-setembro-de-2002/ Acesso em: 03 dez. 2024
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