Em março, vendas do varejo crescem 1,6%. Receita nominal avança 0,9%
O comércio varejista registrou altas de 1,6% no volume de vendas e de 0,9% na receita nominal em março, na comparação com o mês anterior. Ajustados sazonalmente, os resultados expressam uma aceleração no ritmo de crescimento das vendas. Já na comparação com março de 2009, o volume de vendas cresceu 15,7%, e a receita nominal 19,1%. Nos acumulados do 1º trimestre e dos últimos 12 meses, foram verificados avanços de 12,8% e 8,0%, respectivamente, no volume de vendas. As variações da receita nominal, também positivas, ficaram em 15,6% e 11,5%, respectivamente.
O comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou alta de 5,0% para o volume de vendas e de 3,9% para a receita nominal, ambas com ajuste sazonal, em relação ao mês anterior. Na comparação com março de 2009, as variações ficaram em 22,0% para o volume de vendas e de 23,8% para a receita nominal. No acumulado do trimestre e dos últimos 12 meses, o setor apresentou taxas de variação de 15,5% e 9,6% para o volume e de 17,2% e 10,3% para a receita nominal de vendas, respectivamente.
Volume de vendas cresce em sete das 10 atividades pesquisadas
Em março, sete das 10 atividades pesquisadas registraram crescimento no volume de vendas com ajuste sazonal, com os seguintes resultados: Veículos e motos, partes e peças (10,3%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (8,6%); Material de construção (3,0%); Tecidos, vestuário e calçados (1,5%); Combustíveis e lubrificantes (1,5%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,6%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%); Móveis e eletrodomésticos (-0,1%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,2%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,8%).
Na comparação com março de 2009, todas as oito atividades do varejo registraram crescimento do volume de vendas, com as seguintes taxas: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (15,3%); Móveis e eletrodomésticos (25,7%); Tecidos, vestuário e calçados (15,7%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (15,2%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (35,4%); Combustíveis e lubrificantes (6,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (7,9%).
O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com variação de 15,3%, respondeu pela principal contribuição (48,4%) da taxa global do varejo. Em termos de acumulado, no 1º trimestre de 2010 a atividade apresentou crescimento de 12,4%. Já nos últimos 12 meses, a variação ficou em 10,4%. Tal desempenho é fruto do aumento do poder de compra da população, decorrente do aumento da massa real efetiva dos assalariados (7,1% sobre março de 2009, segundo a PME). Também contribuiu o fato de a variação de preços dos alimentos ter ficado abaixo da inflação média (4,7% no Grupo Alimentação no Domicílio, nos últimos 12 meses, contra 5,2% do Índice Geral, segundo o IPCA).
Já Móveis e eletrodomésticos, com alta de 25,7% no volume de vendas na comparação com março de 2009, representou o segundo maior impacto na formação da taxa do varejo (25,0%). O resultado deve ser atribuído a estoques de produtos da linha branca com redução de IPI e ao fato de a oferta de crédito ter se aproximado do patamar pré-crise financeira. Nos acumulados do trimestre e dos últimos 12 meses, as variações ficaram em 21,7% e 6,7%, respectivamente.
Tecidos, vestuário e calçados foi o segmento responsável pelo terceiro maior impacto na formação da taxa global (6,3%), e seu volume de vendas cresceu 15,7% em março (sobre igual mês do ano passado). No 1º trimestre, a variação ficou em 9,5%. Já a taxa acumulada nos últimos 12 meses avançou 0,4%. As altas mostram a recuperação do setor, que desde outubro de 2009 apresenta variações postivas apesar do comportamento crescente nos preços ao longo dos últimos 12 meses (6,0% de alta no grupo Vestuário, acima do índice geral de 5,1%, segundo o IPCA).
O segmento de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com a quarta maior participação na taxa global (6,1%), apresentou crescimento de 15,2% na comparação com março de 2009; 13,4% de variação nos três primeiros meses de 2010 e alta de 12,1% no acumulado dos últimos 12 meses. A expansão da massa de salários e a diversificação na linha de produtos são os principais fatores para esse desempenho.
Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com o quinto maior impacto na taxa, cresceu 8,4% no volume de vendas em relação a março de 2009 e foi responsável por 4,8% da taxa geral. A atividade tem seu desempenho impulsionado pela manutenção do crescimento da massa salarial. O acumulado do trimestre foi da ordem de 6,4% e o dos últimos 12 meses avançou 8,4%.
O segmento de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, responsável pelo sexto maior impacto na formação da taxa global, obteve acréscimo de 35,4% no volume de vendas em março (sobre igual mês de 2009) e taxa acumulada de 29,9% no primeiro trimestre do ano. Nos últimos 12 meses, a alta ficou em de 14,0%. Trata-se da atividade com o maior patamar de crescimento no mês, o que pode ser explicado pela redução dos preços de produtos que compõem a atividade1 e a crescente importância destes nos hábitos de consumo familiar.
Já Combustíveis e lubrificantes, com alta de 6,4% no volume de vendas em relação a março de 2009, respondeu pela sétima maior contribuição à taxa global. No trimestre, o desempenho acumulado ficou em 5,4%, e nos últimos 12 meses somou 1,4%. Este comportamento decorre da alta de preços do álcool combustível (variação de 19,3% nos últimos 12 meses – subitem Álcool do item Combustível do IPCA).
A atividade de Livros, jornais, revistas e papelaria, com crescimento de 7,9%, exerceu a oitava maior influência no resultado. O volume de vendas variou 8,3% no trimestre e 8,4% nos últimos 12 meses. Os resultados decorrem basicamente do aumento da massa salarial e da diversificação da linha de produtos.
Veículos, motos, partes e peças registrou expansão de 32,4% em relação a março de 2009, com altas de 20,7% e 14,6% no trimestre e nos últimos 12 meses, respectivamente. Em março, o término da redução do IPI gerou antecipações de compra, que somadas às facilidades de crédito contribuíram para a dinâmica atual do setor.
Quanto a Material de construção, as variações ficaram em 19,5% em relação a março de 2009, 14,7% no acumulado do ano e de –1,5% nos últimos 12 meses. A quinta alta consecutiva da atividade sinaliza a recuperação do setor, que registrou quedas nos 10 primeiros meses de 2009. O aumento da confiança dos agentes econômicos e os incentivos governamentais (redução de IPI) podem explicar tal comportamento.
Todas as UFs apresentam resultados positivos
Todas as 27 Unidades da Federação apresentaram resultados positivos na comparação com março de 2009, com destaque para Tocantins (48,9%); Rondônia (31,7%); Acre (31,5%); Mato Grosso (23,5%); Maranhão (21,9%) e Piauí (20,7%). Na composição da taxa global do comércio, sobressaíram São Paulo (16,2%); Rio de Janeiro (12,3%); Minas Gerais (14,0%); Paraná (16,7%); Rio Grande do Sul (13,3%) e Bahia (19,0%). Quanto ao varejo ampliado, as maiores altas no volume de vendas ocorreram em Tocantins (43,6%); Espírito Santo (38,6%); Rondônia (38,1%); Ceará (33,1%) e Mato Grosso do Sul (29,7%). Na composição do setor, destaques para São Paulo (22,1%); Minas Gerais (21,9%); Rio de Janeiro (17,1%); Paraná (21,5%); Bahia (24,7%) e Santa Catarina (17,6%).
No trimestre, avanço de 12,8%
No 1º trimestre de 2010, a alta de 12,8% na comparação com o mesmo período de 2009 ficou acima não só da variação do último trimestre do ano anterior (8,9%) como de todos os trimestres iniciados em janeiro de 2004 (ano considerado de recuperação econômica após a “crise das ponto.com”).
Comparando os resultados do varejo dos dois últimos trimestres, observa-se redução das taxas em Livros, jornais, revistas e papelaria (de 10,3% para 8,3%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (de 7,7% para 6,4%). Apresentam melhoras: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (de 7,6% para 29,9%); Móveis e eletrodomésticos (de 10,4% para 21,7%); Tecidos, vestuário e calçados (de 5,1% para 9,5%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (de 10,0% para 12,4%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (de 11,4% para 13,4%) e Combustíveis e lubrificantes (de 3,2% para 5,4%).
Em termos de comércio varejista ampliado, os 15,5% de variação no primeiro trimestre de 2010 superaram os 13,9% referentes ao quarto trimestre do ano de 2009. Em sua composição, além das atividades descritas acima, tem-se ainda os resultado de Veículos, motos, partes e peças (retração de 27,9% para 20,7%) e Material de construção (alta de 4,7% para 14,7%).
Nota:
1 Segundo IPCA, o subitem Microcomputadores teve variação acumulada nos últimos 12 meses de –7,7%.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini