Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Maio de 2009
Ricardo Bergamini*
Produção industrial avança 1,3% de abril para maio
Em maio deste ano, a produção industrial cresceu 1,3% frente ao mês anterior, já descontadas as influências sazonais. Foi o quinto resultado positivo consecutivo nessa comparação, o que levou a uma expansão de 7,8% nesses cinco primeiros meses de 2009. Em relação a maio de 2008, houve recuo de 11,3%, mantendo uma sequência de sete meses de taxas negativas nesse confronto. No acumulado no ano, em relação a 2008, a atividade industrial reduziu o ritmo de queda, de -14,6% em abril para -13,9% em maio. O acumulado nos últimos 12 meses (-5,1%) ficou 1,2 ponto percentual abaixo do resultado de abril (-3,9%) e atingiu sua marca mais baixa desde o início da série histórica (em 1991).
Em relação a abril, todas as categorias de uso tiveram aumento de produção
O aumento no ritmo da produção industrial entre abril e maio atingiu 20 das 27 atividades ajustadas sazonalmente e todas as quatro categorias de uso.
Dentre as atividades, sobressaíram os resultados da indústria farmacêutica (9,7%), de veículos automotores (2,0%), metalurgia básica (3,1%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (6,6%), outros equipamentos de transporte (3,3%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,2%). Pressionando negativamente, destacaram-se borracha e plástico (-2,7%), produtos de metal (-3,0%) e fumo (-8,4%), que, em abril, haviam crescido 6,8%, 6,6% e 12,8%, respectivamente.
Já entre as categorias de uso, os bens de consumo duráveis sustentaram o maior ritmo de crescimento (3,8%) na passagem de abril para maio, seguidos por bens de consumo semi e não-duráveis (1,3%) e bens intermediários (1,2%). Os bens de capital (0,7%) tiveram crescimento abaixo da média (1,3%).
O comportamento positivo da atividade industrial em maio confirmou a trajetória ascendente, iniciada em março, do índice de média móvel trimestral. Para a indústria em geral, o acréscimo entre abril e maio foi de 1,1%, com bens de consumo duráveis exibindo o maior incremento (2,7%), seguido por bens intermediários (1,0%) e bens de consumo semi e não-duráveis (0,9%). O setor de bens de capital registrou a sétima taxa negativa consecutiva (-0,7%), mas com ritmo de queda menos intenso do que nos meses anteriores.
Na comparação com maio de 2008, só 5 atividades têm resultado positivo
Em relação a maio de 2008, a retração de 11,3% na indústria refletiu o comportamento negativo de 22 das 27 atividades pesquisadas. Nesse confronto, todas as categorias de uso registraram decréscimo.
Entre as atividades, os maiores impactos vieram, por ordem de importância, de máquinas e equipamentos (-28,0%), veículos automotores (-17,6%), metalurgia básica (-24,5%) e material eletrônico e de comunicações (-34,4%). Das cinco atividades em crescimento, farmacêutica (15,7%) e bebidas (6,2%) foram as que mais impactaram o índice global.
Entre as categorias de uso, os bens de capital tiveram o recuo mais elevado (-22,8%). Houve reduções em todos os grupamentos, com destaque para bens de capital para uso misto (-26,4%), pressionado principalmente por equipamentos para telefonia celular e produtos de informática; bens de capital para uso industrial (-34,1%); para transporte (-8,6%); para construção (-60,5%); e para energia elétrica (-30,6%).
A produção de bens duráveis ficou 13,7% abaixo da de maio de 2008, influenciada pela menor fabricação de automóveis (-8,4%) e eletrodomésticos (-11,1%), especialmente os da “linha marrom”1 (-34,0%), já que a produção da “linha branca”2 cresceu 0,9% nessa comparação – o que não ocorria desde setembro de 2008. Vale citar ainda a contribuição negativa dos telefones celulares (-29,3%).
Os bens intermediários apresentaram recuo de 13,8%, influenciado por vários dos seus subsetores, com destaque para os produtos associados às atividades de metalurgia básica (-24,5%), indústrias extrativas (-14,2%), outros produtos químicos (-12,3), veículos automotores (-24,2%) e borracha e plástico (-20,3%). Sobressaíram também os índices negativos observados em insumos para construção civil (-10,1%) e embalagens (-7,5%). A única influência positiva veio dos itens associados ao setor de alimentos (3,7%), impulsionados em grande parte pelo aumento na produção de açúcar cristal.
A redução de 1,8% no setor de bens de consumo semi e não-duráveis também refletiu o comportamento negativo de vários subsetores, em particular o de semiduráveis (-12,6%) e alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-2,4%). A única pressão positiva veio do grupamento de outros não-duráveis (2,1%), explicada, em grande parte, pela produção de medicamentos.
Frente a 2008, produção industrial de janeiro a maio tem perfil generalizado de queda
O índice acumulado de janeiro a maio de 2009, contra igual período de 2008, recuou 13,9% para a indústria, com perfil generalizado de queda, atingindo 24 das 27 atividades e todas as categorias de uso.
Os veículos automotores (-24,7%) mantêm-se como a pressão negativa mais significativa, seguidos por máquinas e equipamentos (-29,2%), metalurgia básica (-28,9%) e material eletrônico e aparelhos de comunicações (-41,2%). Os setores com impactos positivos na formação do índice global foram outros equipamentos de transportes (16,7%), farmacêutica (10,0%) e bebidas (5,5%).
O acumulado em 2009 mostra recuo também em 63 dos 76 subsetores industriais investigados. Dentre eles, vale citar, pela magnitude da perda, os resultados de segmentos mais relacionados às exportações: extração de minérios ferrosos (-35,4%); ferro-gusa, ferroligas e semiacabados de aço (-40,7%), abate de aves e preparação de carnes (-4,6%) e abate de bovinos e suínos e preparação de carnes (-4,6%). Há também índices negativos em alguns subsetores de bens de capital, como máquinas e equipamentos para fins industriais e comerciais (-31,1%), tratores e máquinas e equipamentos agrícolas (-33,3%) e máquinas e equipamentos para extração mineral e construção (-61,0%).
Na análise do acumulado no ano por categoria de uso, bens de capital (-22,7%) lideram em termos de taxa negativa, vindo em seguida bens de consumo duráveis (-20,5%) e bens intermediários (-16,7%), todas com perdas acima da média nacional (-13,9%). Na categoria de bens de consumo semi e não-duráveis, a variação foi de -2,8%.
Em síntese, os resultados da produção industrial de maio reforçam os sinais de recuperação no ritmo da atividade fabril. Segundo o índice de média móvel trimestral, a indústria geral acumulou, de fevereiro a maio deste ano, crescimento de 4,2%, sendo que, nesse período, o saldo é positivo para bens de consumo duráveis (22,7%), bens intermediários (3,7%) e bens de consumo semi e não-duráveis (3,2%). A exceção ficou com os bens de capital, que assinalam perda de 5,9%. Esse perfil de desempenho sugere que o fator de peso na recuperação de 2009 está associado a setores relacionados à demanda interna, enquanto os segmentos produtores de bens de capital e para exportação continuam pressionando negativamente.
Notas:
1 Televisores, aparelhos de som e DVDs.
2 Refrigeradores e congeladores; fogões; máquina de lavar e secadora.
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* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.