Produção industrial cresce 2,8% de fevereiro para março
A produção industrial avançou 2,8% na passagem de fevereiro para março deste ano, descontadas as influências sazonais, acumulando, em quatro meses de expansão, ganho de 5,7%. Frente a março de 2009, houve crescimento de 19,7%, quarto avanço consecutivo de dois dígitos nesse tipo de confronto. Assim, o setor industrial acumulou, no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 18,1%, frente a igual período de 2009, e 3,0% no confronto com o trimestre imediatamente anterior (4º tri de 2009), na série com ajuste sazonal. Já a taxa anualizada (acumulado nos últimos 12 meses), ao recuar 0,3%, prosseguiu com redução no ritmo de perda e registrou a queda menos intensa, nessa comparação, desde janeiro de 2009 (1,0%).
Na série com ajuste sazonal (2,8%), com a expansão acumulada de 5,7%, observada nos últimos quatro meses, o patamar de produção em março de 2010 ficou 0,3% abaixo do recorde atingido em julho de 2008 e praticamente eliminou a perda de 20,6% acumulada nos três últimos meses daquele ano.
O crescimento de fevereiro para março foi disseminado por 19 dos 27 setores industriais. Entre eles vale mencionar veículos automotores (10,6%), que superaram a perda de 5,6% acumulada nos últimos quatro meses, alimentos (5,0%), máquinas e equipamentos (5,2%), bebidas (7,6%) e celulose e papel (6,4%). Por outro lado, as principais pressões negativas vieram de refino de petróleo e produção de álcool (-9,4%), refletindo em grande parte paralisações ocorridas em unidades produtoras de importante empresa do setor, e da indústria farmacêutica, que, após avançar 17,0% em fevereiro, recuou 9,7% em março.
Ainda na comparação março/ fevereiro, entre as categorias de uso, o segmento de bens de capital (3,0%) seguiu crescendo e teve a taxa mais elevada. As expansões de bens de consumo semi e não duráveis (1,3%), que apontaram o quarto resultado positivo consecutivo, e de bens intermediários (1,3%), que voltaram a crescer após queda de 0,5% no mês anterior, ficaram abaixo da média. O setor de bens de consumo duráveis (0,1%) ficou estável após acumular expansão de 9,2% nos dois últimos meses.
O desempenho positivo da atividade industrial em março confirmou a trajetória ascendente da média móvel trimestral, que cresce há 13 meses. Na indústria geral, o avanço registrado entre fevereiro e março foi de 1,8%, acelerando o ritmo frente aos últimos quatro meses. O destaque ficou com os bens de consumo duráveis (2,9%), com o maior incremento entre as categorias de uso, vindo a seguir bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis (ambos com 1,4%). O setor de bens intermediários (1,0%) também mostrou taxa positiva e segue em trajetória ascendente desde março de 2009.
Só refino de petróleo e indústria de fumo reduzem produção em relação a março de 2009
O crescimento da produção industrial em relação a março de 2009 (19,7%) também teve perfil generalizado, atingindo 25 das 27 atividades pesquisadas, e refletiu, mais uma vez, não só a aceleração no ritmo fabril como também a baixa base de comparação, decorrente dos efeitos da crise econômica internacional no ano passado. Além disso, março de 2010 teve um dia útil a mais que março de 2009. O índice de difusão, com avanço em 77% dos 755 produtos investigados, também evidenciou o dinamismo no setor industrial, ao registrar o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2003.
Os veículos automotores (36,6%) e as máquinas e equipamentos (49,5%) exerceram os principais impactos positivos na formação da taxa global. Vale destacar também os avanços de metalurgia básica (36,9%), produtos de metal (41,2%), outros produtos químicos (18,2%), farmacêutica (22,3%), alimentos (8,3%), indústrias extrativas (15,8%) e borracha e plástico (25,8%). Já as contribuições negativas vieram de refino de petróleo e produção de álcool (-11,0%), pressionado pela paralisação citada anteriormente, e fumo (-4,1%), por conta da menor produção de cigarros.
Nessa mesma comparação, todas as categorias de uso apontaram crescimento. O setor de bens de capital (38,4%), com a taxa mais elevada e a maior para o segmento desde março de 2004 (39,9%), teve seu desempenho influenciado pela expansão em todos os seus subsetores, com destaque para bens de capital para equipamentos de transporte (33,7%), para construção (244,5%), para uso misto (37,0%) e para fins industriais (23,1%). A produção de bens de consumo duráveis (25,8%%) continuou expandindo a dois dígitos, impulsionada pelos eletrodomésticos (54,3%), tanto de “linha branca”1 (32,1%) como de “linha marrom”2 (80,3%), automóveis (17,4%) e telefones celulares (6,3%).
Os bens intermediários (18,6%) mantiveram sequência de cinco taxas positivas, sustentados em grande parte pelos produtos associados à metalurgia básica (36,9%), veículos automotores (48,7%), outros produtos químicos (17,2%), indústrias extrativas (15,8%), produtos de metal (48,8%) e borracha e plástico (26,4%). Refino de petróleo e produção de álcool (-15,8%) foi a única pressão negativa. Vale destacar também os desempenhos positivos dos insumos para construção civil (19,6%), maior marca desde dezembro de 1994 (21,6%), e das embalagens (21,7%), com a taxa mais elevada da série histórica.
Por fim, os bens de consumo semi e não duráveis (11,4%), com a segunda taxa de crescimento de dois dígitos consecutiva e a mais alta desde julho de 1996 (12,6%), teve resultados positivos em todos os seus subsetores, com destaque para outros não duráveis (12,4%) e alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (10,9%).
No 1º trimestre, cresce produção de 24 das 27 atividades e de todas as categorias de uso
No acumulado nos três primeiros meses deste ano, frente a igual período de 2009, o avanço (18,1%) foi sustentado pelos resultados positivos de 24 das 27 atividades e todas as categorias de uso.
Entre os setores, o de veículos automotores (38,0%) manteve a liderança como maior pressão positiva, impulsionado pela expansão em 96% dos produtos pesquisados, com destaque para automóveis e caminhões. Vale citar também as contribuições positivas de máquinas e equipamentos (42,1%), metalurgia básica (35,2%), outros produtos químicos (25,6%), produtos de metal (43,0%) e indústrias extrativas (19,1%). Dos três ramos em queda, o de outros equipamentos de transporte (-11,3%) manteve-se como maior impacto negativo.
Observa-se aceleração no ritmo de crescimento da indústria na passagem do último trimestre de 2009 (5,9%) para o primeiro de 2010 (18,1%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. Esse movimento alcançou todas as categorias de uso, com bens de capital (de -1,6% no último trimestre de 2009 para 25,6% no primeiro trimestre de 2010) e bens intermediários (de 6,7% para 19,5%) apontando os maiores ganhos de ritmo.
A produção de bens de consumo semi e não duráveis (de 2,4% para 9,1%) também acelerou, mas prosseguiu com desempenho abaixo da média nos dois trimestres. O segmento de bens de consumo duráveis, que manteve a liderança em magnitude de crescimento nos dois trimestres, mostrou o menor ganho entre os dois períodos, de 25,0% nos três últimos meses de 2009 para 28,4% no trimestre seguinte.
Frente ao trimestre anterior, produção cresce há quatro períodos consecutivos
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a produção industrial cresce por quatro períodos consecutivos, acumulando ganho de 17,2%. Entre as categorias uso, bens de consumo duráveis (28,7%) e bens de capital (25,3%) têm os maiores ganhos acumulados, seguidos por bens intermediários (18,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (9,1%).
Notas:
1 Refrigeradores e congeladores; fogões; máquina de lavar e secadoras.
2 Televisores, rádio e DVD.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini