US$ Bilhões
2001 |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
68,6 |
72,3 |
82,7 |
93,2 |
111,7 |
152,2 |
190,2 |
204,0 |
214,0 |
I – Introdução
A pesquisa Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) é realizada anualmente, desde o ano-base 2001, pelo Banco Central do Brasil. Seu objetivo é o de mensurar os estoques de ativos no exterior detidos por residentes na economia brasileira na posição de 31 de dezembro de cada ano. A declaração é obrigatória para pessoas físicas e jurídicas que detinham ativos no exterior, ao fim de cada ano-base, em montante igual ou superior a US$100 mil.
Os resultados do CBE permitem completar a contabilidade do total de ativos externos do Brasil, possibilitando, em conjunto com os passivos externos, a aferição da Posição Internacional de Investimentos (PII) que, integrada com o balanço de pagamentos, constituem as estatísticas fundamentais para a análise do setor externo da economia brasileira. Tais informações fazem parte do conjunto de dados obrigatórios para os países participantes do Padrão Especial de Disseminação de Dados (PEDD), iniciativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ampliar a divulgação e transparência das estatísticas econômicas, que conta, em 2011, com 68 países participantes. Adicionalmente, os dados obtidos pelo CBE permitem ao país participar da Pesquisa Coordenada sobre Investimentos em Portfólio (Coordinated Portfolio Investment Survey, CPIS), da Pesquisa Coordenada sobre Investimentos Diretos (Coordinated Direct Investment Survey, CDIS), ambas anuais e realizadas pelo FMI, visando apurar os estoques globais de investimentos diretos e em carteira, bem como sua distribuição por país investido.
II – Resultados do CBE – Ano-base 2009
O CBE apurou ativos totais de US$214 bilhões para o ano-base 2009, representando expansão de 4,9% em relação aos valores revisados referentes a 2008, US$204 bilhões. Desse total, destaquem-se os investimentos brasileiros diretos no exterior (IBD), que atingiram US$164,5 bilhões, crescimento de 5,7% em relação ao ano anterior, revisto para US$155,7 bilhões. Os outros investimentos registraram US$32,6 bilhões, enquanto os investimentos em carteira 2 somaram US$16,5 bilhões, e os derivativos, US$426 milhões, com variações anuais respectivas de -3,9%, 19,1% e -30%.
Para o ano-base 2009, o CBE registrou 16.924 declarações, o que representou aumentos de 5,1% em relação ao ano anterior e de 45,2% na comparação com a primeira pesquisa, em 2001. O CBE 2009 registrou 14.990 declarações de pessoas físicas e 1.934 de pessoas jurídicas. Em relação ao volume de ativos declarados, as pessoas jurídicas responderam por US$172,2 bilhões, 80,5% do total, enquanto as declarações de pessoas físicas totalizaram US$41,8 bilhões.
O estoque de IBD, US$164,5 bilhões em 2009, manteve a trajetória de expansão observada em todas as edições do CBE. A comparação com a primeira apuração do CBE, em 2001, mostra que o IBD, que naquele ano totalizara US$49,7 bilhões, mais que triplicou, evidenciando a solidez desta trajetória bem como a robusta e acelerada internacionalização das empresas de capital brasileiro.
Em 2009, a participação direta de residentes no capital de empresas no exterior, parcela do IBD que reflete a efetiva participação do investidor na gestão do empreendimento, somou US$132,4 bilhões, crescimento de 16,4% na comparação com o valor apurado para o ano anterior. As participações no capital corresponderam a 80,5% do IBD no ano, comparativamente a 73,1% em 2008. A maior parte dos ativos dessa natureza é de propriedade de investidores de grande porte. Do total do estoque de IBD – participação no capital, US$84,5 bilhões, equivalentes a 63,8% do total apurado na data-base, referem-se a ativos de residentes que possuem acima de US$1 bilhão investido no exterior. Da mesma maneira, as empresas investidas no exterior também são, em sua maioria, de grande porte, com os investimentos individuais em montante superior a US$1 bilhão totalizando US$69 bilhões, 52,1% do total.
O IBD – participação no capital concentrou-se em atividades de extração de minerais metálicos, 30,2% do total, e em serviços financeiros e atividades auxiliares, 38,8%. Relativamente à distribuição geográfica desses investimentos no exterior, destaque-se a Áustria, país no qual foram investidos 27,4% do estoque total. Os paraísos fiscais permanecem como importante destino do IBD, ressaltando as Ilhas Cayman, 13,8%; Ilhas 3 Virgens Britânicas, 10,1%; e Ilhas Bahamas, 7,8%. Em seguida, os ativos nos Estados Unidos, 7,5%; Dinamarca, 7,3% e Espanha, 4%.
As operações intercompanhias – que juntamente com a participação no capital compõem o total do IBD e que compreendem os créditos concedidos a subsidiárias e filiais no exterior na forma de empréstimos e financiamentos de bens e serviços e compra de títulos emitidos por essas coligadas – sofreram retração anual de 23,4%, e atingiram US$32,1 bilhões ao final de 2009, dos quais US$28,6 bilhões em operações de longo prazo e US$3,5 bilhões a curto prazo. A maioria absoluta dessas operações está destinada às Ilhas Cayman, US$27,3 bilhões. Na análise setorial, destacam-se os setores de extração de petróleo e gás natural, US$27 bilhões, e o de empresas holdings não-financeiras, US$2 bilhões.
Os investimentos brasileiros em carteira no exterior totalizaram US$16,5 bilhões, incremento de 19,1% em relação a 2008. Desse estoque total, os investimentos em ações somaram US$8,6 bilhões, elevação de 79% na comparação com a posição no ano anterior, dos quais os Brazilian Depositary Receipts (BDR) representaram US$2,9 bilhões. Em relação à distribuição geográfica desses investimentos, Bermudas ultrapassou os Estados Unidos no ano-base 2009, respondendo por 32,6% do investimento em ações. Estados Unidos, Ilhas Cayman e Bahamas foram os outros principais destinos, com participações respectivas de 22,7%, 9,8% e 9,8%.
Os investimentos brasileiros no exterior em títulos de renda fixa atingiram estoque de US$7,9 bilhões em 2009, composto por US$5,3 bilhões em papéis de longo prazo e US$2,6 bilhões de curto prazo, redução de 12,9% na comparação com o saldo total apurado para 2008. Em relação aos títulos de renda fixa de longo prazo, o principal destino do investimento brasileiro foi a Dinamarca, 29,6%, seguido de Coréia do Sul, Espanha e Estados Unidos, respectivamente, 17,2%, 17,1% e 14%. Os investimentos brasileiros em papéis de curto prazo concentram-se nas Ilhas Cayman, 34,2%, e Estados Unidos, 27,6%.
Os outros investimentos totalizaram US$32,6 bilhões em 2009, retração de 3,9% comparativamente ao ano anterior. Os recursos mantidos no exterior na forma de moeda estrangeira e, sobretudo, de depósitos, acumularam US$23 bilhões, correspondendo a 70,6% desse total. Os depósitos situaram-se principalmente nos Estados Unidos, 46,7%, seguido das Ilhas Cayman, 14,3%. Os empréstimos a não residentes, excetuados os créditos entre 4 empresas ligadas, somaram US$3,1 bilhões, dos quais US$126 milhões de curto prazo e US$3 bilhões de longo prazo. Os outros ativos no exterior somavam US$6,4 bilhões.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.
(48) 4105-0832
(48) 9976-6974
ricardobergamini@ricardobergamini.com.br
http://www.ricardobergamini.com.br
www.ricardobergamini.com.br/blog