Blog jurídico: uma poderosa ferramenta de negócios
Marco Antonio P. Gonçalves*
Segundo a Wikipédia, weblog, ou simplesmente blog, é “uma página da Web cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente (como um histórico ou diário)”1. Normalmente são sites de visual simples, com uma organização bastante objetiva, voltados para a inclusão rápida de conteúdo e que permitem comentários pelos visitantes.
O termo weblog surgiu pela primeira vez em 1997 e, a partir de 1999/2000, tornou-se um recurso extremamente popular que, sob certos aspectos, mudou a face da internet. Segundo estudo publicado em outubro de 2006 pela Technorati, site especializado no acompanhamento da chamada “blogosfera”, o conjunto de todos os blogs disponíveis na internet, existem mais de 57 milhões de blogs, número que aumentou substancialmente a partir de 20052. O estudo indica também que novos blogs são criados a cada segundo e que uma média de 1,6 milhão de posts são publicados diariamente.
Com toda essa quantidade, a qualidade certamente varia muito. Existem muitos blogs excelentes, verdadeiras referências, assim como muitos de qualidade duvidosa, para não mencionar que a grande maioria carece de atualização regular. Nos últimos anos ganharam forte atenção do mundo empresarial, ainda que permaneça uma visão preconceituosa de que blogs servem apenas para adolescentes escreverem sobre suas vidas. Mas, no geral, esse pensamento vem mudando, pois quem se envolve profissionalmente com blogs, seja do ponto de vista de leitor ou de autor, só tem a ganhar.
Em vários países do exterior, principalmente nos Estados Unidos, já existem inúmeros blogs mantidos por advogados, seja de forma independente ou associada a um escritório. Já são vários os exemplos de sucesso, pois blogs agregam credibilidade ao seu autor, permitem a interação com visitantes através de comentários e, em muitos casos, geram negócios. Em outras palavras, o advento dos blogs jurídicos não pode ser ignorado pelos advogados brasileiros.
Já existem blogs jurídicos no Brasil, mas o número total ainda é pequeno. Ainda menor, então, é o número de blogs de escritórios. Como é uma tendência aparentemente irreversível, os escritórios que saírem na frente certamente terão inúmeras vantagens sobre os demais. Um ponto importante a ressaltar é que blogs, embora sejam sites, não tem o apelo institucional característico de um site tradicional. Devem, sim, ser vistos como um complemento de grande valor, e uma excelente ferramenta de marketing jurídico, com capacidade para levar o relacionamento com clientes, potenciais clientes e o mercado em geral a novas direções.
Para um melhor entendimento do quanto um blog pode ser valioso para um escritório, seguem algumas características básicas:
* Tempo – Para um blog ter maiores chances de sucesso, é preciso que ele sempre tenha novidades. Ou seja, é preciso que o advogado responsável invista um tempo, semanalmente ou até diariamente, na criação de novos posts. Por outro lado, blogs podem ter vários autores, o que possibilita a divisão do trabalho de atualização.
* Paciência – Além do investimento de tempo, é preciso entender que os visitantes só vêm com o tempo. Não se deve achar que o mundo descobrirá o blog da noite para o dia. É preciso escrever bastante, sendo que uma divulgação no site do escritório e em outros meios de comunicação é muito bem-vinda.
* Credibilidade – A principal conseqüência de se manter um blog jurídico, com posts de qualidade, é seu autor ganhar credibilidade como resultado da exposição contínua de seus conhecimentos. Essa credibilidade poderá ser recompensada com comentários dos visitantes e contatos diretos, que poderão resultar em negócios, participação em matérias da imprensa, convites para publicar artigos, convites para palestras etc.
* Relacionamento – Diferentemente dos sites tradicionais, blogs permitem que os visitantes deixem comentários, o que leva a uma conversação permanente entre o autor do blog e seus visitantes. O mais interessante é que essa interação pode se transformar em relacionamentos rentáveis e duradouros.
* Google – O Google simplesmente adora blogs. Quanto maior o número de posts publicados, maior o número de páginas no índice do Google e, conseqüentemente, maior o número de visitantes. E, quanto maior for esse número, maior será o de visitantes realmente interessados no conteúdo do blog.
Para aumentar as chances de sucesso, não basta apenas criar um blog e sair escrevendo sobre todo e qualquer assunto jurídico. É preciso, também, realizar um mínimo de planejamento e tomar certos cuidados. Seguem algumas recomendações básicas:
* Nicho – É essencial escolher uma área específica do Direito, idealmente um nicho, e explorá-la ao máximo. Ainda que existam poucos blogs de escritórios, a escolha de um nicho bem delimitado terá maiores chances de trazer resultados. Um ponto fundamental é garantir que o nicho escolhido seja um assunto efetivamente dominado pelo advogado.
* Título do blog – O título deve, explicitamente, refletir o tema do blog, o nicho escolhido. É essencial, pois muitas pessoas encontrarão o blog através de ferramentas de busca. Logo, é preciso um título que se destaque nas páginas de resultados.
* Conteúdo – Os posts são a alma do blog e devem, obrigatoriamente, ser relevantes, atuais e de qualidade. Devem refletir o conhecimento e a personalidade de seu autor. É preciso lembrar que, ainda que um blog possa ser associado a um escritório, ele deve ter voz própria. Não deve nunca apresentar textos no estilo de material institucional.
* Título dos posts – Muito importante também é dar bons títulos aos posts. O título deve refletir o conteúdo e, ao mesmo tempo, ser atraente. Assim como o título do blog, o título dos posts aparece nas páginas de resultados das ferramentas de busca.
* Links– Manter uma lista de links é uma característica da ferramenta. Além da lista, que geralmente fica na lateral do blog, é recomendável criar links nos posts para todos os sites e blogs citados. Os links ajudam a aumentar a audiência, proporcionam eventuais contatos e levam um blog a subir no ranking do Google. Nessa mesma linha de raciocínio, é aconselhável também deixar comentários nos posts de outros blogs.
Depois de todas essas informações, como, então, fazer para criar um blog? Geralmente é uma tarefa considerada fácil até para os leigos em informática. No Brasil, existem diversas opções disponíveis, em sua maioria gratuitas e com explicações detalhadas. Destaque para o Blogger, um dos serviços pioneiros e que atualmente ganhou novos recursos3. Saindo da linha gratuita, uma das melhores soluções disponíveis no mercado é o TypePad4. Não é uma solução totalmente disponível em português, mas, com a ajuda de um técnico, é possível ter um blog de última geração em nosso idioma.
Enfim, as possibilidades são inúmeras. Talvez o mais importante, de tudo o que foi dito, seja entender que blogs podem ter um papel marcante na estratégia de marketing de qualquer escritório de advocacia.
Notas:
1. Vide informações disponíveis em http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog.
2. Vide http://www.sifry.com/alerts/archives/000443.html.
3. Vide http://www.blogger.com/start?hl=pt-BR.
4. Vide http://www.typepad.com.
* Administrador especializado em estratégias de marketing e desenvolvimento de negócios para escritórios de advocacia, com mais de 10 anos de experiência nos mercados de advocacia e tecnologia da informação. Trabalhou por sete anos em um dos maiores e mais tradicionais escritórios do país (entre os 30 maiores segundo o ranking Análise Advocacia 2008) e atualmente é sócio-executivo da consultoria Gonçalves & Gonçalves Marketing Jurídico. Palestrante habitual em eventos realizados pelo Brasil e via internet, com longa experiência atuando como professor/instrutor em treinamentos técnicos e gerenciais. Mais de 1.350 horas-aula ministradas desde 1997. Criador do termo “espelhamento empresarial” que, em linhas gerais, congrega as razões pelas quais os escritórios de advocacia empresarial devem adotar práticas de administração. O termo foi oficializado no artigo Escritórios de advocacia devem adotar práticas de administração?, publicado em 20 de dezembro de 2006 no Consultor Jurídico sob o título Quer goste ou não, escritório de advocacia é uma empresa. Autor de inúmeros artigos publicados em revistas, informativos, jornais e sites especializados no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Peru. Autor do blog marketingLEGAL, o primeiro do país sobre marketing jurídico e gestão profissional de escritórios de advocacia. Fundador e coordenador do Marketing Jurídico Brasil, primeiro grupo aberto do país voltado para debates e troca de experiências entre profissionais envolvidos com marketing e gestão de escritórios, atualmente com mais de 700 membros de várias localidades. Colaborador do Comitê de Administração e Ética Profissional (CADEP) do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA). Membro da Legal Marketing Association (LMA) e único representante do Brasil nas conferências anuais da associação realizadas em Chicago (2006) e em Atlanta (2007). Co-pesquisador do primeiro estudo sobre marketing jurídico realizado na América Latina, patrocinado pela Legal Marketing Association, com mais de 85 respondentes de escritórios no Brasil, México, Argentina, Venezuela, Colômbia, Chile e Peru. Professor do curso de pós-graduação LL.M. Direito Corporativo, promovido pelo Ibmec em diferentes localidades do país. No curso é responsável pela disciplina “Marketing de serviços jurídicos” (24 horas-aula). Professor do curso Administração Legal, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/GV Direito) em São Paulo. No curso é responsável pelo módulo “Marketing para advogados – Visão de marketing para escritórios de advocacia” (4 horas-aula). Professor do curso Gestão Estratégica de Departamentos Jurídicos e de Escritórios de Advocacia, promovido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) em Porto Alegre. No curso é responsável pelo módulo “Marketing jurídico digital – estratégias de presença na internet” (4 horas-aula). Professor do Amcham Professional Development, programa de especialização e reciclagem promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro. Pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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