Já contei essa historinha pra vocês: tem gente morando na beira da praia de Canasvieiras, em Florianópolis, SC. Na época, somente um periódico fez uma
reportagem a respeito. Mas, informou-me que a Prefeitura nada poderia fazer porque os sem-teto estavam cadastrados em alguma listagem oficial do
Município.
Assim, ano após ano, as mudanças na praia são para pior. Várias pessoas continuam morando sob as árvores, em situação ilegal e insalubre… Comendo e
bebendo na areia, sem cozinha ou banheiro. Quem conhece a praia, vai identificar um dos locais habitados dessa forma: aquele barranco entre o Trilegal
e a Aldeia dos Piratas, perto da pracinha das crianças.
E, em dias de chuva, eles ocupam a calçada dos bares do “centrinho de Canas”, que ficam de portas fechadas fora da alta temporada. Na última
quinta-feira, na porta da sorveteria Amoratto, por exemplo, dormia um sem-teto, aquecido por 1 cobertor e 3 cachorros.
Parece que, dentre essas pessoas, estão os recentemente indenizados pela desocupação das margens do rio Papaquara.
É óbvio que esse grupo de pessoas, bebendo álcool, a qualquer hora do dia, provoca medo e insegurança. Ainda mais num local – beira da praia – onde não
se enxerga nenhum representante da segurança pública.
Até quando seremos coniventes com esses bolsões de miséria e de marginalidade?
* Ana Echevenguá, advogada ambientalista, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Águas, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website:
www.ecoeacao.com.br.