Uma das grandes
conquistas do século XXI é o horror à hipocrisia, esta que, durante séculos e
milênios, dominou instituições e pessoas em grande quantidade.
Atualmente, no geral,
cada pessoa pode assumir suas idéias e forma de ser, e, quanto às instituições,
estão sendo analisadas pelas pessoas de forma direta e sem falsa consideração.
Em resumo, só o que merece respeito está sendo respeitado e serve de exemplo
para a natural inclinação humana pelo progresso.
Tudo (de bom e menos
bom) está sendo divulgado para o conhecimento das pessoas.
Abordemos 3 temas
capitais: a sexualidade, o poder e o dinheiro.
1) A questão da
sexualidade, por exemplo – que foi tabu até há poucos anos atrás – vem sendo
posta a público através dos meios de comunicação. O corpo humano, tido até
recentemente como imoral, é mostrado total ou quase totalmente em programas de
televisão, filmes, revistas, livros e nas praias, sem falar nas colônias de
nudistas.
Tudo isso soa para muitos
como nocivo, coisas do “fim do mundo”. Todavia, a utilidade dessa exposição
agressiva é conscientizar as pessoas de que a sexualidade é uma das importantes
funções do corpo humano, com vistas principalmente à reprodução da espécie, mas
sempre com sua utilização segundo regras da moralidade racional, que nos faz
concluir que, fora da monogamia, o que temos é o retorno à irracionalidade dos
homens e mulheres da Idade da Pedra.
Depois de derrubadas
as muralhas da hipocrisia, encontramos os excessos da pornografia e, em
seguida, estamos indo coletivamente em direção à utilização moralizada do sexo.
2) A questão do
poder. Tem alucinado milhões de seres humanos, que, em todos os tempos
fomentaram guerras, agressões, explorações, mentiras e desumanidades de toda
sorte. A luta pelo poder tem desgastado pessoas, que tripudiam sobre os
sentimentos alheios à procura de domínio sobre as demais. E, depois de
conseguidas suas metas, despencam de cabeça para baixo nas alucinações dos
vícios e nos espaços escuros das doenças mentais.
O que é a busca
alucinada pelo poder senão um desvio da personalidade, que, incapaz de
dominar-se e concentrar-se na sua própria felicidade, quer usufruir a falsa
impressão de prestígio emitindo ordens e contra-ordens aos outros?
Todavia, sem o poder
não se admite nenhuma civilização. Traz benefícios reais se exercido por
pessoas idealistas e fraternas, sempre visando o progresso intelectual e,
sobretudo, moral das coletividades.
3) A questão do
dinheiro. Luta-se e morre-se pelo dinheiro, mais dinheiro. Para chegar-se
aonde? À luxúria, à sovinice, ao poder e, após, a gente chora sentado em cima
de sacos de dinheiro…
O dinheiro é
importante para gerar o trabalho, produção, tecnologia, ciência etc. Se é
utilizado de forma idealista e humana é um grande impulsionador e multiplicador
do progresso. Nunca se pode pensar na abolição do dinheiro, mas como ferramenta
nas mãos de pessoas idealistas e fraternas.
Em resumo, estamos
vivendo uma curva importante da epopéia humana, em que todos os valores são
testados e conferidos. Podemos nos orgulhar desse privilégio e devemos
contribuir para a conscientização das pessoas e das instituições.
Com certeza, daqui a
pouco tempo, teremos um mundo muito melhor, onde as pessoas valorizarão aquilo
que tem valor e investirão no seu próprio aprimoramento e colaborarão irmãmente
com as demais, ao invés de se digladiarem como fazem hoje.
*
Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).