Sociedade

Vá trabalhar vagabundo


É assustador o arsenal tomado pelas forças
armadas e polícia militar no morro do alemão, no Rio de Janeiro, por ocasião da
grande investida destas forças. Que
pena! A cidade maravilhosa virou palco de guerra. O povo assustado se recolheu
em suas casas com medo das represálias dos bandidos.

Mas, não é de hoje. Vêm de longe os problemas
sociais que ocorrem na antiga Capital Federal. Quando foi assinada a Lei Áurea
em 13 de maio de 1888, “libertação dos escravos”, ocorreu o seguinte: Os negros
escravos estão agora “libertos”. Que contradição!. Enquanto eram escravos
tinham a senzala para dormir, tinham alimentos e roupas, mesmo que
precariamente. Agora estão livres, mas não tem onde morar, não há trabalho,
alimentos ou roupas. O que fazer? Os negros, agora “livres”, foram para os
morros, aonde a polícia não ia. Para se alimentarem, saqueavam casas e o
comércio e se escondiam nos morros. Foram ficando por ali.

Acontece que o Brasil cresceu e as populações
brancas e mestiças foram se juntando aos negros libertos, estes judiados e
maltratados por gente do Império e da República. Passou o século XIX, o século
XX e estamos finalizando a primeira década do século XXI. Os problemas sociais
se avolumaram. De quem é a culpa? Nesta era moderna surgiu o tráfico de
entorpecentes. Governos, polícia e justiça não se modernizaram. A esquerda do
Brasil produziu grandes ataques às questões políticas das forças armadas e
estas recuaram, pois surgiram governos democratas legítimos. Os governantes
civis não investiram nas forças armadas. Em que pese os seus erros e torturas
com o ocorrido de 1964
a
1985, Exército, Marinha e Aeronáutica ainda são
orgulho para todos os brasileiros. É preciso investir e modernizar as forças
armadas que são necessárias neste mundo de velocidade e de capitalismo
selvagem.

Mas, e as crianças que moram nos morros e a tudo
assistem? Yasser Arafat foi acusado de levar o exército palestino a treinar
crianças de doze e treze anos para a guerra. Ele respondeu: “se as crianças
nascem na floresta devem aprender a trepar em árvores; se nascem às margens de
rios ou do mar devem aprender a nadar e se nascem em meio às guerras devem
aprender a lidar com armas.

Eis aí o exemplo dos morros cariocas. Pobres
crianças! Lembram-se da frase: “educai as crianças para não ter que punir os
homens”. Combater o tráfico somente com armas não resolve, é preciso investir
no povo: “melhorar as habitações, boas escolas, esportes, lazer, cultura e
ajudar a desenvolver os talentos de todos que lá residem, valorizando este povo
para que sinta orgulho de si mesmo, das famílias e da nação.” Plantar
perspectivas para uma nova vida.

Quanto aos bandidos, só resta uma frase: “vá trabalhar vagabundo”. Lamentavelmente, o direito penal e a lei de
execuções penais precisam passar por modernização. O que adianta o país ser um
dos que mais “prende criminoso” e depois lhes oferecem vantagens: “indulto de
natal, do dia das mães, visitas íntimas, etc.”. Enquanto não se criar
estruturas para exigir que os presos trabalhem e permaneçam em selas
individuais, não haverá saída. Os presidiários devem ser obrigados freqüentar
aulas dentro dos presídios (1º grau, 2º grau, etc.) à noite e trabalhar durante
o dia. Vagabundo não gosta de trabalhar. É hora de se pensar em prisão perpétua?
Caso se modernize os presídios, os bandidos e vagabundos fugiriam da
criminalidade como o “diabo foge da cruz”. Vá trabalhar vagabundo. Esta frase
não serve só para os bandidos, mas também para certos políticos e segmentos das
elites e os que vivem como nababos. Vagabundo são todos que nada fazem e nada
produzem.

OLAVO A ARRUDA D´CÂMARA.

Como citar e referenciar este artigo:
D´CÂMARA, Olavo A. Arruda. Vá trabalhar vagabundo. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/va-trabalhar-vagabundo/ Acesso em: 30 abr. 2024