Sociedade

O eu dividido

Sou uma personalidade alma agregada ao Eu
divino, que é o Eu de Deus. Mas, uma parte do meu Ser é material e a outra
espiritual. Caminho sobre trilhos. De um lado o meu trem é invisível e faz o
meu coração e mente desejarem paz, amor para todos os seres, bondade e saúde.
Às vezes sinto dores de amores. É como se minha consciência tentasse eliminar
os males da humanidade: a fome, violência, catástrofes e guerras.

O outro lado do meu Eu, caminha sobre trilhos
materiais e é insensível e brutal. Quer fazer justiça com as próprias mãos,
educar e combater os males da violência com mais violência, mas o Eu invisível
é mais forte e impede a brutalidade.

Mergulho, então, em profunda meditação e
comunhão com o meu Eu Interior e imploro, desejando que os dois trens se
unam. Invoco o Pai Celestial orando: Oh
Deus do meu coração que está ligado à vida e ao universo, perdoe as minhas
atitudes e eleve os meus pensamentos para que se tornem apenas sublimes amorosos
e unidos a todos os seres. Eduque a minha consciência para que eu me aproxime
dos Anjos. Coloco o meu ser físico e psíquico à Tua disposição para que me
utilize para o bem de toda a humanidade. Faça com que o meu Eu Superior domine
as minhas paixões materiais e eleve os meus pensamentos ao reino celestial.
Desejo ser apenas um veículo nas mãos do criador, pois em mim nada sou, mas em
Ti, Eu sou EU. 

Creio que muitas pessoas, religiosas ou não,
estão também divididas quando se trata de vida em sociedade. Há momentos de
tristeza e dores que nos levam ao profundo desânimo e outros que nos
fortalecemos buscando outros caminhos para combater o pessimismo e os males que
nos rodeiam. Estes desafios nos
maltratam, mas nos faz desejar a paz profunda que nossa personalidade deseja o
tempo todo.

Tudo leva a crer que o processo civilizatório e
o desenvolvimento das consciências passam por períodos de destruição, tristezas
e sofrimentos. O povo que não assistiu a sua pátria ser dizimada continuará a
ser desrespeitoso, malandro e incivilizado. Estará sempre pronto para o furto,
roubo, fraude e pensará: “primeiro eu, depois os outros”.

Eis a diferença da dor e do amor. É do
sofrimento que faz surgir uma consciência sublime e o amor pelos semelhantes.
Isto é cultura. E o processo cultural é transmitido de geração a geração. O
homem prefere muito mais o caminho da dor do que do amor. Somente desenvolve o
amor, aquele que experimentou a dor. E então, caro leitor, prefere continuar na
trajetória dos incivilizados?

Caso você não consiga amar os inimigos, pelo
menos os tornem pessoas invisíveis. Envie para os adversários e pessoas indesejáveis, pensamentos de amor,
diariamente, ore por elas e as veja brilhar e alcançar o sucesso. Experimente
esta técnica e saiba que não há maior força no mundo do que o amor. O amor
constrói o universo, neutraliza o ódio de milhões e trás paz, além de unir as
pessoas.

Olavo A. Arruda DCâmara.

Como citar e referenciar este artigo:
D´CÂMARA, Olavo A. Arruda. O eu dividido. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/o-eu-dividido/ Acesso em: 21 mai. 2024