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MPF/MG quer regulamentar realização de eventos em cidades históricas

As cidades históricas mineiras recebem diversos eventos ao longo do ano. Dentre as cidades de maior apelo, Tiradentes, situada no Vale das Vertentes, destaca-se como pólo de atração para a realização de festivais, feiras e exposições com repercussão nacional e até internacional, como é o caso do Festival Gastronômico e da Mostra de Cinema. Os diversos eventos realizados naquela cidade movimentam grandes cifras e levam milhares de pessoas a lotar hotéis e pousadas. Nos dias de realização dos festivais, Tiradentes, de pouco mais de cinco mil habitantes, chega a receber mais de três mil visitantes em um único dia.

A inequívoca potencialidade turística do município decorre justamente da existência, naquele local, de um dos acervos historicoarquitetônicos mais relevantes do país. Por essa razão, o Ministério Público Federal (MPF) entende que é imprescindível que os eventos realizados na cidade observem fielmente todas as medidas necessárias para resguardar o patrimônio e para assegurar que os eventos tragam benefícios consistentes à comunidade local.

“O que se observa é que, até há pouco tempo, não havia uma rotina de fiscalização para a realização de qualquer evento na cidade. O patrimônio cultural ficava exposto a todo tipo de desgaste, poluição e ruídos – fatores que normalmente decorrem das grandes aglomerações urbanas -, sem que a prefeitura ou os órgãos responsáveis pela proteção do patrimônio tomassem providências específicas para o resguardo dos bens”, constata o procurador da República Antônio Arthur Barros Mendes. “Embora a atitude não fosse de total inércia, o que se percebe é que inexistia uma atuação concertada. Cada órgão, no contexto de suas atribuições, fazia determinadas exigências, sem que houvesse um planejamento conjunto que conferisse maior eficácia a essa atuação. Foram constatadas situações em que determinados órgãos sequer eram consultados sobre a instalação e operação do evento”.

Contrapartidas – Aos poucos, a situação vem mudando. O MPF tem se reunido, antes de cada evento, com os respectivos organizadores e representantes da administração municipal, vereadores, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para definir todas as questões que deverão ser observadas, desde instalações elétricas, segurança física e patrimonial, regras para circulação de veículos e transporte coletivo, recolhimento do lixo produzido, instalação de banheiros químicos e serviços médicos, até o horário em que as atividades poderão ser realizadas.

Foi assim com o Bikefest, com o Festival Gastronômico e com o Classic Fusca, que aconteceu no último fim de semana. Também estão previstas reuniões envolvendo a Mostra de Cinema e o XTerra Brasil.

Recentemente, o MPF sugeriu que fossem exigidas contrapartidas dos organizadores. “É inegável que todos esses eventos são de enorme importância para a economia de Tiradentes, porque promovem a cidade e têm potencial para gerar empregos e renda. Mas não podemos esquecer que eles são também eventos comerciais; geram lucros para sua organização. Por isso, é importante que a cidade receba benefícios diretos e perenes. Ou seja, se o motivo da realização do evento é justamente o cenário proporcionado pela cidade, então que esse patrimônio possa receber algum tipo de retorno investido diretamente nele ou na sua preservação. O mesmo enfoque deve ser dado em relação à comunidade local, que é guardiã imediata desse conjunto”.

A organização do Festival Gastronômico, por exemplo, doou a quantia de R$ 10 mil à paróquia de Tiradentes para a restauração do telhado da capela de Santo Antônio do Canjica, bem como da imagem de São Benedito, que pertence à Igreja do Rosário. Já o Classic Fusca comprometeu-se a ministrar palestras sobre conservação e preservação de bens culturais nas oito escolas do município, tudo sob a supervisão do Iphan.

Regulamento geral – No próximo dia 12 de novembro, o MPF irá se reunir novamente com representantes municipais e com o Iphan, desta vez, para dar início às discussões sobre uma norma geral para eventos na área tombada do município. A intenção é que esse documento regulamente o assunto de forma global, proporcionando a organizadores e órgãos públicos conhecimento prévio sobre os procedimentos que cada um deverá adotar para viabilizar e autorizar a realização de eventos no local, de modo a assegurar a adoção de medidas adequadas à preservação do patrimônio cultural e à preservação da segurança e do lazer da população moradora da região.

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Fonte: MPF

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. MPF/MG quer regulamentar realização de eventos em cidades históricas. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/mpf/mpf-mg-quer-regulamentar-realizacao-de-eventos-em-cidades-historicas/ Acesso em: 22 abr. 2025