Câmara

Líder do PT diz que CPMI do Cachoeira não vai paralisar trabalho da Câmara

Leonardo Prado
Jilmar Tatto
Jilmar Tatto minimiza suposto envolvimento do governador do DF com Cachoeira.

O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmou nesta segunda-feira que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que deverá investigar as relações do contraventor Carlos Cachoeira com os setores público e privado não vai paralisar as votações na Câmara nem o trabalho do governo federal.

Segundo ele, a CPMI não será “contra o governo nem a oposição”, embora atribua maior gravidade ao suposto envolvimento de integrantes do PSDB e do DEM com o contraventor do que o suposto envolvimento de petistas, como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.

“A minha convicção é a de que não é necessário, neste momento, a CPMI ouvir o governador Agnelo. As acusações contra o governador de Goiás [Marconi Perillo, do PSDB] são muito mais graves, até porque ele já admitiu ter relações com Cachoeira”, declarou.

Porém, o líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), já declarou que a divulgação das denúncias tem sido "seletiva" para atingir só a oposição. Ele e outros líderes oposiconistas avaliam que também há graves indícios de irregularidades que teriam sido cometidas por integrantes do governo.

Distrito Federal
O nome de Agnelo não foi citado diretamente nas gravações da Polícia Federal divulgadas pela imprensa. Há apenas referências ao “número um do Distrito Federal” e ao “magrão”, que poderiam ser o governador.

Outros integrantes do governo do DF, no entanto, foram citados diretamente. O ex-chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, por exemplo, foi exonerado do cargo após a divulgação de escutas da PF acusando-o de receber mesada do grupo de Cachoeira.

Questionado sobre denúncias de envolvimento do subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, com o esquema do contraventor, Tatto minimizou a acusação: “Coitado do rapaz; não tem nada contra ele.”

Politização

Jilmar Tatto disse ainda que o seu partido não vai aceitar a investigação por parte da CPMI de fatos “alheios” às operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, que explicitaram o suposto esquema de Carlos Cachoeira. Segundo o líder, isso seria politizar a comissão, atitude que traria riscos à sua eficácia.

Ele se referiu especialmente à possiblidade de se investigar acusações contra o ex-chefe da Casa Civil do Governo Lula e ex-presidente do PT, José Dirceu, de patrocinar o suposto caso do mensalão. “Zé Dirceu não tem nada a ver com isso [a investigação da CPMI]. Se for assim, poderíamos propor investigar as acusações de privataria contra o José Serra [ex-governador de São Paulo, do PSDB], e isso também não é razoável”, declarou.

Os líderes do PSDB e do DEM, deputados Bruno Araújo e Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), no entanto, avaliam que não existe limitação temporal e dão indícios de que a investigação pode retroceder ao caso Waldomiro Diniz, de 2004. Então secretário de assuntos legislativos da Casa Civil, Waldomiro saiu do cargo após a divulgação de um vídeo em que aparecia pedindo dinheiro a Cachoeira. “O menos importante é o intervalo de tempo. O que importa são os fatos que tenham interlocução com Carlos Cachoeira – a exemplo de Waldomiro Diniz, que tem uma conexão de muitos anos com ele”, afirmou Bruno Araújo. “Não interessa se aconteceram em 2000, em 2004 ou 2010, todas as denúncias serão apuradas e não há nenhum impedimento ou embargo à investigação”, emendou o líder do DEM.

Jilmar Tatto afirmou que 40 deputados do PT já assinaram o requerimento de instalação da CPMI.

(*) Matéria atualizada às 20h46.

Fonte: Portal Câmara dos Deputados

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Líder do PT diz que CPMI do Cachoeira não vai paralisar trabalho da Câmara. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/camara/lider-do-pt-diz-que-cpmi-do-cachoeira-nao-vai-paralisar-trabalho-da-camara/ Acesso em: 18 mai. 2025