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Palavras, ah! Palavras…

 

 

A arte de calar

 

Gabriel Perissé – do Livro A arte de calar, Martins Fontes, 2001, 80 páginas

 

Ler, pensar e escrever

 

É sinal de inteligência e sabedoria falar pouco, falar bem e não falar mal de ninguém.
Contudo, calar-se é ainda mais importante, quando calar-se é dizer tudo.

Há quem se cale por não ter realmente nada para nos dizer, mas há também quem se cale por omissão, quando seria um dever falar, escrever, gritar, colocar a boca no trombone, como se dizia antigamente.


Calar-se na hora certa e pelos motivos certos é uma verdadeira arte cujas regras um pequeno livro do Abade Dinouart quer nos transmitir. Autor francês do século XVIII, suas admoestações para que façamos silêncio ainda hoje são pertinentes.


Sutileza não lhe falta. Ao mesmo tempo que recomenda o silêncio, lembra que há silêncios falsos, aqueles que simulam uma sabedoria que, de fato, inexiste. Nem sempre calar-se significa profundidade de pensamentos. Pelo contrário, é camada de verniz que recobre um vazio sepulcral.


Mas há ainda outros silêncios, e alguns deles diabólicos. Há o silêncio manipulador, o silêncio torturante, o silêncio chantagista, o silêncio rancoroso, o silêncio conivente, o silêncio da zombaria, o silêncio imbecil, o silêncio do desprezo. Há pessoas que matam com seu silêncio. Há silêncios que esmagam a justiça e a bondade, na calada da noite.


Por isso o silêncio rico de significado é ainda mais apreciável e luminoso.


Falo do silêncio que prenuncia novas palavras.


Falo do silêncio que é solidariedade na dor.


Falo do silêncio que soluciona cisões.


Falo do silêncio que pergunta.


Falo do silêncio que perdoa.


Falo do silêncio que ama.


O silêncio mais puro é aquele que guarda a confidência. Este silêncio jamais é excessivo. Não se deve apregoar aos quatro ventos o que foi murmurado na intimidade da amizade e do amor.


O silêncio mais sábio é aquele que fazemos diante dos impertinentes, intolerantes e desbocados. É o silêncio do Cristo inocente diante dos acusadores, o silêncio dos espaços infinitos diante da quase infinita capacidade nossa de falar ou escrever sem razão.


Calar da maneira certa é deixar que uma voz mais profunda seja ouvida. A voz severa, a voz serena, a voz suave e firme da verdade.


O verdadeiro silêncio diz a verdade que não se pode calar.


O verdadeiro silêncio nunca será cedo demais.


Quero ouvir o silêncio que tudo explica.

 

Quantas vezes somos impulsionados pelas palavras?

 

As palavras fazem parte do nosso ser, agir, viver, mas devem ser utilizadas com muito cuidado.

É tão comum emails enviados e a outra parte ao invés de entender, acaba achando-se ofendida ou pior, que as intenções do remente são escusas.

 

Pois é, palavras…

 

No universo corporativo as palavras são fundamentais, quiçá essenciais. Contudo, devem ser cada vez mais escolhidas para não serem objeto de discussões infundadas sobre o que se quis dizer sobre determinada palavra ou assunto.

 

Na maioria das vezes vale mais a pena ligar, conversar pessoalmente, se for possível.

 

Se não for possível pessoal, tente uma conversa por voz através do MSN ou do Skype.

 

Com a voz, reconhecemos intonação, timbre, salientamos o mais importante com pausas, enfim, a comunicação fica mais completa.

 

Através da palavra escrita temos a dificuldade de entender o sentido, a conotação, a intenção do escrito.

 

Pense nisto com atenção.

 

A cautela em se comunicar pode ser fundamental em ser e exercer o seu papel na empresa.

Saber calar não é apenas uma arte… É uma necessidade corporativa.

 

Nem sempre responder a uma suposta ofensa é ser o maioral, o correto, o último a dar a palavra. As vezes, saber calar e agir no momento certo é muito mais inteligente e demonstra sobretudo a inteligência emocional.

 

Demonstrar raiva não faz bem ao ser humano, assim como não faz bem aos animais.

 

Use e abuse da sua inteligência e razão antes de falar. Isto só trará o bem e a paz a você mesmo e, consequentemente, a quem lhe cerca.

 

 

 

*Gustavo Rocha, diretor da Consultoria GestaoAdvBr

 

Como citar e referenciar este artigo:
ROCHA, Gustavo. Palavras, ah! Palavras…. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/gestao-tecnologia-e-qualidade-para-o-direito/palavras-ah-palavras/ Acesso em: 21 abr. 2025