“O desaparecimento do Paulo Schilling é uma enorme perda para a sociedade brasileira em razão do imenso conteúdo intelectual, político e humanístico produzido ao longo de uma trajetória de vida incontestável”. Para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adão Villaverde, o falecimento do escritor, economista e jornalista gaúcho, em São Paulo, na noite desta quinta-feira (26), aos 86 anos, só é atenuado pelo expressivo legado constituido por 32 livros que escreveu sobre a América Latina, além de diversos ensaios e centenas de reportagens – grande parte redigida no exílio. Um dos livros mais conhecidos nesta época é “Como a direita se coloca no poder”, editado no Brasil pela Global, em 1979.
“A ausência de Paulo Schilling enluta também o cenário político”, diz Villaverde, lembrando que Schilling foi assessor de Leonel Brizola, a quem acompanhou no exílio no Uruguai – onde sua filha Flávia foi presa política. Gaúcho de Rio Pardo, Paulo Schilling foi também secretário-executivo da Frente de Mobilização Popular (de apoio ao presidente João Goulart) até 1964, acumulando com a direção do jornal “Panfleto”. Exilado por 16 anos entre Uruguai e Argentina, trabalhou em jornais locais – como o uruguaio “Marcha” –, em agências de notícias (como a Prensa Latina) e em editoras de livros.
Com a anistia, Paulo voltou ao Brasil em 1980, quando foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e colaborou com a Secretaria de Relações Internacionais do partido. Desde a fundação, colaborou também com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), na escola de formação de quadros, em Cajamar. Colaborou ainda com o CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação). O Movimento dos Sem-Terra o considera um dos seus pioneiros, já que organizou em 1960, no Rio Grande do Sul, o Master – Movimento dos Agricultores Sem Terra. Schilling também foi ardoroso incentivador do cooperativismo no Estado, ajudando a fundar a Federação das Cooperativas de Trigo do Rio Grande do Sul (Fecotrigo), uma das maiores instituição de cooperativas de produção do país.
Deixa a viúva Inge, com quem era casado desde 1948, quatro filhas e dois netos. Será cremado hoje no Crematório da Vila Alpina, em São Paulo, onde morava desde 1980.
* Com informações do Portal do Luiz Nassif
Fonte: AL/RS