08 de Maio de 2012
Há dois anos, Rodrigo Valle visitou a favela do Cafezal, em Belo Horizonte, e se encantou com o que viu: pessoas honestas e trabalhadoras, que tocam a vida apesar das dificuldades. Daí surgiu a ideia de fazer um filme mostrando o cotidiano dessas pessoas, uma pequena amostra do universo que é a favela. Nesta terça-feira (8/5/12), a Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais visitou a comunidade do Cafezal, para conhecer de perto esse projeto.
“Cafezal: Amor e Esperança” é um documentário de longa metragem, focado no cotidiano de oito famílias, que abriram suas casas e contribuíram para a realização do filme, inclusive carregando equipamentos. “São pessoas bonitas, trabalhadoras, que vivem um dia-a-dia vibrante. O filme é como se fosse um mosaico da vida no aglomerado”, explica Rodrigo Valle, idealizador e diretor. Ele rebate a ideia de que a violência permeia todos os aspectos da vida na favela. Segundo ele, a criminalidade sequer é o assunto principal das conversas dos moradores.
José Timóteo Severiano mora há 33 anos no Cafezal e se emociona ao falar do filme. Para ele, será a oportunidade de mostrar a comunidade unida e o trabalho voluntário desenvolvido na Associação Comunitária da Vila Santana do Cafezal, onde as crianças aprendem artes marciais. “Queremos buscar o que é bom para a comunidade, e esse filme vai nos ajudar a crescer ainda mais”, afirmou. Éder Rufino dá aulas de jiu-jitsu para as crianças na associação, e conta que, depois de atuar no filme, surgiu a vontade de estudar teatro.
Para o presidente da Comissão de Cultura, deputado Elismar Prado (PT), o filme é importante para que os moradores do Cafezal saiam do anonimato e mostrem seu valor. “Esse projeto é para quebrar preconceitos. Muitas pessoas tratam as comunidades carentes como sinônimo de perigo. Mas nós vimos aqui um povo honesto e trabalhador, que merece ter boas condições de vida. São pessoas que precisam ser mais respeitadas. Sem saber o que era o impossível, elas fizeram um trabalho fantástico”, afirmou o parlamentar.
Depois de um ano e meio de gravações, chegou a hora de finalizar o documentário. O chefe do Departamento de Fomento e Incentivo da Fundação Municipal de Cultura, Cleidisson Dornelas, disse que tem interesse em apoiar o projeto e orientar o realizador sobre como captar recursos públicos. Uma das opções é o Fundo Municipal de Projetos Culturais, com verbas específicas para financiar a finalização de produções audiovisuais. O edital será lançado em agosto. Até lá, a comunidade sonha em se ver nas telas de cinema. “Vai estourar a boca do balão”, acredita Timóteo Severiano.
Fonte: AL/MG
