“Há mais de década, moradores de grandes cidades convivem com cada vez mais crianças e adolescentes jogados nas praças e calçadas, quase desmaiados ou se drogando e roubando para comprar uma pedra de crack a R$1. Mas foipreciso que uma jovem da Zona Sul do Rio fosse morta pelo amigo surtado que ela tentava ajudar a sair do vício para que autoridades de saúde pública e de segurança, cobradas, viessem dar explicações. E aí ficou assustadoramente clara a absoluta precariedade no atendimento aos dependentes, para tratá-los e tirá-los das ruas.
Ficou evidente a falta de estrutura nos hospitais públicos e de profissionais especializados, além de abrigos, quase inexistentes. O Ministério da Saúde admitiu o problema, “gravíssimo”, e prometeu recursos para criar mais leitos. A prefeitura e o estado anunciaram a abertura de unidades para recuperação de dependentes.
O Judiciário dispôs-se a obrigar os dependentes à internação clínica na rede pública, mesmo contra a vontade, quando essa for a indicação dos especialistas.
Enfim, sob o impacto do drama das famílias exposto e da expectativa de que isso se torne cada vez mais frequente, todos parecem sair da passividade para buscar frear a epidemia.
Melhor assim. Mesmo que isso, neste caso, signifique apenas pequenos passos. Às medidas de repressão ao tráfico e de criação de uma estrutura de atendimento médico e social para suas vítimas – a maioria sem amparo familiar – precisam ser somadas outras iniciativas, como garantir a essas crianças educação e atividades esportivas – que têm se mostrado instrumentos de reinclusão e cidadania”.
Fonte: OAB