AL/RS

Que o povo Veja


“Prefiro o barulho da imprensa livre, do que o silêncio da ditadura”. Está aí uma frase surrada, mas nunca anacrônica. Passa o tempo e a sentença é sempre atual. Ao longo da minha trajetória política sempre fui um defensor de primeira hora da liberdade de imprensa, da liberdade de opinião e da liberdade de expressão. Isto é premissa básica da sociedade democrática que somos e da sociedade cada vez mais democrática que temos que ser. Não fosse o trabalho determinado da imprensa brasileira muitas mazelas ainda existiriam, muitas falcatruas teriam ficado encobertas e muitos crimes teriam ficado impunes.

 

Quando deputado federal, me orgulhei de colocar uma mordaça na boca para simbolizar a luta para impedir a aprovação de uma Medida Provisória, pelo governo FHC, que literalmente iria tapar a voz dos veículos de comunicação de modo indireto e também de órgãos fiscalizatórios como o Ministério Público. No Congresso Nacional, defendi arduamente também a legalidade e a necessidade de estimularmos a criação das rádios comunitárias. Quando prefeito de Santa Maria, cobrei permanentemente dos meus secretários e auxiliares que atendessem a imprensa de forma adequada e transparente.

 

Em função dessa trajetória em defesa dos meios de comunicação e, acima de tudo, da democracia, tenho direito também de bradar fortemente contra aqueles que se travestem de jornalistas para deformar o jornalismo. Lamentavelmente, é isso que a Revista Veja, maior publicação do nosso país, tem feito nos últimos anos. A Veja trocou a informação pela opinião sectária em suas reportagens. Trocou as denúncias comprovadas, baseada em elementos consistentes e comprovatórios, pelo denuncismo. E, em suma, abandonou o jornalismo para criar uma forma de comunicação eivada de preconceitos e de interesses políticos e econômicos. O desvendar da relação promíscua entre a revista e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, há muito tempo denunciada pelas redes sociais e pelos blogueiros nacionais e agora também apresentada pela grande mídia nacional, é apenas mais um capítulo deste caminho pantanoso que a publicação resolveu trilhar. Lamentável e triste ver que aquela revista que orgulhou o jornalismo nacional no passado, ultimamente aparece associada aos interesses de um bicheiro, que até chegou a pautar a linha editorial da revista, conforme demonstraram reportagens da imprensa estadual e nacional.

 

Mas em vez de só lamentar, devemos saudar aqueles que, ao contrário, praticam o bom jornalismo, que ouvem todos os lados, que fazem o trabalho investigativo sério e embasado e que, dessa maneira, sedimentam a democracia no país. Miremos só nesses exemplos e deixemos que a Veja explique sua postura recente para as autoridades e para os tribunais do país.

 

* Deputado estadual

Fonte: AL/RS

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Que o povo Veja. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/alrs/que-o-povo-veja/ Acesso em: 12 nov. 2025