Visando apurar as denúncias relativas à existência de crime organizado em Juiz de Fora (Zona da Mata) envolvendo máquinas de caça-níqueis, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviu novos depoimentos, nesta segunda-feira (4/6/12). Requerida pelos deputados Durval Ângelo (PT) e Sargento Rodrigues (PDT), a reunião foi realizada a portas fechadas.
Dos 16 convidados e convocados, dez compareceram. Eles responderam a questionamentos dos deputados a respeito de denúncias que apontam para o envolvimento de policiais militares e civis no recebimento de propinas de contraventores de caça-níqueis. Segundo o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, os fatos também indicam suposto envolvimento de agentes públicos da administração municipal em atividades criminosas na cidade, especialmente as relacionadas a jogos de azar.
De acordo com o deputado Sargento Rodrigues, “Juiz de Fora vem sendo engolida pela máfia dos caça-níqueis”. O parlamentar relatou que, em quatro anos, foram aprendidas 4.000 máquinas no município, número superior ao registrado na Capital, no mesmo período, que foi de 3.000. “Proporcionalmente, há mais máquinas apreendidas em Juiz de Fora do que no próprio Rio de Janeiro”, comparou.
Na reunião, o deputado também questionou os presentes sobre denúncias relativas à violação de noteiros de máquinas caça-níqueis por peritos da Polícia Civil, durante uma operação para apreensão desses equipamentos. A despeito do recebimento de propina, o parlamentar indagou sobre o patrimônio acumulado por um dos investigados, que seria incompatível com a renda que ele recebe.
O deputado Durval Ângelo chamou a atenção para o fato de que máquinas apreendidas estariam retornando para as casas de jogos de azar. Na discussão, o deputado Sargento Rodrigues defendeu a cassação de alvará de qualquer estabelecimento comercial que permita a prática de contravenção e jogo do bicho, bem como desapropriação dos imóveis e penalidades para imobiliárias envolvidas no negócio. Já os deputados Célio Moreira e Rômulo Viegas, ambos do PSDB, elogiaram o compromisso da PM em dar clareza às denúncias, por meio da prestação de informações e apuração dos fatos.
A comissão pretende ir a Juiz de Fora ouvir outras duas testemunhas que foram convocadas e não compareceram. Provavelmente também será convidado para falar um promotor da cidade que não teria impedido o pagamento de propina a um policial civil, com quem teria relação de amizade. “Estamos cobrando do Judiciário, Ministério Público, bem como das polícias Civil, Militar e Federal o combate a essas organizações criminosas”, destacou Sargento Rodrigues, em entrevista.
Requerimentos – Na reunião, foram aprovados 13 requerimentos. Dois deles, de autoria do deputado Sargento Rodrigues, relativos à suposta máfia dos caça-níqueis. Uma das solicitações é para pedido de providências por parte do chefe da Delegacia de Polícia Federal de Juiz de Fora para que proceda à intimação de outros dois investigados sobre denúncias de suposto envolvimento em contravenções nas modalidades de jogo do bicho e caça-níqueis.
No outro requerimento, o parlamentar solicita que seja encaminhado ao comandante-geral da Polícia Militar pedido de providências para que apure a correspondência eletrônica encaminhada para a Gerência de Convites da ALMG, por um dos investigados, endereçando palavras desrespeitosas a membro do Poder Legislativo Mineiro.
Também foi aprovada, na ocasião, requerimento para realização de audiência pública para discutir desdobramentos referentes à atuação da Polícia Militar e do Poder Judiciário Federal na desapropriação da Fazenda Inhumas, em Uberaba (Triângulo Mineiro).
Consulte o resultado da reunião.
Fonte: AL/MG