07/10/2012
As pesquisas de opinião do Datafolha e Ibope revelam uma vontade dos institutos de colocar o candidato Fernando Haddad de forma competitiva nas eleições de
hoje. O Datafolha, com mais pejo, hierarquizou os candidatos dentro da margem de erro, sugerindo empate técnico, mas dando o sentido do que emergirá das
urnas. Já o Ibope rasgou a fantasia ao proclama empate entre Celso Russomanno, José Serra e Fernando Haddad para além da vírgula. Tudo de que precisa o PT
para manter acesa sua militância no dia de hoje e envernizar as aparências.
O fato é que Lula, como cabo eleitoral, revelou-se fraco, incapaz de trazer para o seu candidato em São Paulo os votos que achava que dispunha. Mas
precisamos ser francos: a derrota não é só de Lula, é o arcebispo, que saiu de majestade para ajudar os candidatos de esquerda, como Fernando Haddad. É de
Marta Suplicy, aquela que analistas creditavam ter poder de influência no eleitorado da periferia. É de Luiza Erundina e seu PSB, engajados na campanha. É
da presidente Dilma Rousseff, que deixou os protocolos de lado e mergulhou na campanha “estratégica” de São Paulo. Todos deverão partilhar do gosto amarga
da derrota.
A derrota é sobretudo de Fernando Haddad, que colheu os frutos de sua fraqueza congênita, de candidato de laboratório. Tentar sair do desconhecimento para
disputar um lugar ao sol em pleito majoritário foi jogada mais do que arriscada, foi pura arrogância sua e do seu padrinho Lula, achando que a máquina do
PT e o controle do Executivo federal seriam o bastante para colocar a candidatura no segundo turno. Haddad, como ministro da Educação, tripudiou sobre o
sentimento da maioria dos brasileiros ao patrocinar o famigerado “kit gay”, como se não fosse trazer consequências. A esquerda não mais sabe separar seus
quadros tecnoburocráticos, os autores reiterados das maldades contra a população, e seus líderes nas urnas. Precisa reaprender antigas lições.
A derrota do PT em São Paulo deverá também ser, todavia, creditada à feliz coincidência do pleito com o julgamento do mensalão. A antipropaganda trazida
pelo julgamento destruiu a imagem do PT como partido, sobretudo junto à classe média bem informada, que tem dado seu voto ao PT.
De certa forma, se o candidato José Serra pode se dizer vitorioso por ir ao segundo turno, não pode, todavia, deixar de contabilizar também uma derrota. O
eleitorado está cansado da gente da social-democracia, que faz discurso anódino para se eleger e pratica traição aos conservadores no cotidiano de suas
administrações. É um aviso do que virá em 2014. Se o PSDB quiser o voto dos conservadores terá que não apenas ensaiar um discurso para eles, como também
realizar ação administrativa coerente. Um exemplo é essa empresa Controlar, repudiar por excrescência pela população e que José Serra ainda defende como se
fosse algo necessário. O tempo de engabelar eleitores conservadores acabou.
São portanto muitas as leituras possíveis dessas eleições. A principal é que a democracia viva é capaz de corrigir seus próprios rumos.
* José Nivaldo Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias
coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da
ANL – Associação Nacional de Livrarias.