A Universidade Federal de Tocantins adota o sistema do cotas para indígenas e, por força dessa previsão legal, muitas pessoas passam a exercer sua cidadania de forma integral.
São estudantes de vários cursos que preparam-se condignamente para ingressar no mercado de trabalho com plenas condições de sucesso.
Isso gera inconformação por parte de alguns estudantes daquela própria Universidade, que consideram a situação dos indígenas como injusta.
Esquecem-se esses inconformados de que o Direito deve justamente tentar igualar as pessoas, concedendo aos desprivilegiados algumas compensações para evitar que ocorram, aí sim, verdadeiras injustiças pelo fato de alguns terem todas as condições de alcançar o sucesso enquanto outros não tem a mínima chance…
Pelo simples fato de alguém nascer numa família dita “civilizada”, poder frequentar escolas de bom nível, não precisar trabalhar durante a infância e juventude para poder custear seus estudos, receber dos seus pais boa alimentação, exemplos de moralidade e orientação cultural e religiosa, por esse simples fato já tem muito mais chance do que a maioria dos indígenas de alcançar sucesso profissional na vida adulta.
Não podemos nos esquecer de que os indígenas são cidadãos, que devem podem realizar seus sonhos de prosperidade e sucesso.
Isso sem falar no lado humano da questão, que dispensa comentários.
A previsão legal de cotas na referida Universidade casa-se bem com aquela outra do estabelecimento de áreas reservadas para sua habitação e outras que os favorecem merecidamente.
Quanto aos conflitos que vez por outra se estabelecem entre índios e pessoas que invadem suas reservas, podemos estar sempre lembrando que a situação não é confusa como a de palestinos e judeus (na qual cada um se diz vítima sendo o outro invasor). Nossa situação é clara, inquestionável. Nós somos os invasores e temos de saber que assim eles nos consideram.
Todavia, se enxergarmos os índios não como “peso morto” na sociedade dita “civilizada” mas sim como contribuidores para a qualidade de vida do nosso país, passaremos a valorizá-los mais.
Pois é verdade que qualidade de vida não significa derrubar todas as árvores, como fazemos, para construir cada vez mais prédios, avenidas e estradas, mas sim conservá-las para o equilíbrio ecológico. Os índios nos ensinam a conservar as árvores e as florestas.
Respeitar e conservar a Natureza é lição que eles nos ensinam. Nem precisamos das lições dos indianos nesse sentido, pois temos nossos mestres indígenas.
A idolatria do concreto e do aço do mundo “civilizado”, a emissão excessiva de fumaça tóxica, a devastação de florestas, a poluição dos cursos d’água etc. tem provocado acidentes ecológicos cada vez mais graves. Sentimos isso com a instabilidade climática permanente a partir de um tempo para cá.
Deveríamos assimilar o respeito à Natureza da civilização indígena e então viveríamos muito melhor.
Talvez a única solução seja um desses jovens indígenas da Universidade Federal de Tocantins ou outro se qualifique o suficiente e chegue à presidência da República para ser um BARACK OBAMA brasileiro.
Aí, então, teremos condições de crescer de forma equilibrada ecologicamente falando.
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).