Vigora em toda a
Natureza o sistema de intercâmbio necessário e permanente entre os seres
animados e inanimados.
Todos os seres
carecem uns dos outros: o equilíbrio ecológico depende imbulicalmente do
intercâmbio entre as espécies.
Quanto aos seres
humanos, prevalece a mesma sistemática: intelectuais e iletrados, ricos e
pobres, idealistas e imorais, privilegiados e desvalidos, poderosos e párias
sociais etc. estamos todos no mesmo barco.
GIBRAN KHALIL GIBRAN
afirmava que a árvore frutífera somente cumpre sua finalidade quando seus
frutos são colhidos e matam a fome das criaturas que deles necessitam.
O professor só faz
sentido se houver alunos e ele os ensinar. O médico somente se faz necessário
se houver problemas de saúde das pessoas e ele dedicar-se a cura-las. Os
operadores do Direito só têm utilidade se existirem problemas jurídicos a
resolver e eles trabalharem para isso. E assim por diante.
O contato entre os
homens e mulheres do topo da pirâmide social e os da base são inevitáveis. Não
há como alguém se isolar numa “torre de marfim” e viver impunemente distante
das demais pessoas.
STEPHAN ZWEIG
escreveu um conto sobre um intelectual que, nos dias de trabalho, limitava-se
ao seu mundo elitista de teorias e altos estudos, mas, vez por outra, descia ao
submundo da prostituição para sujeitar-se aos mais vexatórios desregramentos
sexuais.
Outros afastam-se
periodicamente de suas moradias requintadas para saírem alucinados à procura de
seus fornecedores de drogas nas favelas e recantos perigosos das pequenas e
grandes cidades.
Esses primeiros são
os contatos doentios, a contragosto, sem idealismo, sem fraternidade, entre as
elites e os habitantes do submundo social.
Todavia, há os
contatos sadios, espontâneos, idealistas, fraternos, entre homens e mulheres
bem situados cultural e/ou moralmente e as pessoas carentes das favelas,
presídios, ruas, prostíbulos e das entidades que assistem drogados, alcoólatras
etc.
Cada um de nós pode
escolher a forma como prefere se aproximar dos excluídos, desajustados e
enjeitados. Sabemos, todavia, que só há duas formas…
Se a gente prefere o
egoísmo exclusivista, tem de nivelar-se à força aos que desprezamos. Se abrimos
o coração espontaneamente aos párias sociais e morais para ajudá-los, inclusive
no dia-a-dia da nossa profissão, estamos fazendo a melhor escolha.
Exemplos de um tipo e
outro há inúmeros, inclusive o nosso mesmo.
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Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).