A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) trouxe no noticiário do seu site, de 08/03/2006, uma reportagem interessante sob o título Desembargadora do TJMS confessa que já sofreu preconceitos. Diz o texto:
Uma mulher negra, de 59 anos, que gosta de flores, poesia e acima de tudo luta e acredita na justiça, assim se descreve a cuiabana Marilza Lúcia Fortes, 59, terceira desembargadora a tomar posse no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. […]
Uma constatação dessa natureza divulgada justamente no Dia Internacional da Mulher é bem a propósito para mostrar o tratamento discriminatório sofrido pelas pessoas do sexo feminino.
Acresça-se a isso o fato de tratar-se de uma pessoa negra…
A propósito (fiquei pensando): – qual o número de juízas negras no nosso país, onde a metade da população é de negros e mulatos?
Talvez seja a magistrada MARILZA LÚCIA FORTES uma das poucas desembargadoras negras.
Quanto a juízas de 1ª instância seu número deve ser maior um pouco.
Nos Tribunais Superiores talvez não há nenhuma…
Estamos, assim, comemorando o Dia Internacional da Mulher com uma certa ingenuidade ou uma propositada hipocrisia …
Em vez de fazermos como aqueles que apresentam estatísticas mostrando os progressos realizados, mais necessário é mostrar o que ainda não foi feito, o que ainda não se pretende fazer a curto prazo.
Se ficarmos aguardando que tudo aconteça pela mera tendência inercial, acabaremos dando razão à ONU, que, em estudo realizado, calculou que a igualdade entre os gêneros acabará acontecendo daqui a 400 (quatrocentos) anos mais ou menos, caso não haja um investimento maciço nessa área.
Quantas outras MARILZAS aparecerão por esse Brasil afora?
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).