Convivendo com a diversidade
Maria Berenice Dias*
Em 1969, no dia 28 de junho, Nova Iorque serviu de palco a um confronto entre policiais e homossexuais, acontecimento que, pelas suas tristes conseqüências, acabou servindo de marco para a institucionalização do Dia do Orgulho Gay.
A busca pela cidadania, o combate ao preconceito e a tentativa de eliminar a discriminação levaram à formação de inúmeros grupos ativistas, que, cada vez mais, tentam mostrar que a liberdade e a igualdade são imperativos de um Estado Democrático de Direito.
A dificuldade da sociedade em conviver com os segmentos que não repetem nem reproduzem o modelo de vida aceito como “normal” leva a uma odiosa exclusão de todas as minorias, que são relegadas à margem da inserção social. Essa postura, que se revela como flagrante afronta aos direitos humanos fundamentais, acaba alimentando o que se chama de “os crimes de ódio”, perpetrados exclusivamente pelo afastamento do indivíduo do modelo aceito como politicamente correto.
Daí ser imperioso que a sociedade passe a ver e conviver com as diferenças. Quem não é igual não deve ter medo nem vergonha de assumir sua condição de vida. Assim, “sair do armário” é a forma mais fácil e rápida para a inserção de quem não escolheu ser diferente e não merece ser alvo do repúdio e da marginalidade.
Por isso, a Parada do Orgulho Gay, que, neste ano, na cidade de São Paulo, juntou mais de 2 milhões e meio de pessoas, foi uma festa de cidadania.
Não só gays, lésbicas, travestis, transexuais e drag queens coloriram a Avenida Paulista. Simpatizantes lá estavam para empenhar solidariedade e demonstrar simpatia.
Mais do que uma festa, foi um ato político, um momento cívico, que, com certeza, será um marco para uma mudança de mentalidade, uma maior e melhor aceitação de quem encontrou na homoafetividade o seu jeito de ser.
Imperioso que todos passem a conviver com a diversidade, com as diferentes formas de viver, pois imprescindível que a todos seja assegurado o direito de ser feliz.
* Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Vice-Presidente Nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM
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