JOSÉ HERMÓGENES DE ANDRADE, conhecido
como PROFESSOR HERMÓGENES, escreveu vários livros sobre Yoga, Medicina
Holística e temas assemelhados, sendo um deles o chamado “Convite à
Não-violência” (Nova Era, 2.000), onde destaca a personalidade e a conduta de
MOHANDAS GANDHI e fala sobre a Yoga como forma de superação da agressividade.
Todavia, peço aos
prezados Leitores licença para apresentar-lhes meu entendimento pessoal sobre a
questão da não-violência.
Parece-me que quando
optamos por uma profissão estamos revelando pelo menos parte da nossa
personalidade.
Os operadores do
Direito têm alguma semelhança com os militares no sentido de que são
combativos. Todavia, nós lutamos não com armas de ataque e defesa, mas sim com
a palavra escrita e a palavra falada. As injustiças nos incomodam e, se
acontecidas, tentamos fazer com que se restabeleçam as situações de prevalência
do Justo.
Temos, por essência,
uma tendência para a agressividade, devido ao nosso perfil lutador.
Todavia, sabemos que
a agressividade gera problemas físicos nos aparelhos digestivo, circulatório,
nervoso etc. Em suma, a agressividade é altamente nociva para o organismo. Isso
sem contar os prejuízos sociais, profissionais etc.
Aconselha-se aos operadores
do Direito a adoção de fórmulas de controle da própria agressividade. Cada um
costuma ter sua fórmula pessoal: uns procuram apoio na religiosidade, outros na
Arte, outros no Esporte, outros na Yoga etc.
O importante é que
haja uma forma de não jogarmos em cima das pessoas que dependem da nossa
atuação profissional os excessos característicos da nossa índole.
Quanto a mim,
encontrei alguns pontos de apoio, que têm-me sido úteis.
Através da Religião,
procuro enxergar nos jurisdicionados meus irmãos em humanidade, a quem devo
ajudar a solucionar seus problemas jurídicos.
Por meio da audição
de peças musicais tranqüilizadoras, procuro entrar em sintonia com a suavidade
que alguns compositores transmitem a seus ouvintes.
Com a prática regular
da corrida, ciclismo e caminhada elimino o possível excesso de tensão emocional
acumulada no contato com as questões forenses.
Na boa convivência
com minha esposa e minhas filhas encontro a motivação para lutar pelo nosso pão
de cada dia e nosso futuro, o que me amadurece e faz entender que todo mundo
tem problemas.
E, sem necessidade de
citações eruditas, concluo que não há um fator único para resolver a questão da
violência, mas há que se somarem vários fatores – todos importantes – para cada
um de nós adotar a não-violência.
O mais importante,
todavia, é querer viver bem e ajudar todos a também viverem bem.
Teorizar sobre o
assunto é muito difícil porque está muito fora da minha especialidade.
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Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).