Política

Política de Juros

Política de Juros

 

 

Ricardo Bergami*

 

 

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a taxa média de juros de mercado no Brasil varia conforme quadro demonstrativo abaixo:

 

Tipo de Operação

% ao ano

Cheque especial

174,8

Crédito pessoal

60,6

Aquisição de bens

41,1

Veículos

27,6

Outras

68,2

 

 

 

Não há nenhuma possibilidade de debater política de juro sem considerar o efeito devastador do depósito compulsório na formação da taxa juro de mercado.

 

Sendo o multiplicador de base médio em 2008 de 1,4258, ou seja: 70,13% dos recursos disponíveis foram esterilizados pelo Banco Central, através dos depósitos compulsórios, o juro mínimo de mercado médio em 2008 foi de 13,56% ao ano  x 3,3478 = 45,40% ao ano (3,1685% ao mês), não considerando outros custos, tais como: impostos, taxas e lucros dos bancos.

 

 

Porque o depósito compulsório é alto no Brasil? Para o Banco Central poder carregar R$ 499,6 bilhões da dívida da União em sua carteira, caso contrário teria que aumentar a base monetária com novas emissões.

 

Com base em dezembro de 2008 a dívida total (Interna e Externa) líquida da União era de R$ 1.896,6 bilhões (66,66% do PIB), sendo R$ 1.264,8 bilhões (44,46% do PIB) em poder do mercado; R$ 499,6 bilhões (17,56% do PIB) em poder do Banco Central e R$ 132,2 bilhões (4,64% do PIB), relativa à dívida externa.

 

Para efeito de raciocínio vamos considerar de forma hipotética que o juro básico no Brasil (Selic) fosse igual ao juro americano de ZERO e que a taxa média de aplicação fosse a atual de 12% ao ano, somente pelo efeito do depósito compulsório atual de 70,13% (de um depósito de R$ 100,00 somente resta ao banco para aplicação R$29,87) o banco teria que emprestar os restantes de R$ 29,87 a uma taxa de 40,17% ao ano para poder pagar uma aplicação de R$ 100,00 a taxa 12% ao ano, conforme fórmula abaixo demonstrada, sem considerar outros custos, tais como: impostos, taxas e lucros.

 

12% ao ano de R$ 100,00= 40,17% ao ano de R$ 29,87

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul..  Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMI, Ricardo. Política de Juros. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/politica-de-juros/ Acesso em: 26 abr. 2025