Política

O manicômio da concentração de renda no Brasil

O manicômio da concentração de renda no Brasil

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

“Mudanças respeitando os direitos adquiridos é o mesmo que fazer omelete sem quebrar ovos”. (Ricardo Bergamini)

 

 

 

Se há um tema no Brasil onde existe unanimidade: é o da concentração de renda. Nascemos ouvindo essa frase. Todos os organismos de publicações estatísticas, tanto os nacionais, quanto os internacionais, não deixam nenhuma dúvida sobre esse tema. Porém caberia uma única pergunta, não respondida até hoje: Quem é o responsável e gerador da tal concentração? Sem dúvida o “Estado Brasileiro” é o único e exclusivo responsável, como já abordamos em artigos anteriores que não caberia repetir.

 

Vamos abordar nesse artigo um dos mais gritantes e injustos geradores de concentração de renda existente no Brasil, qual seja: o manicômio dos gastos públicos com pessoal chapa-branca, tanto federal, estaduais e municipais, sendo que neste artigo iremos abordar apenas o federal, um dos mais organizados. Quanto aos estaduais e municipais sugiro aos leitores considerarem, pelo menos, dez vezes piores do que o que vamos abordar.

 

Antes de abordarmos o assunto na visão quantitativa macroeconômica devemos ressalvar que conhecemos todas as injustiças existentes entre os poderes (estudo completo solicitar ao autor), onde o salário médio do Executivo é de R$ 2.746,00; do Judiciário de R$ 5.449,00 e do Legislativo de R$ 6.102,00. Porém acreditamos que isso deveria ser um debate interno dos membros dos poderes através de suas representações de classes. No nosso caso pedimos a compressão dos injustiçados chapas-branca, mas somente vamos abordar o problema na ótica do contribuinte.

 

– O gasto total com pessoal  da União (diretos e indiretos) migrou de R$ 35,8 bilhões em 1994 para R$ 65,4 bilhões em 2001. Incremento de 82,68% em relação ao ano de 1994. Inflação no período pelo IPCA de 78,31%. Ganho real de 2,45%.

 

– Com base nos gastos até novembro de 2002 podemos projetar um custo total de R$ 74,5 bilhões para o ano de 2002. Incremento de 108,10% em relação ao ano de 1994. Inflação do IPCA no período de 99,71%. Ganho real de 4,20%. O contingente ficou na média de dois milhões de funcionários no período analisado.

 

– Considerando os três poderes da República, civis e militares, com base nos gastos até novembro de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal ativo do governo federal foi de R$ 3.404,23, sendo a média nacional dos trabalhadores formais nas atividades privadas de R$ 782,92 ou seja: 334,81,% menor;

 

– Considerando os três poderes da República, civis e militares, com base nos gastos até novembro de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal inativo (aposentadorias e pensões) foi de R$ 2.705,39, sendo a média per capita dos inativos das atividades privadas de R$ 360,00 mensais, 651,50% menor.

 

– O rendimento médio mês per capita com pessoal da União (diretos, indiretos,ativos, inativos, civis e militares), com base nos gastos até novembro de 2002 foi de R$ 3.050,83.

 

A Universidade Federal de Santa Catarina, considerando apenas o corpo docente com um salário médio em torno de R$ 8 mil mensais, ficou em greve remunerada do dia 05 de agosto de 2001 até o dia 12 de janeiro de 2002, exatos 160 dias recebendo salários religiosamente, sem um dia de atraso.

 

Para finalizar devo acrescentar que continuaremos ouvindo a cantilena dos chapas-branca, com todos os espaços dos meios de comunicação disponíveis, afirmando estarem durante oito anos sem aumentos de salários, com o silêncio e a conivência dos jornalistas e economistas, visto que 99% dessas duas categorias somente conseguem empregos em órgãos públicos. Nas empresas privadas terão empregos alternativos e inferiores.

 

 

NOTA: Estudo completo ler “Prestação de Contas do Governo FHC” disponível em nosso sítio abaixo mencionado

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.

 

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. O manicômio da concentração de renda no Brasil. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/manicomio-da-concentracao-de-renda-no-brasil/ Acesso em: 23 abr. 2025