FHC matou o Brasil
Ricardo Bergamini*
“Inflação aleija. Balanço de Pagamentos mata”. (Mário Henrique Simonsen)
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Em 21 de novembro de 1999 o “The New York Times” publicou o artigo abaixo resumido, o qual se comprovou na prática:
Segundo o economista-chefe do banco ING Barings, Arturo Porzecanski, acabou a lua-de-mel com o Brasil e com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Disse ele: “terminou o prazo em que o Brasil podia baixar juros sem pressionar a moeda, desvalorizar a moeda sem pressionar a inflação, ou impor medidas de austeridade sem conseqüências recessivas”.
Vejamos os indicadores deixados no período politicamente conturbado entre 1990 e 1994 com dois Presidentes da República (Collor e Itamar):
– Superávit da balança comercial de US$ 60,3 bilhões (2,70% do PIB);
– Necessidade de financiamento do balanço de pagamentos de US$ 86,9 bilhões (3,89% do PIB). Média ano de US$ 17,8 bilhões.
– Superávit do balanço de pagamentos da ordem de US$ 34,3 bilhões (1,53% do PIB).
– No conceito de liquidez internacional (inclui empréstimos ponte com o FMI) as reservas em dezembro de 1994 eram de US$ 38,8 bilhões (não havia dívida com o FMI).
– Gastos com viagens internacionais de US$ 2,6 bilhões. Média de US$ 0,5 bilhões ano.
Agora comparemos com o período FHC de Janeiro de 1995 a Novembro de 2002:
– Déficit da balança comercial de US$ 10,3 bilhões (0,20% do PIB).
No primeiro mandato do governo FHC (95/98) gerou déficit de US$ 23,5 bilhões. Recuperado em parte com a brutal desvalorização cambial de 60% ocorrida no ano de 2002. Assim mesmo até novembro de 2002 as exportações cresceram apenas 2,22% e as importações se reduziram em 18,95% em relação ao ano de 2001.
Como sabemos que do total de produtos manufaturados exportados pelo Brasil, 43,5% de seus componentes dependem de importações, conseqüentemente o ajuste gerado apenas pelo lado das importações inviabiliza qualquer tentativa de crescimento econômico.
Além disso, o mais importante para alavancar as exportações não é o valor do câmbio, mas sim as linhas de financiamentos internacionais (fechadas pelo alto risco de endividamento externo). O mundo somente importa com prazos de pagamento acima de 360 dias.
Além das agravantes mencionadas existe a barreira da elevada e criminosa carga tributária de 36% do PIB deixada pelo Sr. FHC. E como também sabemos: “Nenhum país do planeta consegue exportar impostos”.
– Necessidade de financiamento do balanço de pagamentos de US$ 400,7 bilhões (7,77% do PIB). Média ano de US$ 50,6 bilhões.
– Déficit no balanço de pagamentos de US$ 2,2 bilhões, tendo recebido no período recursos externos da ordem US$ 189,2 bilhões em investimentos líquidos.
– Gastos com viagens internacionais no primeiro mandato (95/98) foi de US$ 14,5 bilhões, média de US$ 3,6 bilhões ano, ou seja: 620% maior do que a média apurada no período de 90/94. A orgia dos gastos com viagens internacionais decorreu da farsa do real supervalorizado para garantir o segundo mandato de FHC. Com isso as conhecidas “Sacoleiras do Paraguai” migraram para “Sacoleiras de Miami e New York”.
– No conceito de liquidez internacional (inclui empréstimos ponte com o FMI) as reservas em dezembro de 1996 eram de US$ 60,1 bilhões (não havia dívida com o FMI). Em novembro de 2002 estavam em US$ 35,6 bilhões (com US$ 20,0 bilhões em dívidas com o FMI), ou seja: as reservas ajustadas eram de apenas US$ 15,6 bilhões. Redução de 285,26% em relação ao ano de 1996, e 148,7% menor do que a existente em 1994.
Para finalizar cabe ressaltar que o Sr. FHC entrega o Brasil com uma crise cambial sem precedentes em nossa história econômica.
Somente os ignorantes no assunto ora colocados terão propostas fáceis, para um problema da mais alta gravidade, como temos ouvido constantemente dos governantes, tanto dos que estão saindo, quanto dos que estão entrando.
26/12/02
* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.
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