Política

Desinteresse Eleitoral, Analfabetismo Político e Liberalização do voto.


O
Brasil vive um momento de grandes reflexões e também de decepções no plano
político. Em pesquisa realizada há alguns anos, o IBOPE/CNI e publicado pela
Folha de São Paulo revelava que 56% das pessoas entrevistadas, diziam que não
estavam interessadas nas eleições que elegeriam prefeitos e vereadores. Esse
desinteresse revelado há mais de oito anos, aumentou muito nos dias atuais, em
virtude das denúncias de corrupção, escândalos políticos e desmoralização da
classe política como todo, guardadas as devidas proporções.

Por
que o eleitor e os Partidos Políticos são frágeis? A resposta está na omissão
ou não participação em movimentos em prol da cidadania. Falta ousadia e mais
coragem ao eleitor. As críticas são interessantes e necessárias quando ajudam a
construir caminhos. Mas ainda são milhões os analfabetos políticos.

A
fragilidade do eleitor está em não participar de movimentos, não criticar,
gritar, falar e não ouvir os que clamam por justiça. Quando os custos dos
alimentos, dos aluguéis e dos remédios aumentam, todos se calam. Este silêncio
é fruto da fragilidade, da omissão e do analfabetismo político. Foi se o tempo
em que nos ensinaram que religião, futebol e política não eram temas para
discussão. Mas, ao contrário, na vida em sociedade tudo deve ser discutido,
diariamente e em todos os movimentos sociais. A ignorância política e a omissão
fazem surgir miséria, dificuldades sociais, imbecilidades, prostituição
infantil, criminalidades, tráfico, políticos malandros e exploradores do povo.

O
desinteresse do povo pode ser explicado pela desmoralização de muitas casas
legislativas, quer em Municipais, Estados e em alguns segmentos do Congresso
Nacional. Obviamente, devem ser respeitadas as proporções, uma vez que há gente
correta e honesta. O abuso de poder, mordomias, politiquice e incapacidade
moral e intelectual por parte da maioria absoluta daqueles que representam o
poder legislativo, desanimam alguns e servem como maus exemplos a outros. A
desmoralização dos legislativos está a pedir mudanças profundas. Os governos
têm preservado as imoralidades políticas. Mas, é possível mudar? Sim, desde que
haja reformas político eleitorais, além de mudanças nos estatutos partidários e
outras como a seguir: implantação do
voto distrital, do regime parlamentarista, tornar o voto não obrigatório,
modificar completamente as campanhas eleitorais, permitir que os candidatos
gastem nas campanhas quanto quiserem, mas somente poderão utilizar o radio, a
televisão e visitas eleitorais, proibindo tudo o mais.

Os
Partidos Políticos que não cumprirem os seus programas deverão ser eliminados,
ter os seus registros cassados e proibidos de disputarem eleições. É necessário
criar uma cultura e aprender a votar na legenda e não nos candidatos. A
Fidelidade partidária tornou-se uma necessidade, pois a infidelidade partidária
é uma aberração. O troca-troca de partidos não pode continuar. Quem quiser sair
do partido pelo qual foi eleito, saia com o que é seu e não com o que é dos
outros. Melhor explicando: para que alguém seja eleito, é necessário que os
votos de todos os demais candidatos daquele partido se somem. Logo, para que
alguém seja eleito, teve que contar com os votos de todos os candidatos da sua
chapa. Assim, é eleito, depois trai todos os demais companheiros de partido, de
chapa e os eleitores que nele votaram. Isso é de fato um estelionato eleitoral
e político, um estelionato político partidário. Impõe-se acabar com esse
absurdo que nada tem de democrático. Devemos ensinar o povo, os eleitores e mostrar-lhe
aspectos da legislação partidária, da Constituição Federal da República e
tornar obrigatória uma disciplina das Escolas de Primeiro e Segundo Graus:
Política Eleitoral, Partidária e Ciência Política.

Nada
é impossível de se mudar, conforme afirmava Bertold Brecht: “Desconfiai
do mais trivial e na aparência singela. E examinai, sobretudo, o que parece
habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa
natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de
arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer
natural e nada deve parecer impossível de mudar. Privatizaram sua vida, seu
trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu
passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar
o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só a humanidade pertence
”.


esperança? Sim! Devemos preparar e estimular a nossa juventude para que procure
conhecer política, políticos, ciência política com “P” maiúsculo e, aos poucos
devemos ir eliminando os maus políticos. Faça um exame de consciência e perceba
se você também errou ao votar. É hora de mudanças. Ligue a cobrar para o
Congresso Nacional, envie fax, telegramas, e-mails, cartas e faça abaixo
assinado. Devemos insistir para que se criem mecanismos para que o povo possa
através de Assembléias Populares, “tirar” os mandatos dos bandidos, ladrões e
corruptos que são verdadeiros lobos travestidos de cordeiros. Dá o voto tem o
direito de revogá-lo se não for correspondido. Cuidado! Lembre-se da música
cantada por Zeca Pagodinho que se denomina “Comunidade Carente”. “Nós somos uma
comunidade carente, lá ninguém liga pra gente. Nós vivemos muito mal. Mas, este
ano nós estamos reunidos, se algum candidato atrevido for fazer promessas vai
levar um pau”. Chega de blá-blá-blá em cada eleição. A comunidade já não tem
mais “saco” para agüentar malandros. Mude a política, para que esta mude as
nossas vidas.

Como citar e referenciar este artigo:
D´CÂMARA, Olavo A. Arruda. Desinteresse Eleitoral, Analfabetismo Político e Liberalização do voto.. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/desinteresse-eleitoral-analfabetismo-politico-e-liberalizacao-do-voto-2/ Acesso em: 30 abr. 2024