Política

Acordo Militar Brasil-EUA

Acordo Militar Brasil-EUA

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

Acredito ser o atual momento da vida brasileira, um dos mais ricos períodos da história republicana, visto que, pela primeira vez, devido à imposição pública e direta, pelos donos do mundo, para que o Brasil assine o referido acordo, o governo brasileiro terá que decidir o destino da nação brasileira de forma inequívoca, e sem subterfúgio, comprometendo de forma irremediável nosso futuro como nação, pelo menos, para os próximos cem anos. Poderíamos afirmar que estaremos vivendo, nos próximos meses, momentos gloriosos de nossa história política, e sem precedentes, visto que estaremos definindo nosso destino como: “Nação Soberana ou Colônia”

 

Caso o Brasil assine o referido acordo, estaremos assinando de forma cabal e inconteste nossa literal capitulação como Nação Soberana. Não poderemos mais mentirmos à nós mesmos, iremos mostrar ao mundo nossa verdadeira face, sem rodeios. E, o mais degradante, e até vergonhoso, no processo de colonização, é que, ao Brasil, o gigante da América do Sul estará reservado apenas um simples papel secundário e humilhante de coadjuvante, e de total submissão, inclusive em relação aos países da região, visto já ter sido reservado à Argentina, o papel de Colônia Líder da Região, conforme podemos comprovar, com base nos principais trechos dos discursos abaixo reproduzidos, proferidos nos EUA, quando da visita do ex-presidente Menen, em janeiro de 1999:

 

Washington- Visita de Menen ao Presidente Bill Clinton

 

Os principais trechos dos discursos de Menen

 

Estou seguro, seguiremos trabalhando juntos na promoção da igualdade dos seres humanos em qualquer parte do mundo e na grandeza de nossos povos.

 

O Presidente Menen destacou o excelente relacionamento entre Buenos Aires e Washington enfatizando existirem poucos pontos divergentes.

 

Os principais trechos do discurso de Clinton

 

Clinton destacou ter sido a Argentina de Menen, o país que tomou a dianteira e liderança na América Latina para promover políticas econômicas sábias que ajudaram à restabelecer a confiança dos mercados abertos.

 

A Argentina e os EUA contribuíram nas soluções difíceis dos problemas vividos pelo Peru e Equador. Afirmando estar a América Latina vivendo um hemisfério de paz, sem conflitos internacionais.

 

A Argentina favorece e colabora na pronta normalização das relações com Havana para promover a democracia da ilha.

 

A Argentina selará um acordo de proteção de informações militares entre as forças armadas de ambos países e, um outro acordo com o FBI para reforçar no combate contra o terrorismo internacional existente na fronteira do Brasil e do Paraguai.

 

Em outra reunião com a presença do secretário do Tesouro Americano Robert Rubin irão analisar, em conjunto, a situação do Brasil.

 

Washington – Argentina e EUA concluem acordo de defesa

 

O chefe do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Henry Sheltom, disse que um dos acordos se relaciona à transferência de informações militares secretas e, outro autoriza apoio logístico às operações de paz na Argentina.

 

O presidente Clinton afirmou ser à Argentina um aliado preferencial junto a “OTAN”, por sua constante contribuição nas operações de paz das Nações Unidas no Haiti, Guatemala, Bósnia e até no Golfo Pérsico. Com isso, obtém preferência para acesso às informações confidenciais militares e aquisição de equipamentos militares avançados.

 

Ao receber Menen na Casa Branca, o presidente Clinton disse que os Estados Unidos “estavam particularmente agradecidos pela liderança e contribuição argentina na manutenção da paz mundial”.

 

Fim dos discursos

 

Acompanhando o movimento político da América Latina vemos, infelizmente, seu maior país sempre ajoelhado e pedindo esmola, apenas por nossa maldita tradição histórica em sempre querermos misturar “desejo com realidade”.

 

Tudo acontece por sermos uma nação sem identidade própria, com isso os atores políticos são sempre içados à cargos para os quais não estão devidamente preparados, em função de uma legislação eleitoral míope e corruptora.

 

A conjuntura política de um país é sempre um “momento” de seu desenvolvimento cinético, um elo da cadeia lógica de diversos eventos ao longo do tempo histórico, jamais uma situação nova, original. Não há situações políticas e sociais originais. Por menos que o desejem os anti-históricos e aqueles que sempre afirmam superado o historicismo – uma das maiores revoluções espirituais, no conceito de Friedrich Meinecke – é que o futuro está ligado ao presente como este ao passado, pela linha cinética dos acontecimentos históricos, numa inexorável seqüência lógica.

 

No Brasil, a era republicana que vivemos, oriunda, por sua vez, da monarquia, que foi sempre fortemente dominada pela politicagem profissional, a conjuntura teria que desembocar na situação grave e aparentemente abstrusa, porém clara para quem a estuda, e será completada em muito menos tempo do que muita gente possa perceber.

 

 

Florianópolis, 06 de Julho de 2000

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.

 

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. Acordo Militar Brasil-EUA. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/acordo-militar-brasil-eua/ Acesso em: 18 mai. 2024