A maldição do Brasil
Ricardo Bergamini*
“Povo que não respeita seu passado e sua história, não é digno de futuro”
Para os amantes da história política e econômica do Brasil, não terão nenhum problema em concordarem com a frase acima. Haja vista que, qualquer texto escrito no passado, demonstram cabalmente, e repetitivamente, as mesmas mazelas para nossas aflições atuais, ou seja, somos, e temos que aceitar para mudar. Um povo que mistura desejos com realidade, sempre desprezando números, demonstrativos, cálculos e medidas, e principalmente controles. Todas as políticas de governantes brasileiros, sem exceções, em qualquer período de nossa história praticam ações sem compromissos com a realidade brasileira. O maior exemplo, que por si só confirma nossa opinião, é o de jamais algum governante brasileiro ter colocado em suas propostas de governo a desvinculação do Banco Central do Brasil da subordinação direta do Poder Executivo, essa, e somente essa decisão, já resolveria noventa por cento dos infinitos e repetitivos problemas brasileiro, evitando com isso que o Banco Central Brasil carregassem ilegalmente uma dívida do governo federal, não absorvida pelo mercado financeiro, de um montante da ordem de R$ 130,6 bilhões, a qual no futuro se transformará nos famosos créditos podres, pura invenção brasileira.
Um outro grande exemplo de nossa mesmice eterna, é o Brasil, após 500 anos de vida, ainda ter 64% do seu território composto pelas regiões norte e centro-oeste habitados por apenas 14% de sua população, enquanto a parte restante delimitada pela Capitanias Hereditárias do início de nossa história, representando 36% do território brasileiro, sendo habitada por 86% do população brasileira. Apesar desta distorção gritante, inimaginável em qualquer país do planeta, continuamos nos afundando eternamente na mesma premissa míope, ao verificarmos que da dívida dos Estados e Municípios com a União no total de R$ 258,2 bilhões, coube à São Paulo abocanhar um total de R$ 97,6 bilhões (37,80%) desse socorro financeiro. Quando incluímos os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, os cinco juntos, abocanharam R$ 187,3 bilhões (72,53%) do socorro financeiro. Tecnicamente podemos afirmar que, os demais 22 Estados mais pobres do Brasil estão financiando os cinco estados mais ricos da federação.
Quanto ao colocado no parágrafo acima, temos à acrescentar aos estúpidos e imbecis simpatizantes de correntes separatistas que para os 22 estados mais pobres da federação a separação seria uma grande solução para alavancarem os seus desenvolvimentos, livrando-se da concentração do poderes exercidos pelos cinco estados mais ricos da federação. Sendo assim, os maiores perdedores desse tese seriam os cinco estados mais ricos, por serem mais ricos têm a capacidade e o direito de obterem mais empréstimo, muitos dirão. Concordo plenamente, mas não com os recursos subsidiados pela União, somente com recursos obtidos no mercado financeiro, através dos bancos privados.
Outro ponto que caberia acrescentar elementos de reflexão, seria quanto ao debate histérico sobre soberania nacional, quando sabemos que a única e exclusiva forma técnica de garantir nossa soberania territorial seria através da presença de nosso povo nesses espaços de terreno baldio do Brasil. Nossas Forças Armadas sozinhas, por mais bem equipadas que fossem, jamais teriam êxito nessa tarefa, pior ainda, quando sabemos estarem sendo sucateadas pelo projeto de governo do Sr. FHC, praticamente em processo de extinção como forças regulares, cujo projeto final será como forças auxiliares das Forças Armadas Mundial lideradas pelo Estados Unidos e Inglaterra. As nossas serão apenas escoteiros do ar, do mar e da terra.
Sempre que tenho oportunidade da palavra, em conferências e palestras, costumo dizer que, se apenas 10% da nossa elite econômica, política, intelectual e militar tivessem verdadeiramente interesse em conhecerem o desastre das nossas contas nacionais, pós governo FHC, o mesmo cairia em 30 dias. Mas como já dissemos, por deformação cultural, o país somente se alimenta e vive da retórica e das denúncias em todos os nossos campos de atividade, sempre com a nossa máxima de que “O futuro a Deus pertence”. E confesso não ter nenhuma pretensão em tentar mudar tal comportamento suicida e sociopata da nossa doentia sociedade, sabedor que sou de várias tentativas de homens muito mais brilhantes, tais como: professores Eugênio Gudin, Mário Henrique Simonsen e Roberto Campos, e todos, sem exceção, foram derrotados.
Veja um breve resumo das contas da União
* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.
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